segunda-feira, 31 de outubro de 2016

CIENTE

Vê na morte
a cientificação da perda:
    sabe da consequência
      nas batalhas diárias
           de sobrevida

pronto sofrimento
                e medo

a morte na extensão
do nada (sorrateiro)
pela decomposição
do corpo

          no cheiro
          nauseabundo
          da carne
          putrefata.

(Pedro Du Bois, inédito)


sábado, 29 de outubro de 2016

MEDOS

Conheço na ameaça o medo
de não concretizar o crime
e a vítima estupefata chegar
em casa sã e salva: retorno
no pecado desconsiderado
na tragédia de ser eterno
sucumbido em pedaços
carcomidos de entranhas
ao final desconsiderado.

Arremedo o palhaço no picadeiro
me dizendo amante das razões
aleatórias da memória: na fuga
o extremo gesto dos encontros
no medo permanente.

Ameaço atravessar a porta
aberta em justos acordes
da música que se inicia.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

LADO ESQUERDO

Lado esquerdo
deserto afeito na condescendência
(modo de esconder sentimentos
 ao recolher no barro cacos
 retirados na idade anterior)

a efemeridade do corpo em sentido
obrigatório de saber preso ao espírito
racionalizado na ideia de ir embora
aprisionado no acontecimento

                   canhoto
                   sinistro
           definitivo no desvalor
           habitual do cadáver

razões em visões
inalcançáveis: o barulho na casa
confirma que lados esquerdos
se dizem - sempre - conformados.

(Pedro Du Bois, inédito)

TriploV Blog

Ir embora / Go away, em:
https://triplovblog.wordpress.com/2016/10/26/poema-ir-embora-go-away/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+wordpress%2FYcoP+%28TriploV+Blog%29

terça-feira, 25 de outubro de 2016

FEITOS

do nada feito
do nada bem feito
do nada perfeito
do nada o conceito
abstrai a curva
do rio suspenso
em águas

a primavera retrai
o extremo alérgico
dos perfumes

do nada afeito
do nada desfeito
do nada refeito

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 23 de outubro de 2016

REFLEXÕES SOBRE RODAS

Apesar do alagamento preconizado
no trânsito em ruas transbordadas
reconhece nos rostos preocupados
o pai de família atrasado para o trabalho
do assaltante imobilizado na entrega
pelo policial assoberbado nos motivos
do homem molhado na calçada

no passar da água em fúria
empoçada redobra a atenção
à música penetrada no corpo
distraído do mundo afirmado
sobre rodas imobilizadas

move o carro ao destino: a fila
afunila em busca da pista na hora
suspensa sobre o para-brisa
no significado conservado
pelo restante do caminho.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

REPUBLICAR

Desliza a voz inaudível no discurso
inflamado de palavras ásperas ao tempo
imorredouro das lembranças escondidas
em interinos destaques de ações inábeis
nas mortes em ambos os lados

recebe aplausos sendo reconduzido
ao trono do desdouro: cassandras
apropriadas em termos mecânicos
de negócios em assombrados destinos

recoloca sobre a cabeça o cetro
que o faz presente no que avassala
a plateia na consagração inútil
dos espertos: o espectro andaluz
ressurge ao soar a música
na pregação da morte.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

RAPINA

Na rapina
reconhece o corpo
consumido
na covardia
do fuso anti-horário
das ilusões menores

interessa o azedo da carcaça
na carne apodrecida do cadáver
pelo verme na passagem

a ave rapina o gesto
desossado do corpo aberto
ao sentir nauseabundo

alerta ao movimento inexistente
a carniça esvoaça a vida restante
em rememorações abstratas.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Letras et cetera

Manias, em:
http://nanquin.blogspot.com.br/2016/10/manias.html

Letras et cetera

Manias, em:
http://nanquin.blogspot.com.br/2016/10/manias.html

Isla Negra 432 + Navegaciones 106

meu poema, em:

Pedro Du Bois
Brasil -1947
Incertezas

Desprovido da incerteza
ameaço o orgulho
nacional: ser daqui
envolve a consequência
de estar na impotência
do limite

demonstro raiva
no relento da hora
onde me apodero
quando me ofereço

talvez espere
aos pés do mensageiro
a incerteza na ameaça
do mergulho racional
nas canções.

                                 ( inédito)

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

URNAS

Na urna
mortuária vida
depositada: vontade
na poeira
da história acuada
em vertentes
desdobradas em crises
na compleição
de corpos fortalecidos
em batalhas anômalas
no pensamento racional
dos aprendizados

na urna a morte
espreita o infinito
da ignorância
soprada no pó
destemperado
da hipocrisia.

(Pedro Du Bois, inédito)

TriploV Blog

Desmerecer, em:
https://triplovblog.wordpress.com/2016/10/16/poema-desmerecer/

sábado, 15 de outubro de 2016

ODIAR

Vago meus passos em palavras
repletas de eternidades

(esconderijo da raiva
no dissabor alçado
ao consumido ocaso)

ecoam silêncios significados
de tempos atravessados
em trancas e portas

percebo no brilho do piso
o desprazer de estar comigo

(aberturas acondicionadas nos intermédios
das descobertas de tempos alisados
no que se sustenta em ódios).

