quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

EXATO

Sou a forma exata
da correção formada
na deformação

repilo o incidente
e jogo pela janela
o pássaro desalmado
que invade o quarto

atrapalho o sistema
na elucidação da fala
e digo o que bem entendo

sinto sobre a face o vento
vindo de lá sei onde
porque não assisto
à previsão do tempo

sou a forma exata
na forma afirmativa
da desinformação

repito o ocidente
em viagens intercaladas
aos montes pascais

aproximo incidentes
na consequência
de ensimesmadas paixões
e me faço tolo
de aonde for e vier

sensibilizo o tema
entregue no capítulo
posterior da entrega
e da revelação

sou a forma exata
na afirmação erétil
do projeto canibalesco
da antropofagia

revejo a consciência
mnemônica no tanto
que ouço falar
em sangues e punhais

aliso a fronte em sensações
abatidas dos cansaços
decorrentes do andar

sereno o ânimo do profeta
e alerto o passado
reaberto em inquisições
do que está acertado

sou a forma exata
aproximada ao ato
no embalar a criança
recém nascida
no beço adormecido
de quem sempre faz

remexo em vespas
ao relento
no ferrão instalado
ao me fazer soldado
orador e pai

avivo a pedra
extraída ao veio
cristalizado em tempos
imemoriais

seleciono na companhia
o gesto com que gesto
a fama de mau rapaz

sou a forma exata
na inexatidão do instante
perpetuado ao início.

(Pedro Du Bois, inédito)

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