Sendo revistado
o homem comum
se acostuma
tornado incomum
incorpora a brutalidade
da revista
revista sua vítima
com a mesma
habilidade brutal.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
domingo, 27 de janeiro de 2019
QUANDO
Quando percebe
resquícios de bondade
escárnio
quando presente
fundamentos éticos
deboche
quando recebe
sentidos de esperança
escarra
quando a morte se aproxima
(sua morte)
exige receber tratamento
ser curado e confortado.
(Pedro Du Bois, inédito)
resquícios de bondade
escárnio
quando presente
fundamentos éticos
deboche
quando recebe
sentidos de esperança
escarra
quando a morte se aproxima
(sua morte)
exige receber tratamento
ser curado e confortado.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
CARTILHA
Lutar quando preciso
discutir e debater assuntos
que sejam importantes
não descuidar da aparência
nem engordar o corpo
evitar excessos
não ser a exceção à regra
nem a premissa menor do aforismo
lutar quando necessário
ser preciso na resposta
rápido no revide
não obscurecer o tempo
nem clarear enganos.
(Pedro Du Bois, inédito)
discutir e debater assuntos
que sejam importantes
não descuidar da aparência
nem engordar o corpo
evitar excessos
não ser a exceção à regra
nem a premissa menor do aforismo
lutar quando necessário
ser preciso na resposta
rápido no revide
não obscurecer o tempo
nem clarear enganos.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
BREVE
Breve
tempo em que discordâncias
são apenas rápidos mal estares
diminutas angústias
ao escolher a comida
ao escolher o produto
ao escolher propagandas
ao escolher a bebida
ao escolher a vida
ao escolher o programa
breve
tempo
de concordâncias.
(Pedro Du Bois, inédito)
tempo em que discordâncias
são apenas rápidos mal estares
diminutas angústias
ao escolher a comida
ao escolher o produto
ao escolher propagandas
ao escolher a bebida
ao escolher a vida
ao escolher o programa
breve
tempo
de concordâncias.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
NEGÓCIOS
Do que não entendo:
sobrevida
ideias
perspectivas
transformadas
em negócios
ditas de forma suave
(uma nota abaixo)
em todas as pautas
fôssemos trôpegas figuras
estáticas.
(Pedro Du Bois, inédito)
sobrevida
ideias
perspectivas
transformadas
em negócios
ditas de forma suave
(uma nota abaixo)
em todas as pautas
fôssemos trôpegas figuras
estáticas.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 18 de janeiro de 2019
DESERTOS
Mente
deserta
árida
arisca
arrisca
aborrecida
no corpo
que se apresenta
estéril
não adianta a música
o canto
o conto
o que houver
alma e corpo
secos de paixão
desertos.
(Pedro Du Bois, inédito)
deserta
árida
arisca
arrisca
aborrecida
no corpo
que se apresenta
estéril
não adianta a música
o canto
o conto
o que houver
alma e corpo
secos de paixão
desertos.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
MISTÉRIOS
Nada disseram aos pais
quando saíram de casa
sabiam do mundo
e outras casas
nada disseram os pais
quando saíram da casa
sabiam que os fundos
seriam suas novas casas
nos mundos e fundos
de dizeres e quereres
se deixaram consumir
em suas casas
os pais sabiam
não haver retorno.
(Pedro Du Bois, inédito)
quando saíram de casa
sabiam do mundo
e outras casas
nada disseram os pais
quando saíram da casa
sabiam que os fundos
seriam suas novas casas
nos mundos e fundos
de dizeres e quereres
se deixaram consumir
em suas casas
os pais sabiam
não haver retorno.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
VAZIO
Cadeira vazia
suprisse a presença
de quem não veio
assegurasse a cadeira
a presença
ou inibisse
a lembrança
mas está vazia
fazendo companhia
acompanhando a solidão.
