quarta-feira, 24 de julho de 2013

FOZ

Estou onde o linho amassado pano
cobre as exigências com que o cargo
escondido e tosco fala: alado tempo
em que sentimentos guardam sentidos
e palavras em máquinas transitam
corredores longos - escura hora do véu
sobre a face - a partir da aurora ao amanhecido
espelho de rubros beijos despejados em dardos
e dedos em riste anunciam o impublicável

tenho nas mãos o que resta da hora
                                                 - pouco -
águas levam o resto do rosto limpo
e a toalha enchacarda dos meus gestos

suave fruição com que abro a porta
e seus passos soam o tanto da desgraça
e suas roupas amarrotadas contam os dias
com que respondo cada vez que sua voz
- de onde ou sempre - se faz lembrança e foz.

(Pedro Du Bois, Das Distâncias Permanentes)

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