quinta-feira, 31 de julho de 2014

FOME

a fome assume formas
esquisitas maneiras
sobre o corpo ao lado
            avança os dentes
            consome o vazio
            onde se alimenta

o nada satisfaz a angústia
de se dizer presente: maldosos
   comentários em superficiais
                           noticiários

o olho acompanha a presa
em fuga: cerca
                cerceia
                   avança
                   sobre o corpo
                   que escapa

a fome é pronúncia inócua
da ignorância: ganância repetida
                      ambição desmedida
                      no amargo do estômago
                                                   vazio.

(Pedro Du Bois, inédito)

terça-feira, 29 de julho de 2014

Athos - Lúcia Freire

Províncias, em:
http://athos-luciafreire.blogspot.com.br/2014/07/provincias.html

Vidráguas

Calma, em:
http://vidraguas.com.br/wordpress/2014/07/29/calma-poema-de-pedro-du-bois/

INFANTIS

Sofás adquirem voz
e corpos falam
sobre assentos
e assentados

o guarda-roupa
se transforma no cavalo
e a nave voa espaços

inexplorado o tempo
se repete
ainda cedo
e verde

o corpo infantil se transfigura
em fragmentadas imagens
de vidas imaginadas

o sofá se resume no ponto
de voragem entrevisto
no futuro: o sofá
           é o mundo.

(Pedro Du Bois, inédito)


domingo, 27 de julho de 2014

ESPERA

Malgrado o gesto
permanece a esperança
(era certeza)
do reencontro

estou pronto
ao enlace
e a corda cede
o pouco

presente ao ato
a resposta exposta
espanta o presente

esse o gesto
não a sentença.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 25 de julho de 2014

meiotom poesia & prosa

Aventar, em:
http://www.meiotom.art.br/dupo14aventar.htm

OS QUE VIERAM

De onde vieram esses homens sérios e tristes
raivosos seres de impropérios e ameaças
vis são suas palavras ininteligíveis
horrendas as vestes de escuro e morte
esquisitas faces de outros nortes
difíceis cores de quase nada

fúria
  peste
    doença
      fome
        miséria
          guerra
            náusea
        morte

sobre o esquife a bandeira
       no silêncio dos outros
                 a salva de tiros
                 o embarque.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Projeto Passo Fundo

Aventar, em:
http://www.projetopassofundo.com.br/principal.php?modulo=texto&con_codigo=51011&tipo=texto

VERDADES

(Repetida) a verdade
cristaliza a ideia da efemeridade

imutável e serena não fossem
vidas volúveis em sentenças
e dias rápidos em mudanças

personagens nascem e movem
caminhos áridos
               lisos em tentativas
               de ignorâncias
e conhecimentos (a)guardados
para nunca
           no sempre acomodado
           em raios e sóis destampados

repete a verdade em águas
passadas sob fontes (modificadas).

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

PORTE

A melhor parte
osso
feito lança
maça
enfeita
nariz
e orelha

jogo do osso
vista vida
e morte

segredo (revelado)
sobre a palha.

(Pedro Du Bois, inédito)

sábado, 19 de julho de 2014

TRAIÇÃO

Somos a geração traída
no golpe a destroçar os sonhos
juvenis de redenção
e liberdade
no amor vendido na livre
manifestação do corpo
de profissões multiplicadas
em empregos de fraca remuneração
onde nossa permanência estável
e sisuda - mera matemática -
estava restrita ao silêncio
ao esquecimento
aos rumores sobres os capturados
nos desvios dos pensamentos
nos desvãos dos minotauros

quando nos mandaram recordar o pesadelo
estávamos velhos para sermos o novo: somos
descartáveis figuras sem sentido
e sem passado: emparedados em vida.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

PAIS

Extremado pai
de todas as horas
o perdão
         a glória
         no entreato em fosco vidro
         mostrado na extensa área

filhos assoberbados
em esperas: chegar antes
ser buscado depois

extremado pai
de tantos afazeres
o perdão
          concedido na medalha
          pelo constante atraso
          no descaso com que trata a vida

filhos represados
em esperas: o amor consentido
e a hora apropriada dos discursos.