(Pedro Du Bois, inédito)
suprisse a presença
de quem não veio
assegurasse a cadeira
a presença
ou inibisse
a lembrança
mas está vazia
fazendo companhia
acompanhando a solidão.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 13 de janeiro de 2019
MENTIRAS
Sei que estavam presentes
e o que viram
como pensaram acontecer
o que sonharam
ter acontecido
o que mentiram
no medo repetido
o que sentirão
pelo acontecido
na razão e momentos
perdidos em mentiras.
(Pedro Du Bois, inédito)
e o que viram
como pensaram acontecer
o que sonharam
ter acontecido
o que mentiram
no medo repetido
o que sentirão
pelo acontecido
na razão e momentos
perdidos em mentiras.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
Jornal O Nacional - Passo Fundo - RS

Os Du Bois
Sexta-Feira, 11/01/2019 às 06:00, por Gilberto Cunha
Tânia e Pedro Du Bois, apesar de radicados em Balneário Camboriú, SC, têm vivenciado, como poucos, a cena literária em Passo Fundo,nos últimos anos. São assíduos frequentadores das Jornadas Nacionais de Literatura, das Feiras do Livro, geralmente com lançamento de obras, dos eventos que ocorrem na Academia Passo-Fundense de Letras e são colaboradores do Projeto Passo Fundo de Apoio à Cultura. Mas, não obstante tudo isso, exceto pelos familiares e alguns amigos dos tempos que a cidade ainda era uma aldeia e pelos frequentadores desses mesmos circuitos culturais passo-fundenses, talvez, esse casal de escritores e sua obra não sejam tão conhecidos assim (não no nível que merecem). Então, me permitam apresenta-los.
Pedro Du Bois,ex-bancário, poeta e contista, nasceu em Passo Fundo e descobriu, no alvorecer do século XXI (em 2001), que escrever seria o seu destino. Escritor prolífico, foi vencedor, em 2005, na categoria poesia, do 4º Prêmio Literário Livraria Asabeça, com o livro “Os objetos e as Coisas”. No rol dos seus muitos títulos, à guisa de exemplo, elencamos:A casa das gaiolas (2005), Via rápida (2012), O senhor das estátuas (2013),O descrédito e o vazio (2014), Tânia (2015), Coleção de palavras (2017) e Imagem & Reflexo (2018).
Tânia Du Bois é natural de Sarandi. Formada em Pedagogia, tem se destacado como organizadora e revisora de textos, capista de livros e cronista da poesia do cotidiano. Qualificam-na como cronista de escol, os livros Amantes nas entrelinhas (2013), O exercício das vozes (2014), Autópsia do invisível (2015), O eco dos objetos: cabides da memória (2016), Vidas desamarradas (2017) e Eles em diferentes dias (2018).
Da vasta produção poética de Pedro Du Bois, escolhi, para compartilhar com os leitores dessa coluna, os versos do poema (Des)Importâncias (do livro Imagem & Reflexo. Passo Fundo, 2018. p. 11.): “Com relativa importância/legamos conhecimento/ao futuro//Impávidos descendentes/dos deuses/da ciência/e da nossa verdade//na relativa (des)importância/insetos seguem/voando ao redor das luzes/onde se multiplicam/sem vaidades//utilitários ascendentes/transferem aos novo/o necessário para a vida”. E, em meio à diversidade das crônicas de Tânia Du Bois, selecionei um excerto de Segredos de liquidificador (do livro O eco dos objetos: cabides da memória. Passo Fundo, 2016. p. 28-29.): “Se a poesia é instrumento da alma, não a posso deixar no silêncio que grita por espaço na literatura. Aí, de fato, digo que depende do modo como leio a poesia ou ouço a música; participo, vivencio momentos de emoção que despertam a minha atenção para se transformar em magia. (...) Muitas vezes me descubro moldada para escutar o som barulhento do dia a dia, onde leio o manual de sobrevivência e nada me acontece, sobrando apenas o som do liquidificador, sem segredos”.
