Trata com displicência o futuro
afinal: esqueceu o passado
e nada sabe sobre o presente
devia estar atento:
revolvido as verdades
sem o amargor da vida
estar aceso nos atos diários
embevecido pela presença
estará ciente dos perigos
em atos e verdades
engolidos em embevecida
e cética presença.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 30 de agosto de 2018
terça-feira, 28 de agosto de 2018
ESCONDERIJOS
Ao recortar o pano
sabe o que surgirá
ao retomar o corpo
sabe como prosseguir
ao retocar o rosto
sabe o que surgirá
ao arremeter o carro
sabe como prosseguir
ao fazer a volta
retornar ao ponto de partida
enviesar por outra rota
retocar os fatos
sabe
surgir e prosseguir
em novas instâncias:
onde se esconder.
(Pedro Du Bois, inédito)
sabe o que surgirá
ao retomar o corpo
sabe como prosseguir
ao retocar o rosto
sabe o que surgirá
ao arremeter o carro
sabe como prosseguir
ao fazer a volta
retornar ao ponto de partida
enviesar por outra rota
retocar os fatos
sabe
surgir e prosseguir
em novas instâncias:
onde se esconder.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
domingo, 26 de agosto de 2018
PERDER
A família utiliza
subterfúgios
fugindo do caráter
utilitário
com que empresta a praça
trabalhada
em prol do lucro unitário
esboroada
dos sentimentos
esquecida
da felicidade juvenil
desdobrada
em pesos sobre o corpo
etérea
mente livre de todo o mal.
(Pedro Du Bois, inédito)
subterfúgios
fugindo do caráter
utilitário
com que empresta a praça
trabalhada
em prol do lucro unitário
esboroada
dos sentimentos
esquecida
da felicidade juvenil
desdobrada
em pesos sobre o corpo
etérea
mente livre de todo o mal.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 24 de agosto de 2018
REENCONTROS
Reencontro amigos de tantas horas.
Conversamos sobre os aspectos
da vida postos sobre a mesa
na hora do derradeiro vinho
avinagrado pelo espírito
rebuscado na juventude
na exteriorização do não dito
na hora da separação
desencontros impermeáveis
aos ressentires distanciados
do grito escondido no silêncio
nossas meninas amadurecidas
envelhecem imagens guardadas
em faces esquecidas: mãos
se recusam aos adeuses.
(Pedro Du Bois, inédito)
Conversamos sobre os aspectos
da vida postos sobre a mesa
na hora do derradeiro vinho
avinagrado pelo espírito
rebuscado na juventude
na exteriorização do não dito
na hora da separação
desencontros impermeáveis
aos ressentires distanciados
do grito escondido no silêncio
nossas meninas amadurecidas
envelhecem imagens guardadas
em faces esquecidas: mãos
se recusam aos adeuses.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
LUZES
Sente a luz sobre o rosto
disfarça
não pode mostrar o sentido
escondido
sob a carapaça fria de defesa
demonstrada
entre os panos da cama
macia
apresentada
fosse a luz sobre o rosto
iluminado
para fugir ao corpo
que se apresenta como nuvem
fugidia.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
REPETIR
No escuro da noite
o barulho do relógio
sistematiza a angústia
em metálica cadência
aguardo o amanhecer
de nova jornada
entre frias paredes
em angustiante sentido
de que tudo permanece
olhos espreitam o escuro
e nada encontram
para amparo e alívio
do corpo e espírito
em dias e noites
que se repetem.
(Pedro Du Bois, inédito)
o barulho do relógio
sistematiza a angústia
em metálica cadência
aguardo o amanhecer
de nova jornada
entre frias paredes
em angustiante sentido
de que tudo permanece
olhos espreitam o escuro
e nada encontram
para amparo e alívio
do corpo e espírito
em dias e noites
que se repetem.
(Pedro Du Bois, inédito)
DU BOIS - IMAGEM & REFLEXO
DU
BOIS – IMAGEM & REFLEXO – projeto Passo Fundo, 2018
Waldemar José Solha
-
Os poemas do Du Bois me lembram fragmentos de pergaminhos ou papiros com textos bíblicos perdidos, em que experts tentam completar versículos. Fui às resenhas que fiz de outros livros seus e vi que iria me repetir, aqui, ao dizer que os versos do amigo gaúcho têm algo dos contos de Everardo Norões, cujo EntreMoscas me fascinou tanto que, em lugar de tentar interpretar seu livro como um todo, fiz isso em um conto e outro, que me pareceu mais cativante. Deu resultado, suponho, pois – pesquisando – descobri que em “Um Certo Goês”, por exemplo, o inominado homem de Goa é Aquino de Bragança, que o encontro dele foi com Ítalo Zappa – cifrado como “Calabrês, Barra do Piraí, nome de pátria” – e que o endereço onde isso acontece, em Maputo, Moçambique, é o da Embaixada Brasileira.
