terça-feira, 31 de março de 2015

DIZER

               Esqueço as desconfianças pelo tempo irrecusável
do saber das coisas: começo

                                 acorrento o saber
                                 descoberto na torpeza
                                 de alongadas mentiras

recupero a crença e me ofereço ao deus
primeiro das descrenças: início

                                  retiro a mão ofertada
                                  no alento
                                  retornado ao corpo
                                                 

          estremeço o chão pisoteado em raivas
          consentâneas de esquecimentos

                                  apuro o ouvido 
                                  ao último canto: lamento.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 29 de março de 2015

ESTÁ TUDO AÍ

A justeza no reconhecer
pega a mão em agradecimento
sorri e chora a entrega
do espírito ao sacrifício

está tudo aí diz o homem
sem entender o motivo
do pedido e a mágoa
dita o ressentimento
na voz e na face

a clareza com que a entrega suspende
o gosto e torna insípida a comida
em perdição e gestos

está tudo no pacote afirma o homem
e entrega a embalagem
quem a pega
receia ser o dito
                 a desdita
na devolução: certeza de que a vida
não se renova em entregas.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 27 de março de 2015

meiotom poesia&prosa

Nomes, em:
http://www.meiotom.art.br/dupo15nomes.htm

Projeto Passo Fundo

Nomes, em:
http://www.projetopassofundo.com.br/principal.php?modulo=texto&con_codigo=52737&tipo=texto

LER

que mais
         (além de ler)
         posso fazer
         nestes dias de inúteis notícias
         de grades
                     e portas trancadas
                     onde pessoas
                     imobilizadas esperam
o passar das datas
na esperança de enriquecerem
no soar das trombetas populares?

eco-invadido (dis)penso o futuro
                                e me remeto
ao tempo imprevidente
onde canções não contam músicas
e letras trôpegas represam
acordes inconclusos

     rasgo paredes no ocaso
     fechado ao porvir melindroso dos iconoclastas
     distribuídos em tribos entre deuses acostumados
     aos pedidos e aos receberes de tão pouco
     na leitura obtusa escondida em alforjes

viajo minha vida desinteressada
de progressos menores
                   e do chegar ao final
                   das obras (in)satisfeitas.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 25 de março de 2015

IMAGEM

Na imagem irrefletida
onde não se reconhece
o autorretrato expõe
gritante diferença: vida
e obra reescritas em dias
de sobrevida

imagem decorrente
fixada no vidro
das lembranças

irreconhecível ser
       descrito na vida
acelerada dos avanços

descritos em vidas atravessadas
no espelho percorrido: lâmina
                e autodescobrimento.

(Pedro Du Bois, inédito)


terça-feira, 24 de março de 2015

TriploVBlog

Nomes, em:
https://triplovblog.wordpress.com/2015/03/24/poema-nomes/

Projeto Passo Fundo

Científico, em:
http://www.projetopassofundo.com.br/principal.php?modulo=texto&con_codigo=52682&tipo=texto

Pen Clube do Brasil - Boletim Informativo - Maio 2013

Tanussi Cardoso conquistou o "Prêmio Jorge Andrade" concedido pelo XV Concurso
Nacional de Contos da Academia Barretense de Cultura (ABC). Barretos / SP. O
associado também teve seu poema "Limites" traduzido ao espanhol e ao inglês pela
poeta Teresinha Pereira, publicado em IWA. Toledo, OHIO, USA. Além disso, a revista
“Isla Negra” (n. 9/348), de Lanusei, Itália, publicou poemas do autor juntamente com
os poetas Adélia Prado, Mariana Ianelli, Pedro Du Bois. Dia 30.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Modus vivendi

Nomes, em:
http://amata.anaroque.com/arquivo/2015/03/nomes

ESPAÇO

pode ser o espaço vago
entre você e o restante
do espaço disponível

em oposição ao substrato
igualado na tormenta
de que se apropria
em cursivas palavras

ordena o espaço disponível
em palavras desordenadas

do restante exige o bastante
para escrever sobre a volta

não há o espaço vago
sobre o mundo e suas palavras
não resistem ao tempo

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 21 de março de 2015

Leonardo Sodré

Científico, em:
http://www.leonardosodre.com/2015/03/cientifico.html

PAREDES

Toda parede
espanta
os dois lados

metades recortadas
em defesas
e ataques
     absorvidos
     na pintura
     de descoradas tintas
     em decoração abstrata

toda parede banaliza
o fato
das separações
           onde prevalecem medos
           inexatos de sombras encobertas
           dos iguais: iguais constroem
           paredes desiguais.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 19 de março de 2015