Na 32ª edição da Feira do Livro de Passo Fundo, em 2018, Tânia e Pedro foram protagonistas de um episódio inusitado,que teve a participação do escritor, poeta, publicitário e, não por acaso, patrono do evento, Luiz Coronel.Entre as características do casal Du Bois, sobressai-se, depois do talento para a escrita, a generosidade em presentear escritores e amigos com os livros que publicam. Na lista dos que costumeiramente recebem os livros do casal Du Bois, especialmente os assinados pela Tânia, consta o nome de Luiz Coronel. Eis que, diante da presença do escritor na Capital Nacional da Literatura,os Du Bois, logo após a cerimônia de abertura da Feira do Livro, decidem cumprimentar o ilustre patrono. Tânia, como de costume, toma a dianteira. Aproximam-se do escritor e, antes que consigam falar qualquer coisa, Luiz Coronel abre um sorriso e diz: - Oi Tânia, como vai? E, segundos depois, dirigindo o olhar para Pedro, complementa: - Você deve ser o Paulinho. Tudo bem? Mestre, esse Coronel! Gênio da raça! Passado o acontecimento, há quem diga que Tânia Du Bois, até hoje, não caminha, apenas flutua a um palmo acima do chão, nos passeios matinais pela Avenida Atlântica em Balneário Camboriú.
QUIMERAS
Pudera
burros n'água
quisera
noves fora
sonhara
nada feito
rendição incondicional.
(Pedro Du Bois, inédito)
burros n'água
quisera
noves fora
sonhara
nada feito
rendição incondicional.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
DESCONEXOS
Apenas repasso a revista
em fotos clichês e notas curtas
pelo título e fotografias
fujo das reportagens
repasso as peças
de publicidade e propaganda
por vezes as encontro
como matéria paga
espio os colunistas e desisto
na primeira frase: repetidos
todas as semanas e para
sempre: são aquilo
desde o primeiro texto
minha vista cansa e nada avista
além de predições
especulações
e o passado
em amarrotadas
palavras desconexas.
(Pedro Du Bois, inédito)
em fotos clichês e notas curtas
pelo título e fotografias
fujo das reportagens
repasso as peças
de publicidade e propaganda
por vezes as encontro
como matéria paga
espio os colunistas e desisto
na primeira frase: repetidos
todas as semanas e para
sempre: são aquilo
desde o primeiro texto
minha vista cansa e nada avista
além de predições
especulações
e o passado
em amarrotadas
palavras desconexas.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 7 de janeiro de 2019
LÂMINA
Na lâmina
retórica
tercemos armas
empurrando a vida
goela abaixo
por instantes
esquecemos a lâmina
suspensa
pensamos momentos
felizes antes da derrota
e como nos comportaremos
depois a lâmina
segue o grito
e o discurso
se esvai.
(Pedro Du Bois, inédito)
retórica
tercemos armas
empurrando a vida
goela abaixo
por instantes
esquecemos a lâmina
suspensa
pensamos momentos
felizes antes da derrota
e como nos comportaremos
depois a lâmina
segue o grito
e o discurso
se esvai.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 5 de janeiro de 2019
CRESPÚSCULO
Apenas no crepúsculo
a indicação segura
ontem
hoje
amanhã
as cores invadem o espaço
trespassam a hora
escondem a noite
em alguns minutos
nossa natureza espera
encontrar nas nuvens
outros mistérios
encontramos os dias
que se repetem.
(Pedro Du Bois, inédito)
a indicação segura
ontem
hoje
amanhã
as cores invadem o espaço
trespassam a hora
escondem a noite
em alguns minutos
nossa natureza espera
encontrar nas nuvens
outros mistérios
encontramos os dias
que se repetem.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
quinta-feira, 3 de janeiro de 2019
ACRE-DOCE
O que da doce
vida
amarga
no que não faz
e não permite fazer
amargura
na vida enclausurada
em outros doces
espíritos
amargos
em doces vidas.
(Pedro Du Bois, inédito)
vida
amarga
no que não faz
e não permite fazer
amargura
na vida enclausurada
em outros doces
espíritos
amargos
em doces vidas.
(Pedro Du Bois, inédito)