Presente ao cair da tarde
noite (o pássaro
se recolhe
em gritos
de medo)
onde me apresento
em norte (o desnorteado
pássaro aninhado)
e não me aguardo
no encontro desigual
entre luz e sombra
(ao pássaro cabe
recuar e prender
em galhos
o ninho).
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
sábado, 29 de dezembro de 2012
REVISÃO
Reescrevo a história
em alterados fatos
desabonadores: desligado
o semáforo permite
o entrelaçamento dos carros
abandonados na oxidação
atmosférica
a vida cobra pelo reingresso
de elementos alegóricos
o caso pelo outro lado
do poliedro: a necessidade da ordem
desarruma o caos desligado
em amanheceres amadurecidos
revejo a história sob camadas
arqueológicas: onde e quando
me desligo das respostas.
(Pedro Du Bois, inédito)
em alterados fatos
desabonadores: desligado
o semáforo permite
o entrelaçamento dos carros
abandonados na oxidação
atmosférica
a vida cobra pelo reingresso
de elementos alegóricos
o caso pelo outro lado
do poliedro: a necessidade da ordem
desarruma o caos desligado
em amanheceres amadurecidos
revejo a história sob camadas
arqueológicas: onde e quando
me desligo das respostas.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
AMANHECER
Amanhece e o desconhecido
rosto resplandece cores esmaecidas
- o amanhecer traz nuances
inexplicadas e o som
que acompanha a regra
dourada dos extremos:
ser o amanhecer no acordado
corpo recém chegado à plenitude
do escopo: corpo descansado
na noite ultrapassada na lucidez
da alma
- o amanhecer rasga ritmos
à esmo: todos os tiros
são bem vindos
desde que errôneos.
(Pedro Du Bois, inédito)
rosto resplandece cores esmaecidas
- o amanhecer traz nuances
inexplicadas e o som
que acompanha a regra
dourada dos extremos:
ser o amanhecer no acordado
corpo recém chegado à plenitude
do escopo: corpo descansado
na noite ultrapassada na lucidez
da alma
- o amanhecer rasga ritmos
à esmo: todos os tiros
são bem vindos
desde que errôneos.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 22 de dezembro de 2012
INÉDITA
Faz a música
(inédita)
retirada da vida
na agitação
de hoje em dia
faz a música
(inédita)
renovada
na agitação
de hoje em dia
faz a música e do ineditismo
retira o eco do diariamente:
o telefone toca a irritação
de aguardar a chamada
faz a música
(inédita).
(Pedro Du Bois, inédito)
(inédita)
retirada da vida
na agitação
de hoje em dia
faz a música
(inédita)
renovada
na agitação
de hoje em dia
faz a música e do ineditismo
retira o eco do diariamente:
o telefone toca a irritação
de aguardar a chamada
faz a música
(inédita).
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
CONQUISTAS
Onde a paz aguarda o consenso: reviso a fala
ouvida nos extremos. O discurso guerreia
o anseio e dos lugares
longe e perto
o som trombeteia mortes - na evolução
nos fazemos gente - e nos transporta
ao arremedo da tormenta. Atroz: o medo
se faz ciente do engodo e somos atingido
no apogeu do esquecimento - aos mortos
faltam nomes - para onde vamos
ao morrermos: a paz
se apresenta em esqueceres
de conquistas e permanências.
(Pedro Du Bois, inédito)
ouvida nos extremos. O discurso guerreia
o anseio e dos lugares
longe e perto
o som trombeteia mortes - na evolução
nos fazemos gente - e nos transporta
ao arremedo da tormenta. Atroz: o medo
se faz ciente do engodo e somos atingido
no apogeu do esquecimento - aos mortos
faltam nomes - para onde vamos
ao morrermos: a paz
se apresenta em esqueceres
de conquistas e permanências.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
OLHARES
Tópico olhar
no final
da tarde: a utopia
no desencontro
da terra prometida
(onde está nesta hora
a condição do espaço
ocupado)
rearrumo a maneira da aceitação
do gesto: nem sempre cabe olhar
e reprovar os encontros
(onde está a hora
em que o espaço
se ocupa sem condições)
reflito a utilização da frase
e das palavras retiro
a essência: resta o pouco
utilizado na explosão.
