quarta-feira, 20 de junho de 2012

HOJE

Hoje, tempo obscuro, nada além
de traje de banho: a lama
rejuvenesce a face e alisa
a pele endurecida pela idade.
Não torna eterna a feição da fera,
nem faz da continuidade a época
na realização eficaz da peste.
Hoje, tempo obscuro, fechado
à frutificação da espécie,
nada use além da espera dissoluta
da plateia embevecida pela estrela
menor de camarins feéricos: palcos.
Tempos obscuros, templos inseguros
para a idade: nada além da estratégia
de ser o rei da pantomina e o irregular
esteta. Hoje, tempo obscuro, para a mão
que talha em pedra o destino.

(Pedro Du Bois, inédito)

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