Bem, mas em Du Bois – parece-me - não existem pistas externas. Qualquer investigação do que deixa de dizer em seus poemas é coisa pra psicanalista ou exegeta – que invista numa exegese, análise detalhada do seu texto.
Pergunto, primeiro: por que o título IMAGEM & REFLEXO? “Faciamus hominem ad imaginem et similitudinem mostram”? Não. O uso deste símbolo “&”, conhecido como “e” comercial, remete a uma associação – e, no caso, há uma, do poeta com sua tradutora Maria Du Bois, pois o livro é bilíngue. Mas pode significar algo menos prosaico. O Paulo das epístolas diz que “Agora vemos por espelho e em enigma, mas então – depois da morte, evidentemente – face a face”. Como o Google nos torna eruditos poliglotas, lá vai: “Videmus nunc per speculum in aenigmate: tunc autem facie ad faciem”. Embora não acredite que a intenção do Du Bois tenha sido essa, a ligação... cabe. O título IMAGEM & REFLEXO – não fossem as réplicas em inglês – bem que poderia ser ESPELHO E EM ENIGMA. Veja como o poema PASSADO, pág. 9, por exemplo, não tem nada de animador. Começa assim:
- Escavamos destroços/ retiramos camadas/ de terras e terras / sobre os séculos // nós em busca de respostas / que não existem
Duas páginas depois, em (DES)IMPORTÂNCIAS, o autor é ainda mais deprimente: enquanto “legamos conhecimentos/ ao futuro// impávidos descendentes / dos deuses/ da ciência/ e da nossa verdade” ... o que acontece? “Na relativa (des)importância/ insetos seguem/ voando ao redor das luzes/ onde se multiplicam / sem vaidades.”
Insetos.
Desisto?
Não, porque na página 91, no poema FINAIS, Du Bois me tira as palavras da boca. Não só sobre parar de tentar esclarecê-lo, mas de tentar esclarecer, de tentar... qualquer coisa. É uma senhora série de versos enxutos até dizer basta: das palavras, só os ossos.
- Parasse / de escrever // agora // parasse / de pensar // agora // parasse // agora.
E isto, página 95:
- Tenho destino / certo / traçado a giz.
Vê? “certo”, mas “traçado a giz”. Cinco linhas mais abaixo:
- tenho o caminho petrificado.
Página 29, com uma lacuna, essa fácil de preencher:
- Tantas vezes fui embora / para sempre / como parar de fumar / nunca mais.
O encerramento cheio de ironia:
- amanhã irei embora / para sempre // e levarei os cigarros.
Esses votos de deixar velhos vícios, lembram os dos que prometem fazer caminhadas diárias a partir do primeiro de ano, ou deixar de usar tantos cartões de crédito, com a constatação, em seguida, de que não fez nada disso:
- A novidade nos desconforta / em haveres desconhecidos //
Pausa.
- até / termos certeza / de que o início / continua o nada.
Eu apelo pra Wikipédia:
Niilismo (do latim nihil, nada) é uma doutrina filosófica cuja principal característica é uma visão cética radical em relação às interpretações da realidade, que aniquila valores e convicções.
E, de fato, o poema FUTURO ( pág. 139 ) também é desolador:
- Adivinha o futuro / enquanto presente: pressente. (...) / nada sabe do futuro / nada sabe do seu futuro/ não se prepara para a morte
E veja isto: o poeta transforma angústia em arte, no verso seguinte, trocando “morte”... por “marte”:
- o planeta marte / em seu curso natural / desabitado e inóspito // onde repousam os rastros / do artefato futuro presente / em sua superfície.
Tudo perdido?
Não me parece. Veja, na página 137:
- alegóricas palavras / semeiam estrelas / nas entrelinhas.