(Pedro Du Bois, inédito)
no final
da tarde: a utopia
no desencontro
da terra prometida
(onde está nesta hora
a condição do espaço
ocupado)
rearrumo a maneira da aceitação
do gesto: nem sempre cabe olhar
e reprovar os encontros
(onde está a hora
em que o espaço
se ocupa sem condições)
reflito a utilização da frase
e das palavras retiro
a essência: resta o pouco
utilizado na explosão.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
CICLOS
Reviso os anos civis
e os chamo ciclos
- termos decompostos
em safras
e sofreres
acostumados
aos finais: circunspecto
crio em novo ser
o retrocesso.
Anos civis agregam etapas
na inconclusão da prece: exposto
choro no ano e ciclo que os reinicia.
(Pedro Du Bois, inédito)
e os chamo ciclos
- termos decompostos
em safras
e sofreres
acostumados
aos finais: circunspecto
crio em novo ser
o retrocesso.
Anos civis agregam etapas
na inconclusão da prece: exposto
choro no ano e ciclo que os reinicia.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 15 de dezembro de 2012
AVESSOS
Avesso
sonho: o presente se coaduna
no compacto do ano passado
a limpo: recupero a estima
e a jogo à sorte das estrelas
miúdas dos arrependimentos.
Avesso
sono: recolhido na espaçonave
discurso versos no acordar
o espaço e no rarefeito congrego
histórias mal alinhavadas.
Avesso
acordo: no desacordo da forma
rompo o dizer das folhas decaídas
e ao longo da estrada piso sonhos.
(Pedro Du Bois, inédito)
sonho: o presente se coaduna
no compacto do ano passado
a limpo: recupero a estima
e a jogo à sorte das estrelas
miúdas dos arrependimentos.
Avesso
sono: recolhido na espaçonave
discurso versos no acordar
o espaço e no rarefeito congrego
histórias mal alinhavadas.
Avesso
acordo: no desacordo da forma
rompo o dizer das folhas decaídas
e ao longo da estrada piso sonhos.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
ALMOÇO
Almoço
na salada
o grito
amargo
do vinagre
- sempre há o tempo
revolto: a eternidade
em única folha
de alface.
(Pedro Du Bois, inédito)
na salada
o grito
amargo
do vinagre
- sempre há o tempo
revolto: a eternidade
em única folha
de alface.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
ÂNGULOS
Curvas anguladas
no vão avistadas: descaminho
crescente com que me acostumo
na vida de sempre: projeto
o trajeto
na última vista
em despedida
- graus
degradam
o horizonte -
de repente entre curvas avisto
- além da volta - o retorno
de onde parto ao esconderijo.
(Pedro Du Bois, inédito)
no vão avistadas: descaminho
crescente com que me acostumo
na vida de sempre: projeto
o trajeto
na última vista
em despedida
- graus
degradam
o horizonte -
de repente entre curvas avisto
- além da volta - o retorno
de onde parto ao esconderijo.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 9 de dezembro de 2012
ENTREGAS
Do que for a entrega: receba
a sua parte e a abata da conta
no discurso o profeta diz da entrega
do mistério materializado em mitos
a água purificada aflora no terreno
escorreito e lava a honra na execução
na entrega refaz o itinerário: a música
diz em outras bases o mesmo: sofrimento
dor
a irrealização do amor
amordaçado em paixões
do resumo da obra decorre o gesto
secreto: ao lado o muro escrito
em rigores vulgares das entrelinhas
a água perambula rios e deságua
na mágoa dos finais infelizes.