(Pedro Du Bois, inédito)


terça-feira, 15 de julho de 2014

Athos - Lúcia Freire

Ano Civil, em:
http://athos-luciafreire.blogspot.com.br/2014/07/ano-civil.html

MOFO

O riso mofado no equilíbrio
entre água e calor
de vidas irremediáveis

o apodrecer dos sentidos na crosta
que reveste a carne seduzida em abandono
na defesa inerme da parte putrefata

o apagar das velas desconsola
os que se retiram em silêncio

o rosto amarfanhado tem o amparo
das mãos ásperas de quem resta

o riso mofado expõe o malmequer
enquanto flor jovem entre tantas

o mofo exala o final da hora.

(Pedro Du Bois, inédito)

domingo, 13 de julho de 2014

VÍCIOS

A voz sussurra
          pecados disponibilizados
          no preço barateado
          dos desencontros

          o vício é interpretação
          a preencher a hora
          antes que o sussurro
          o transforme em cobrança

o vício reinstala na mente
o além emprego do corpo
em funções utilitárias

no vício o corpo sente
a destruição das pontes
ao se reduzir ao começo

            o grito no fim do sonho
            é recomeço.

(Pedro Du Bois, inédito)

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Ares e Mares

Ter, em:
http://www.aresemares.com/index.php/materias-especiais/ter-poema-de-pedro-du-bois/

NA NOITE

A verdade
           flui
o arbusto
       cede
o caminho
     espana
o carro
   passa

              espero
   o tempo findo
das lembranças

em verdades fluídas
    derrubo arbustos
    cedo caminhos
esparramo carros
                          passo.

(Pedro Du Bois, inédito)

quarta-feira, 9 de julho de 2014

SABER

Do que é trazido pelo vento
sua presença acredita
ser a decisão acertada

são folhas soltas
que não credita
ao estertor do corpo
humilde da consciência

não tem paciência
e a mente insiste

há o tempo
              sabe.

(Pedro Du Bois, inédito)

segunda-feira, 7 de julho de 2014

RESULTADO

Sou resultante de inventos
                 experiências
                       misticismo
                       e magia

perfumes em odores
unhas cortadas em homenagem
ao dilúvio             a pele ressecada
dos velhos            conduz ao labirinto
das inverdades               invernadas
               invernos claudicantes

o ciclone desarruma a pele
e desfaz a naturalidade da espécie

inventado
perco a fórmula da costura
desacostumada em períodos
de enfermidades

a náusea retoca minha face
em esgares de incapacidade
aflorada em olhos de espaços
                                   curtos
                                   cegos
                                   certos.

(Pedro Du Bois, inédito)
                                  

sábado, 5 de julho de 2014

Leonardo Sodré

Responsável, em:
http://nanquin.blogspot.com.br/2014/07/caminhante.html

SEPARAÇÕES

Separados
             os homens esquecem
             o todo             início
                  rasgo
                     vento suspenso

o verão repele corpos
em suor
         calor
           caloroso cumprimento
                 de abraços e beijos

homens
     separados em raças
                             credos

vivos
   na explosão
                 da desgraça cantada
                 em prosa e verso

sobra ao cego
     - cantador das ardências -
     o trabalho de minorar distâncias

ver em cada homem o destemor
com que a virtude funde suas artes.

(Pedro Du Bois, inédito)

quinta-feira, 3 de julho de 2014

VERDADE

A verdade sucumbe revelações

o encontro         o choque
a pronúncia     a aceitação
o verbo esgotado na ativa
condução da frase

a crase sucede o tempo
dos impropérios na obsessão
pelo divertido armário
de onde saltam guardados
heróis das resistências

não são verdades em  grupos
de miragens na realidade (inexistente)
em que acham bastar ao corpo
o sustento e faltar ao sonho a viagem
translativa em malas e sacolas

o plástico cobre o corpo
em homenagem que a verdade
em bronze eterniza o pouco tempo.

(Pedro Du Bois, inédito)