quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

SER

Não sou do dia passado
o futuro. Nem me apresento
em imagem anunciada: o vento
fala sua passagem e o cão late
a escuridão. Outros animais
silenciam em defesa e o indefeso
homem se lamenta. Não oponho
resistência ao encontro. Nem me faço
o forte oposto ao ataque: sofro
a consequência de ser estático
entre rápidos cidadãos. Tenho
nos olhos a imagem derradeira
da infância e o barulho do trem
indo embora ensurdece os sentidos.
Não me digo conivente e cumprimento
sorrindo cada um dos convidados.

(Pedro Du Bois, inédito)

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