(Pedro Du Bois, inédito)
a sua parte e a abata da conta
no discurso o profeta diz da entrega
do mistério materializado em mitos
a água purificada aflora no terreno
escorreito e lava a honra na execução
na entrega refaz o itinerário: a música
diz em outras bases o mesmo: sofrimento
dor
a irrealização do amor
amordaçado em paixões
do resumo da obra decorre o gesto
secreto: ao lado o muro escrito
em rigores vulgares das entrelinhas
a água perambula rios e deságua
na mágoa dos finais infelizes.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
INTOCADO
Ser intocado
em vida rediviva
retorna ao centro
e se desfaz
em promessas
intocado
leva a singeleza
da luz
na curvatura
do horizonte
onde desfeito
em éter
tem o corpo
tocado
no vivenciar
da vida
revisitada.
(Pedro Du Bois, inédito)
em vida rediviva
retorna ao centro
e se desfaz
em promessas
intocado
leva a singeleza
da luz
na curvatura
do horizonte
onde desfeito
em éter
tem o corpo
tocado
no vivenciar
da vida
revisitada.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
RITOS
Ritualizo na barbárie
o mito
e o sacrifício
em meu nome
nome vingado
no grito extremo
do abandono
na ressurreição do corpo
encontro o dogma
que me condena
à eternidade
carne e osso
putrefato corpo
que se protege
diante do ato
anteposto ao dia
anunciado no sacrifício
físico da irrealidade.
(Pedro Du Bois, inédito)
o mito
e o sacrifício
em meu nome
nome vingado
no grito extremo
do abandono
na ressurreição do corpo
encontro o dogma
que me condena
à eternidade
carne e osso
putrefato corpo
que se protege
diante do ato
anteposto ao dia
anunciado no sacrifício
físico da irrealidade.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
COLOSSO
Ao colosso ofereço a face
humana do medo: sou riso
sou gosto
sou a educação
elencada no grotesco
do colosso: a face transparece
o gosto em ser apresentada ao gesto
enganos se originam
do que sou
na espera: o colosso se arrepende
e olha a minha face com o desdém
dos ignorados em desgosto.
(Pedro Du Bois, inédito)
humana do medo: sou riso
sou gosto
sou a educação
elencada no grotesco
do colosso: a face transparece
o gosto em ser apresentada ao gesto
enganos se originam
do que sou
na espera: o colosso se arrepende
e olha a minha face com o desdém
dos ignorados em desgosto.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 1 de dezembro de 2012
RESSURGIR
Condenso as horas em ares decantados
dos espíritos renovadores das paisagens:
palavras na fortificação da aldeia
me defendem em asas imaginárias
histórias curtas em repetições
e sérias alegorias
me separam
da escuridão
da alma.
(Pedro Du Bois, inédito)
dos espíritos renovadores das paisagens:
palavras na fortificação da aldeia
me defendem em asas imaginárias
histórias curtas em repetições
e sérias alegorias
me separam
da escuridão
da alma.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
QUERERES
Querer da vida o filho
negado na reconstrução
querer a promessa estéril
da permanência
do filho: a negação
primeira da escolha
querer da vida o definitivo
escopo elevado ao direito
da seriedade
querer a mesa no difícil almoço
da sobrevivência: a hora
na permanência
do quanto somos
aguardados
querer a volta do filho
prodigalizado em vidas
adultas de regressos.
(Pedro Du Bois, inédito)
negado na reconstrução
querer a promessa estéril
da permanência
do filho: a negação
primeira da escolha
querer da vida o definitivo
escopo elevado ao direito
da seriedade
querer a mesa no difícil almoço
da sobrevivência: a hora
na permanência
do quanto somos
aguardados
querer a volta do filho
prodigalizado em vidas
adultas de regressos.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 27 de novembro de 2012
DESCOBERTAS
Descobertos
fósseis decifram
caminhos: carinho inexistente
no consciente ganho médio
medido em cavernas
onde encontrados ossos
familiares e animalescos
recobertos
fósseis humanos
reportam ao espaço onde homens
- iguais em genética - passam fome:
inconscientes e transparentes
na perda diária das distâncias.
