terça-feira, 29 de setembro de 2015

ILUSÕES


Sobre a cabeça
pensada história

deslocada em ares
conhecidos
colocada da cabeça
para baixo
refeita
em circunlóquios
retirados da cartola
na mágica das derrotas

sobreposta ao gesto
com que segura o chapéu
contra o vento.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 27 de setembro de 2015

CORPO

Abandonado corpo
subsiste ao tempo
decomposto em partes
ignoradas de vidas
perseguidas em sucessivos
fracassos desentendidos

o arcabouço reflete a entrega
acalorada dos sentidos opostos
nos descobrimentos:

              tanto despercebido
              ao sabor dos ventos
              nas mãos ágeis do ladrão
              apoderado no fracasso

O corpo não descansa na limpeza
crua da decomposição atávica.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

SOBRESSALTO


O sobressalto reduz o mundo
em susto desmensurado

na ótica em que se suporta
esboça o bote no desencontro
entre o anunciado e o transitado
troféu difuso do instante

o salto no vazio espaceja
o corpo ao sobressalto
de se saber no espaço
vago das deslembranças

reclina a visão no despropósito
de esconder sobrancelhas e íris
em assustado mundo realizado.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

DIZER




Recito versos:

a memorização

acalenta sonhos

de conhecimento



declamo sentimentos

inflamados nos gestos

compostos em personagens



retiro do texto a essência

e no vazio dobro

o contexto



irrealizado: cesso a fala

e colho aplausos.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Projeto Passo Fundo

Cordeiro, em:
http://www.projetopassofundo.com.br/principal.php?modulo=texto&con_codigo=53774&tipo=texto&cat_codigo=18

HISTÓRIAS

Amanheço histórias
decoradas em detalhes
absortos nos mínimos
tremores: a mão risca
o papel esbranquiçado
em apagamentos: sei
do amor indesejado
pela imperial família
não esclarecida nas manhãs
recolhidas em úmidas calçadas:
raro amanhecer desmaiado
em cantares de galos devolvidos
aos olvidados campos dos nasceres:
após a conclusão da cerca pensa
a mulher colhendo sonhos: poderei
amaciar histórias antes das luzes
serem apagadas: aconteço
na moralização hiperbólica
de ensinamentos rudimentares.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 20 de setembro de 2015

PENSAR

O pensamento
        (mola mestra)
em antecipação
destrói o presente
em especulações futuras
- mantém soltos em labirintos
  oníricos minotauros olfativos
  dos desgraçados medos
  a que nos submetemos

em pensamentos vago corpo
crucifixa a vontade no desvendar
cenas escurecidas na memória.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

triploV Blog

Arcabouço, em:
https://triplovblog.wordpress.com/2015/09/16/poema-arcabouco/

APOSTAS

Aposto na última carta
em branco devolvida

aposto sobre a mesa
a intenção da derrota
sem mudar a carta
colocada ao alcance

feito profeta desdigo o passado
reconstruído em afrontas

aparto do baralho a carta
do meio: leio letras
em sequência: escondo
na frustração o elemento
aleatório da lembrança.

(Pedro Du Bois, inédito)


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Leonardo Sodré

Arcabouço, em:
http://www.leonardosodre.com/2015/09/arcabouco.html

MUSICAR

Detalhes esparsos
recolhidos no bico
pássaro: pegar e levar
ao ninho: aninhar
o filhote e jorrar
voos futuros detalhados
no rascunho: esboço.

Torço mãos nervosas
e águas são respostas
em retalhos contornados
ao ocaso: estar significa
o acaso das sereias: dizem
em cantos (encantos) futuros
limitados sobre pedras.

Você presente (pressente)
no vazio do pássaro: flutuar
e subir: às vezes musicar.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

UNO

acondicionado em plástico
entregue ao sabor
do gesto

desgosto explícito
apavorando a hora

unicidade
deificada
em repetições

sumidouro da paixão
ante olhos iluminados
na condição atávica
do mistério desvelado

uno e distante

(Pedro Du Bois, inédito)


sábado, 12 de setembro de 2015

E daí blog (texto de Tânia Du Bois)

Pedro Du Bois/Luiz Otávio Oliani, também em:
http://edai7.blogspot.com.br/2015/09/verso-de-pedro-du-bois-e-reverso-de.html