Alegóricas! Isto é genial: em ONÇAS, página 55, de repente Du Bois repete Dante no Inferno, onde o vate italiano se depara com “una lonza leggera ( ... ) di pelo maculato” Eis a fábula da esperança:
- A onça sai entre / os arbustos / salta sobre mim // Pergunta / o que faço /na beira do mato / na beira do rio // De paletó e gravata / e sapatos pretos de verniz / não sei dizer / o que faço / na beira do mato / na beira do rio// Nada respondo/ e a onça some entre as árvores
SOME ENTRE AS ÁRVORES! Como se visse.. a chegada do Virgílio, autor da ENEIDA, ídolo de Dante, e que será, daí por diante, seu guia na “selva oscura”.
Por essas e outras, IMAGENS & REFLEXOS é um belo acréscimo do nosso amigo gaúcho à poesia brasileira.
-
Os poemas do Du Bois me lembram fragmentos de pergaminhos ou papiros com textos bíblicos perdidos, em que experts tentam completar versículos. Fui às resenhas que fiz de outros livros seus e vi que iria me repetir, aqui, ao dizer que os versos do amigo gaúcho têm algo dos contos de Everardo Norões, cujo EntreMoscas me fascinou tanto que, em lugar de tentar interpretar seu livro como um todo, fiz isso em um conto e outro, que me pareceu mais cativante. Deu resultado, suponho, pois – pesquisando – descobri que em “Um Certo Goês”, por exemplo, o inominado homem de Goa é Aquino de Bragança, que o encontro dele foi com Ítalo Zappa – cifrado como “Calabrês, Barra do Piraí, nome de pátria” – e que o endereço onde isso acontece, em Maputo, Moçambique, é o da Embaixada Brasileira.
Bem, mas em Du Bois – parece-me - não existem pistas externas. Qualquer investigação do que deixa de dizer em seus poemas é coisa pra psicanalista ou exegeta – que invista numa exegese, análise detalhada do seu texto.
Pergunto, primeiro: por que o título IMAGEM & REFLEXO? “Faciamus hominem ad imaginem et similitudinem mostram”? Não. O uso deste símbolo “&”, conhecido como “e” comercial, remete a uma associação – e, no caso, há uma, do poeta com sua tradutora Maria Du Bois, pois o livro é bilíngue. Mas pode significar algo menos prosaico. O Paulo das epístolas diz que “Agora vemos por espelho e em enigma, mas então – depois da morte, evidentemente – face a face”. Como o Google nos torna eruditos poliglotas, lá vai: “Videmus nunc per speculum in aenigmate: tunc autem facie ad faciem”. Embora não acredite que a intenção do Du Bois tenha sido essa, a ligação... cabe. O título IMAGEM & REFLEXO – não fossem as réplicas em inglês – bem que poderia ser ESPELHO E EM ENIGMA. Veja como o poema PASSADO, pág. 9, por exemplo, não tem nada de animador. Começa assim:
- Escavamos destroços/ retiramos camadas/ de terras e terras / sobre os séculos // nós em busca de respostas / que não existem
Duas páginas depois, em (DES)IMPORTÂNCIAS, o autor é ainda mais deprimente: enquanto “legamos conhecimentos/ ao futuro// impávidos descendentes / dos deuses/ da ciência/ e da nossa verdade” ... o que acontece? “Na relativa (des)importância/ insetos seguem/ voando ao redor das luzes/ onde se multiplicam / sem vaidades.”
Insetos.
Desisto?
Não, porque na página 91, no poema FINAIS, Du Bois me tira as palavras da boca. Não só sobre parar de tentar esclarecê-lo, mas de tentar esclarecer, de tentar... qualquer coisa. É uma senhora série de versos enxutos até dizer basta: das palavras, só os ossos.
- Parasse / de escrever // agora // parasse / de pensar // agora // parasse // agora.
E isto, página 95:
- Tenho destino / certo / traçado a giz.
Vê? “certo”, mas “traçado a giz”. Cinco linhas mais abaixo:
- tenho o caminho petrificado.
Página 29, com uma lacuna, essa fácil de preencher:
- Tantas vezes fui embora / para sempre / como parar de fumar / nunca mais.
O encerramento cheio de ironia:
- amanhã irei embora / para sempre // e levarei os cigarros.
Esses votos de deixar velhos vícios, lembram os dos que prometem fazer caminhadas diárias a partir do primeiro de ano, ou deixar de usar tantos cartões de crédito, com a constatação, em seguida, de que não fez nada disso:
- A novidade nos desconforta / em haveres desconhecidos //
Pausa.