(Pedro Du Bois, inédito)
fósseis decifram
caminhos: carinho inexistente
no consciente ganho médio
medido em cavernas
onde encontrados ossos
familiares e animalescos
recobertos
fósseis humanos
reportam ao espaço onde homens
- iguais em genética - passam fome:
inconscientes e transparentes
na perda diária das distâncias.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 25 de novembro de 2012
OCASO E NOME
No ocaso do nome repetido
no refrão da música traduzida
no avesso do sentido entrevisto
na delicadeza do carrasco
perguntando entre grades
aos guardados homens
de condenações diversas
na diversidade dos nomes
não o nome do escolhido
para o sacrifício: o ocaso
do nome no tirar o corpo
ao consagrado gesto
das mortes anunciadas
o ocaso precede o nome
no batismo inominável
do trajeto onde permanece
até o carrasco perguntar
com delicadeza apropriada
o nome carregado
do nome o caso retira o gosto
e a propriedade em se dizer
presente: mente ao carrasco
o nome aposto e no ocaso
se encerra inominado.
(Pedro Du Bois, inédito)
no refrão da música traduzida
no avesso do sentido entrevisto
na delicadeza do carrasco
perguntando entre grades
aos guardados homens
de condenações diversas
na diversidade dos nomes
não o nome do escolhido
para o sacrifício: o ocaso
do nome no tirar o corpo
ao consagrado gesto
das mortes anunciadas
o ocaso precede o nome
no batismo inominável
do trajeto onde permanece
até o carrasco perguntar
com delicadeza apropriada
o nome carregado
do nome o caso retira o gosto
e a propriedade em se dizer
presente: mente ao carrasco
o nome aposto e no ocaso
se encerra inominado.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
TOSCO
Tosco espírito
amaldiçoado no personagem:
sob o manto semeia
tempestades.
Ressoam avisos
inconclusos: a escuridão
esconde a face.
A forma imprecisa do espírito
na descorporificada imagem.
Na sobra
na dobra
onde se esconde o tosco
na reafirmação do mistério.
(Pedro Du Bois, inédito)
amaldiçoado no personagem:
sob o manto semeia
tempestades.
Ressoam avisos
inconclusos: a escuridão
esconde a face.
A forma imprecisa do espírito
na descorporificada imagem.
Na sobra
na dobra
onde se esconde o tosco
na reafirmação do mistério.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
AMAR
O verão próximo
quente
e úmido
umidade transportada ao pólen
da flor esquematizada: cripto
corpo oferecido aos deuses
o verão: aproximo os olhos
da janela e percebo o calor
abrasivo da passagem
unidade comportada dos amares
esquematizados em flores colhidas
na paisagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
quente
e úmido
umidade transportada ao pólen
da flor esquematizada: cripto
corpo oferecido aos deuses
o verão: aproximo os olhos
da janela e percebo o calor
abrasivo da passagem
unidade comportada dos amares
esquematizados em flores colhidas
na paisagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
APATIA
Apática criatura endurecida em barro.
Sobre sua hora são feitas as partes
das saídas: no horizonte anterior
da ultrapassagem sua vontade
escorre o fel de viver em textos
apresentados em retalhos:
sobre a apática criatura refulgem dias
descontados aos deuses perfilados
em homenagem e seus nomes contém
a essência do conhecido no mundo
ilusório em sentidos
ouço sua apatia
criatura inerte
no tamborilar dos dedos
no arrastar da cadeira
na tosse de reconhecimento
apática criatura desprovida da curiosidade
atávica dos elementos. Barro refeito em
deformações: o saber da inutilidade
nas respostas e o descalabro da busca.