ABSURDOS

o absurdo
circula
    ruas
    e praças
espia
observa
em patéticos
passos
e piruetas
        acostumado
        adestrado
        domesticado
        arrefece sua figura
        em capas de revistas
        e cenas fotográficas

tem conhecimento aproximado
da realidade: retirado em próximos
passos o absurdo se transforma
                            em peça arquivada

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

23a. Bienal Internacional do Livro - São Paulo

Nós da Poesia: vozes da rua, em:
http://www.carlosluciogontijo.jor.br/home/index.php/quemsou/reconhecimento/280-nos-da-poesia-vozes-da-rua-e-lancado-na-23-bienal-internacional-do-livro-de-sao-paulo-com-homenagem-a-carlos-lucio-gontijo

TriploV Blog

Ficar, em:
https://triplovblog.wordpress.com/2015/09/09/poema-ficar/

Letras et cetera

Desejos, em:
http://nanquin.blogspot.com.br/2015/09/desejos.html

Blog do Itárcio

Bens, em:
http://blogdoitarcio2.blogspot.com.br/2015/09/bens-poema-de-pedro-du-bois.html

BENS

O homem vê o espaço
abre os braços
mede distâncias
ao inaudito das terras
ocupadas: escuta sons
e os identifica em ecos
passageiros nas repetições
indevidas da sobrevivência
amealhada pela captura
insensível do momento

no espaço vazio (ocupado)
a visão abarca horizontes

ao homem
espaços apropriados
são bens acumulados.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 8 de setembro de 2015

A História Vivida

Luz, em:
http://ahistoriavivida.blogspot.com.br/2015/09/luz.html

Vidráguas

Ficar, em:
http://www.vidraguas.com.br/pedro-du-bois-ficar/

Leonardo Sodré

Ficar, em:
http://www.leonardosodre.com/2015/09/ficar.html

NÃO

não estou pronto para a festa
atrasada dos desenganos
sou único trajando luto
em vidas remanescentes
após ser e continuar
ingênuo e irresoluto

não estou presente no desencontro
através do vidro da janela
na escuridão do quarto
escondo da luz o desengano

não me faço visível ao lamento
das trombetas no anunciar a ausência
entrecortada em laços de parentesco
: nós desfeitos em alisadas cordas

não sou quem vem depois
antes sou o que se retira
escondendo o rosto
em lágrimas de saudades

(Pedro Du Bois, inédito)


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Escrever, com Luiz Otávio Oliani

ESCREVER

Escrevo na folha
              a estrofe derradeira
                condensada em palavras
                 de despedida.

A folha preenchida
pede folhas sucessivas.

Escrevo histórias recontadas
em dias de mesmas palavras.

(Pedro Du Bois, inédito)
http://pedrodubois.blogspot.com


POR OUTRA JANELA

Luiz Otávio Oliani

Logo após ler o poema “ESCREVER” de Pedro Du Bois

o que rascunho na folha
é novo para mim

velhos sentimentos
em poesia
amor morte solidão
- sempre assim

o olho do poeta
capta o nunca vivido
a voz não dita
o inimaginado

metamorfose à risca
o papel sempre engravida
de sensações inéditas

domingo, 6 de setembro de 2015

RITOS

sob o olhar do guardião
invade o templo e prostra
a face contra o solo
              a absolvição irradia
              simpatia na contenda
              estabelecido em regras

reage ao contato: no fundo do olho
tem o recado imposto ao silêncio
da palavra desdita entredentes

a condenação abstrata estratifica
o ser contra a corrente

repele a visão apropriada
no sangue derramado
                (pássaro ferido pela pedra)

evidências não comprovadas
arquivam o processo

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

IGNORAR

na ignorância o grito assustado
em que se reconhece: a fuga permanece
ao levar sombra a claridade desfeita
em imagem e se recolocar vazia
contra o vidro em cores fortes

a fuga recompõe a cena e se transfigura:
extremo gesto na negação do engodo
pela incerteza com que o carrasco
arremete a lâmina
            e nada encontra para cortar

a ignorância em épocas indistintas
mostra diversidades e nos confunde
em faces intercaladas: belo
                                    feio
                                    ódio
                                    expressado em claros olhos

a fuga repete gestos na extensão
ambígua de recobrir a cabeça em homenagem
e graça: a ignorância sonha a eternidade

(Pedro Du Bois, inédito)