(Pedro Du Bois, inédito)

Modus vivendi

Ouvir (fragmento), em:
http://amata.anaroque.com/arquivo/2016/10/ouvir_3

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

GRITOS

A voz alterada
prenuncia
relâmpagos
        faiscados
no horizonte
da noite

o grito abre o jorro
inaudito da ofensa
contemplado no sarcasmo
de inúmeras voltas retorcidas
na educação desconsiderada

o arroubo do discurso
vilipendia a honra
com que se defende
ao ser atingido
pelo estertor da voz
que retoma o tom inicial

no início a discussão
se arrepende em contingências.

(Pedro Du Bois, inédito)


terça-feira, 11 de outubro de 2016

NÃO DIZER

Nenhuma palavra
será esquecida
o eco a reterá
na eternidade
                  dos retornos
                  onde a memória
                  a aprisiona
                  em grades refletidas
                  de dias futuros

a agressão permanece
em cada gesto: destrói
o arcabouço
            e o arquétipo
            onde o tempo transita
            em minotauros presos
            aos labirintos
            das presenças

palavras impronunciáveis
dispensam cuidados
acobertadas na faina
                        diária.

(Pedro Du Bois, inédito)

Letras et cetera

Dizer, em:
http://nanquin.blogspot.com.br/2016/10/dizer.html

domingo, 9 de outubro de 2016

Revista O Nheçuano



Escrever, em (página 9):
http://www.fundacaomedicars.org.br/ckfinder/userfiles/files/Onhe%C3%A7uano_n_30%20PDF(1).pdf


ERROS

A percussão
estabelece o limite
do contato: a mão e a pele
são sons do mundo
               no eco de fundo
               dos espaços descobertos

sinal afetivo da vida
além dos olhos
e ouvidos finos
de transparências

o surdo rumor
da aproximação
e fuga
repete nos olhos
pés que se movimentam
na agilidade do estrondo.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

CONDICIONAIS

haveria de sair pelo mundo
no encantamento do espírito
com o corpo roçaria as pedras
diante dos olhos convencidos
(o tapete cobriria o piso da sala)
buscaria meandros e retiraria o peixe
:limparia com as mãos e a faca brilharia
contra a luz em olhos estremecidos
(a faca guardaria na gaveta)
teria em passos quilômetros distantes
de lugares indizíveis dos mapas
e as circunstâncias fariam o tempo
dos acompanhamentos e das noites
em céu aberto de descobertas
(os sapatos acondicionaria em caixas)
deixaria a vida estática no escalar alturas
vazias no espaço aberto em vastidões
terrenas que não alcançaria
(o corpo na cama macia e a vontade)

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

HABITAR

Habito o instante iluminado das tormentas
quando pássaros abrigados
calam em reverência
à força da natureza.

Sem medo
meço a constância
indiferente das batalhas: retiro
a agonia dos corpos retalhados.

Homens glorificados
sem que pássaros habitem ares
e luzes se apaguem no imediato
da refrega. Presente no iluminar
das bombas sou a resistência
inútil da razão dispensada pela força
sobre a torrente de vidas escorraçadas.

Não há o canto harmônico dos pássaros
nem o grito dos profetas inutiliza os ares
onde desabito a casa arrasada de meus pais.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

AUSÊNCIA

Na vontade inexistente
reside a apatia: ser ausente corpo
circulando em ruas indiferentes.

Não ser daqui e na ausência
do reconhecimento se ver
disperso entre casas e prédios

(desconhecidos e iguais)

a afania sobreposta aos olhos na visão
esdrúxula da indiferença sentimental
no opaco gesto de despedida.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 2 de outubro de 2016

Isla Negra - Navegaciones 104

Pedro Du Bois
Brasil -1947
Preços

Arrecado
      óbolos
      desprovidos
            de futuro: o pagamento
                             permite
                             a viagem


(não a estada).

Letras et cetera

Ficar, em:
http://nanquin.blogspot.com.br/2016/10/ficar.html

sábado, 1 de outubro de 2016

Revista Cerrado Cultural

Som, em:
http://revistacerradocultural.blogspot.com.br/2016/10/som.html

Sound, em:
http://revistacerradocultural.blogspot.com.br/2016/10/sound.html

Ter, em:
http://revistacerradocultural.blogspot.com.br/2016/10/ter.html

To Have, em:
http://revistacerradocultural.blogspot.com.br/2016/10/to-have.html

Grito, em:
http://revistacerradocultural.blogspot.com.br/2016/10/grito.html

Shout, em:
http://revistacerradocultural.blogspot.com.br/2016/10/shout.html

VISÕES

Posso dizer
do sarcasmo acumulado
em dias ultrapassados
de minha parca existência

bem e mal interpostos
em viagens percorridas
de ocidentes aos acidentes
de percurso entre sarcasmos

vivencio ironias
de reativadas forças
em que sucumbo
nos falsos dizeres
de bons dias
     boas tardes
     boas noites

alinho falsas piedades
em baixas estimas
na repetição de versos saudosos
de estranhamentos regulares
na sordidez cáustica da verdade
acontecida em minha visão.

(Pedro Du Bois, inédito)