(Pedro Du Bois, inédito)
Sobre sua hora são feitas as partes
das saídas: no horizonte anterior
da ultrapassagem sua vontade
escorre o fel de viver em textos
apresentados em retalhos:
sobre a apática criatura refulgem dias
descontados aos deuses perfilados
em homenagem e seus nomes contém
a essência do conhecido no mundo
ilusório em sentidos
ouço sua apatia
criatura inerte
no tamborilar dos dedos
no arrastar da cadeira
na tosse de reconhecimento
apática criatura desprovida da curiosidade
atávica dos elementos. Barro refeito em
deformações: o saber da inutilidade
nas respostas e o descalabro da busca.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 17 de novembro de 2012
JARDIM
No jardim inexistente
desenho flores ilusórias
deixo-me ficar sob
a sombra das horas
pássaros inconsequentes
esvoaçam meus sentidos
seus gritos realizam
minha devolução ao concreto.
(Pedro Du Bois, inédito)
desenho flores ilusórias
deixo-me ficar sob
a sombra das horas
pássaros inconsequentes
esvoaçam meus sentidos
seus gritos realizam
minha devolução ao concreto.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
GRITO
Escuto gritos: crianças
brincam. Gritos são
mensagens de descobertas.
Não há grito na voz que clama
pela minha juventude. Calado
tempo em erros. Arbítrio
em canto de despedida.
Diferenças opostas aos gestos
guardo o grito da mocidade:
preso no irrisório destino
afeito ao progresso rejeito
o som enclausurado
dos contratos.
Das crianças mantenho a vontade
em aceitar a ruptura induzida
nos gritos de liberdade.
(Pedro Du Bois, inédito)
brincam. Gritos são
mensagens de descobertas.
Não há grito na voz que clama
pela minha juventude. Calado
tempo em erros. Arbítrio
em canto de despedida.
Diferenças opostas aos gestos
guardo o grito da mocidade:
preso no irrisório destino
afeito ao progresso rejeito
o som enclausurado
dos contratos.
Das crianças mantenho a vontade
em aceitar a ruptura induzida
nos gritos de liberdade.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 13 de novembro de 2012
NOME
Sou pedra aposta ao nome
áspero ser gentil
de outono
sério arlequim atravessado
em sonos
ínfima parte decomposta
em tombo
remanescente palavra esquecida
ao instante
carrego o nome apropriado
no caminhar disposto
sobre esta terra:
vias terciárias e o fragor
do vento rola a esfera
enquadrada no átimo
da sobrevivência
externo sentimento recolhido no óbice
trânsfuga da espera realizada em antes
tal pedras afloradas no tanto
das descobertas.
(Pedro Du Bois, inédito)
áspero ser gentil
de outono
sério arlequim atravessado
em sonos
ínfima parte decomposta
em tombo
remanescente palavra esquecida
ao instante
carrego o nome apropriado
no caminhar disposto
sobre esta terra:
vias terciárias e o fragor
do vento rola a esfera
enquadrada no átimo
da sobrevivência
externo sentimento recolhido no óbice
trânsfuga da espera realizada em antes
tal pedras afloradas no tanto
das descobertas.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
VIA RÁPIDA
Com alegria, informo que amanhã, dia 10.11, às 16 horas,
estarei lançando meu novo livro, VIA RÁPIDA, na 26ª
Feira do Livro de Passo Fundo:
Ilustrações de Eduardo e Layla Barbosa.
Capa com fragmento de obra de Silvana Oliveira,
Contra-capa de Marco Antônio Damian,
Prefácio de Paulo Monteiro,
Posfácio de Geraldo Fernandes,
4a. capa de Gilberto da Cunha.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012
SAIR
De onde saem as razões
do que está escrito:
sob lençóis repassam
corpos no despreparo
do sexo carcomido
em lamentos impuros
falsa novela
escrita em termos inférteis
onde pássaros se incluem
como crianças:
sob o brandir das armas
apagadas luzes civilizatórias
em propagandas enganam
dizeres de avessos sabores
na irracionalidade da música
guerreira dos aborígenes:
sob o rochedo a terra
se oferta aos espíritos
em extremos amorosos.
