sábado, 14 de abril de 2012

OUVE

Ouve, sou o som anterior,
o refrigerador arrefecido
na temperatura ambiente,
o fogão cozido no estrago.

No estrado o pé faz
o passo no voo do pássaro.

Ouve em mim o antiverso
das palavras: a sagração da hora
na repetição do grito das crianças
no linguajar dos entendimentos.

O rádio ligado na canção rouquenha.

Ouve em mim o estalar dos ossos.

Maneira de me fazer átono,
de me dizer átimo, de me ouvir
em último recado.

(Pedro Du Bois, inédito)

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