- até / termos certeza / de que o início / continua o nada.
Eu apelo pra Wikipédia:
Niilismo (do latim nihil, nada) é uma doutrina filosófica cuja principal característica é uma visão cética radical em relação às interpretações da realidade, que aniquila valores e convicções.
E, de fato, o poema FUTURO ( pág. 139 ) também é desolador:
- Adivinha o futuro / enquanto presente: pressente. (...) / nada sabe do futuro / nada sabe do seu futuro/ não se prepara para a morte
E veja isto: o poeta transforma angústia em arte, no verso seguinte, trocando “morte”... por “marte”:
- o planeta marte / em seu curso natural / desabitado e inóspito // onde repousam os rastros / do artefato futuro presente / em sua superfície.
Tudo perdido?
Não me parece. Veja, na página 137:
- alegóricas palavras / semeiam estrelas / nas entrelinhas.
Alegóricas! Isto é genial: em ONÇAS, página 55, de repente Du Bois repete Dante no Inferno, onde o vate italiano se depara com “una lonza leggera ( ... ) di pelo maculato” Eis a fábula da esperança:
- A onça sai entre / os arbustos / salta sobre mim // Pergunta / o que faço /na beira do mato / na beira do rio // De paletó e gravata / e sapatos pretos de verniz / não sei dizer / o que faço / na beira do mato / na beira do rio// Nada respondo/ e a onça some entre as árvores
SOME ENTRE AS ÁRVORES! Como se visse.. a chegada do Virgílio, autor da ENEIDA, ídolo de Dante, e que será, daí por diante, seu guia na “selva oscura”.
Por essas e outras, IMAGENS & REFLEXOS é um belo acréscimo do nosso amigo gaúcho à poesia brasileira.
sábado, 18 de agosto de 2018
LINHAS CRUZADAS
Cruzadas linhas enredam os atores
em mesmas cenas e cenários
no que dizem
no que disseram
no que alguém falou
o que alguém ouviu
não desligam os aparelhos
(mudos)
esperam escutar segredos
e desvendar mistérios
(talvez) enriquecer
na desgraça alheia
(falam) participam das conversas
pois querem que reconheçam
suas vozes nas descobertas
e os incluam no que falam
(sejam enredados).
(Pedro Du Bois, inédito)
em mesmas cenas e cenários
no que dizem
no que disseram
no que alguém falou
o que alguém ouviu
não desligam os aparelhos
(mudos)
esperam escutar segredos
e desvendar mistérios
(talvez) enriquecer
na desgraça alheia
(falam) participam das conversas
pois querem que reconheçam
suas vozes nas descobertas
e os incluam no que falam
(sejam enredados).
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 17 de agosto de 2018
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
QUANDO RECOMEÇA
Refaz as amarras
sente o corpo solto
de todo o pecado
sente o medo ferver o sangue
e estranha suas entranhas
ácidas e secas ao contato
prende em nós o respeito
que foge pela vergonha
com que olha sobre o ombro
na tentativa de novos
contatos amorosos
sempre inicia silencioso
e ressabiado de experiências
outras áridas e arenosas
conquistas.
(Pedro Du Bois, inédito)
sente o corpo solto
de todo o pecado
sente o medo ferver o sangue
e estranha suas entranhas
ácidas e secas ao contato
prende em nós o respeito
que foge pela vergonha
com que olha sobre o ombro
na tentativa de novos
contatos amorosos
sempre inicia silencioso
e ressabiado de experiências
outras áridas e arenosas
conquistas.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 14 de agosto de 2018
PASSADO
Escreve sobre sentimentos:
o ferro passa a roupa
coloca frisos
ajeita golas
conversa entre vapores
em exalados cheiros
dos corpos lavados
anota suas conversas
transforma em palavras
os silêncios proibidos
entranhados
memoriza a roupa limpa
passada
que cobre corpos
em outras passagens.
(Pedro Du Bois, inédito)
o ferro passa a roupa
coloca frisos
ajeita golas
conversa entre vapores
em exalados cheiros
dos corpos lavados
anota suas conversas
transforma em palavras
os silêncios proibidos
entranhados
memoriza a roupa limpa
passada
que cobre corpos
em outras passagens.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 12 de agosto de 2018
FICAR OU SAIR
Ir embora é a outra
parte da caminhada
como ficar
ou não haver chegado
uns ficam a vida inteira
no mesmo lugar
mesmo que incontáveis
vezes tenham ido embora
outros saem para sempre
não se aceitam onde estão
mas levam consigo
seus sentimentos
e sensações.
