terça-feira, 29 de novembro de 2011

EM BRANCO

Apago na folha a confissão inodora
do planeta: azul, disse o astronauta,
e no espaço espalho dizeres
inconsistentes - discursos alheios
à paz exterior dos corpos - confiados
aos segredos. Avio a receita e descubro
doenças no corpo disposto ao leito: dói
em doenças inerentes aos amantes.

A folha em branco é morte sobredita
em vírgula desconsiderada, altares
opostos aos deuses em dizeres
transeuntes: ao povo incrédulo
cabem preces e seguir adiante
sem hora para o regresso: estanque
predito como espera e esperança.

Reescrevo o texto exemplificando
a cólera dos passantes: palavras
sobrepostas (antepostas) no coro
da tristeza. Leio o escrito ao povo
do lugar no silêncio solerte do cansaço.

(Pedro Du Bois, inédito)

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