AZARES

sobre a tristeza em nossas faces
permitimos versões

desencontradas

até podermos esconder
em mentiras repetidas
as nossas verdades

das ilusões nos fazemos toscos
pescadores de insucessos em barcos
menores que a menor das ondas
cobre o convés em lágrimas

no passar do tempo olhamos
as confirmações anunciadas
e fazemos as substituições

necessárias

sobre a ternura perdida em cantos escuros
alçamos gritos horríveis de passagem
e nos fazemos surdos à resposta

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 17 de março de 2015

domingo, 15 de março de 2015

AQUI

Ser aqui
      agora
       
acolá o sentido brota
no corpo
    inerme
    exangue

sobre o nada
          o veleiro
          iça velas
          e navega ao lado
                          época
                         espaço
em intercalados ventos
de verdades ordenadas
em doenças pueris
de desavenças

inventa ilusões
           eternidades
           ocasos
de juntados tempos
recorridos em seguimentos
                   inalcançáveis.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 13 de março de 2015

A História Vivida

Ser, em:
http://ahistoriavivida.blogspot.com.br/2015/03/ser.html

VERDADE

histórias não terminam
suas sequências
realimentam tramas

entrelaçam

no final
       o recomeço
enreda

no descanso merecido
pelo fato
       a refeição frugaliza
           o espírito reposicionado
           em segmentos

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 11 de março de 2015

MAGIA

Pratique sua magia
sem olhar dentro da caixa
sem remexer a manga do casaco
sem tirar a cartola da cabeça

olhe dentro dos olhos da plateia
e retire o embevecimento
com que se entregam
ao mágico

suspenda a ilusão
e a recoloque
no primeiro ato
da farsa

refaça o caminho
e estale os dedos
em busca do aplauso.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 9 de março de 2015

Do meu livro

Luzes e Sapiência, em:
http://www.domeulivro.com.br/artigos/arte-e-literatura/37-ineditos-de-pedro-du-bois

LONGE

o horizonte
é afastado
ponto
decomposto

estendido
à vida que o persegue
nega a aproximação
do corpo

o arredondamento do planeta
permite a fuga em distâncias

longo horizonte
disposto ao relento
dos desencontros.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 7 de março de 2015

Leonardo Sodré

Ser, em:
http://www.leonardosodre.com/2015/03/ser.html

SINFÔNICO

A sinfonia condensa
sons diversificados
acomodados em andamentos
instantes
pausas
e reparos

a ansiedade perpassa o âmago
no instante da entrada

o fragor da batalha
issesolúvel na batida
com que o tambor
se anuncia grave

condensada
a imagem se dissolve

onde ouvidos
escutam
o silêncio.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 5 de março de 2015

FURACÃO

Podemos ser
o olho
do furacão
na passagem
dos corpos
revoltos
sobre ventos
e camas
desarrumadas

intimidade em círculos
e o circular do tempo
ante as janelas

fechar os olhos
ao cisco
e ser o ocaso
contra as pedras.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 3 de março de 2015

A História Vivida

Infinito, em:
http://ahistoriavivida.blogspot.com.br/2015/03/infinito.html

INDIFERENÇA

a indiferença acompanha
com o canto do olho
o resto
arrestado
ao dono
e se apodera
do movimento
fingido
pelo brilho

do que vê em crenças abertas
de profundos cortes
                            se arrepende
e volta de onde o começo não permanece
nem estabelece regras

a indiferença participa
da culpa acumulada
em mentiras derrotadas
pela vida

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 1 de março de 2015

INDIFERENÇA

Despe a indiferença
demonstrada na fraqueza
                     (assustada)


asas abertas
        ao abandono

a indiferença o protege
do impacto dos meteoros
e o define aos que passam
           na frieza dos gestos
         na frieza dos olhos

despe a indiferença
             resumida na ansiedade
             por ser encontrado.

(Pedro Du Bois, inédito)