(Pedro Du Bois, inédito)
parte da caminhada
como ficar
ou não haver chegado
uns ficam a vida inteira
no mesmo lugar
mesmo que incontáveis
vezes tenham ido embora
outros saem para sempre
não se aceitam onde estão
mas levam consigo
seus sentimentos
e sensações.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 11 de agosto de 2018
sexta-feira, 10 de agosto de 2018
Estudo Geral
Interlúdio / Interlude, em:
https://luis-eg.blogspot.com/2018/08/pedro-du-bois-um-poema.html
https://luis-eg.blogspot.com/2018/08/pedro-du-bois-um-poema.html
MEDO
Reto
retilíneo
linha reta
nenhuma curva
desvia o caminho
traçado
há gerações
assim o medo
em cada fresta
percebida
de outro mundo
do outro lado.
(Pedro Du Bois, inédito)
retilíneo
linha reta
nenhuma curva
desvia o caminho
traçado
há gerações
assim o medo
em cada fresta
percebida
de outro mundo
do outro lado.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 8 de agosto de 2018
ALARIDO
Não se preocupe com a oportunidade perdida
não se renova o passado
não se preocupe com o que há pela frente
não se antecipa o futuro
não se preocupe com a palavra faltante
não se apresenta o presente
apenas a preocupação com o silêncio
em que ouvimos os sons interiores
de que fugimos em alarido.
(Pedro Du Bois, inédito)
não se renova o passado
não se preocupe com o que há pela frente
não se antecipa o futuro
não se preocupe com a palavra faltante
não se apresenta o presente
apenas a preocupação com o silêncio
em que ouvimos os sons interiores
de que fugimos em alarido.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
MUNDO SILENCIOSO
Os que reclamam
do barulho diário
não sabem do silêncio
que enlouquece
sós
isolados
trancados
em silencioso universo
opaco.
(Pedro Du Bois, inédito)
do barulho diário
não sabem do silêncio
que enlouquece
sós
isolados
trancados
em silencioso universo
opaco.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 4 de agosto de 2018
CUIDADOS
Nós que em grupo ficamos
estáticos ouvindo as ordens do feitor
não entendemos o que acontece
na rua ao lado ou no ponto de ônibus
nós que apenas ouvimos as ordens do feitor
erráticos olhamos uns para os outros
não entendemos o ofertado no noticiário
no cais do porto ou na porta do mercado
nós que apenas tentamos ouvir o feitor
sorumbáticos pelo peso da responsabilidade
não entendemos as palavras do pastor
no púlpito da igreja ou na ponta da lâmina
apenas nos agrupamos para ouvir o feitor
e depois nos separamos e sozinhos
tentamos cuidar das nossas vidas.
(Pedro Du Bois, inédito)
estáticos ouvindo as ordens do feitor
não entendemos o que acontece
na rua ao lado ou no ponto de ônibus
nós que apenas ouvimos as ordens do feitor
erráticos olhamos uns para os outros
não entendemos o ofertado no noticiário
no cais do porto ou na porta do mercado
nós que apenas tentamos ouvir o feitor
sorumbáticos pelo peso da responsabilidade
não entendemos as palavras do pastor
no púlpito da igreja ou na ponta da lâmina
apenas nos agrupamos para ouvir o feitor
e depois nos separamos e sozinhos
tentamos cuidar das nossas vidas.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 2 de agosto de 2018
AUSÊNCIA
Lentamente nos ausentamos
em cada ano juntos até não
virmos como ficamos
estranhamente
continuamos à procura da imagem
dos tempos passados
entre sons e ecos
irreconhecíveis
nos assustamos um com o outro
fôssemos ladrões das boas imagens
fôssemos larápios das boas situações
da nossa juventude
não encontramos: de lembrança
em lembrança esquecemos a relação
fugaz em sua permanência.
(Pedro Du Bois, inédito)
em cada ano juntos até não
virmos como ficamos
estranhamente
continuamos à procura da imagem
dos tempos passados
entre sons e ecos
irreconhecíveis
nos assustamos um com o outro
fôssemos ladrões das boas imagens
fôssemos larápios das boas situações
da nossa juventude
não encontramos: de lembrança
em lembrança esquecemos a relação
fugaz em sua permanência.
(Pedro Du Bois, inédito)