(Pedro Du Bois, inédito)
do que está escrito:
sob lençóis repassam
corpos no despreparo
do sexo carcomido
em lamentos impuros
falsa novela
escrita em termos inférteis
onde pássaros se incluem
como crianças:
sob o brandir das armas
apagadas luzes civilizatórias
em propagandas enganam
dizeres de avessos sabores
na irracionalidade da música
guerreira dos aborígenes:
sob o rochedo a terra
se oferta aos espíritos
em extremos amorosos.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 3 de novembro de 2012
ODISSEIA
Pode ter sua odisseia: repetir
caminhos demonstrados em reportagens
aleatórias de marés não navegadas,
a velha senhora sem humor, o homem
desagregado em razões. Nas mãos
os pães do entendimento, a bebida
entorpecente dos enamorados. O final
feliz da história reescrita: repetir
os versos do poeta sepultado
no mar das ocorrências.
Situado no epicentro da hora
submetida à morte dos sonhos
nos versos recolhidos ao acaso.
Não a odisseia em comentários vazios
nas corridas ao longo do prazo.
Repetido na simplicidade das situações
famosas a odisseia resume os saltos
em que as alturas adormecem o físico
e barreiras são ultrapassadas em medo.
Pode ser a odisseia em metros
percorridos em busca de trabalho.
(Pedro Du Bois, inédito)
caminhos demonstrados em reportagens
aleatórias de marés não navegadas,
a velha senhora sem humor, o homem
desagregado em razões. Nas mãos
os pães do entendimento, a bebida
entorpecente dos enamorados. O final
feliz da história reescrita: repetir
os versos do poeta sepultado
no mar das ocorrências.
Situado no epicentro da hora
submetida à morte dos sonhos
nos versos recolhidos ao acaso.
Não a odisseia em comentários vazios
nas corridas ao longo do prazo.
Repetido na simplicidade das situações
famosas a odisseia resume os saltos
em que as alturas adormecem o físico
e barreiras são ultrapassadas em medo.
Pode ser a odisseia em metros
percorridos em busca de trabalho.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
CANSAÇO
Sou o cansaço
no fundo da consciência
começo a conversa
e retiro a continuação da memória
a desorientação na remessa
ao fundo da consciência
reinicio a conversa
e guardo as palavras
sobre palavras: fecho os olhos
identifico o lugar
a hora
a angústia da lembrança
no desenlace ocorrido
ao nada refeito
do cansaço.
(Pedro Du Bois, inédito)
no fundo da consciência
começo a conversa
e retiro a continuação da memória
a desorientação na remessa
ao fundo da consciência
reinicio a conversa
e guardo as palavras
sobre palavras: fecho os olhos
identifico o lugar
a hora
a angústia da lembrança
no desenlace ocorrido
ao nada refeito
do cansaço.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 30 de outubro de 2012
DESCOBRIR
Ter do espírito aventureiro de outrora
a ousadia de voltar ao ponto de partida
sem anúncios publicitários
reportagens em revistas
manchetes em jornais
locutores no noticiário
retornar: simplesmente sentar
à beira d'água e jogar a rede
recolher na rede trançada
em nadas
a ilusão da descoberta.
(Pedro Du Bois, inédito)
a ousadia de voltar ao ponto de partida
sem anúncios publicitários
reportagens em revistas
manchetes em jornais
locutores no noticiário
retornar: simplesmente sentar
à beira d'água e jogar a rede
recolher na rede trançada
em nadas
a ilusão da descoberta.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 28 de outubro de 2012
MARINA
A filha reflete a proximidade: pessoa
definida desde o nascimento
traz seus pais em gestos.
Contorna na criação o esforço
e traduz em atos sua liberdade.
Contém a diversão de quem sabe
ser a temeridade aliviada das tensões.
Reflexo do amor: reflete.
(Pedro Du Bois, inédito)
definida desde o nascimento
traz seus pais em gestos.
Contorna na criação o esforço
e traduz em atos sua liberdade.
Contém a diversão de quem sabe
ser a temeridade aliviada das tensões.
Reflexo do amor: reflete.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
LUÍSA
A pouca idade incentiva a descoberta: mãos
suavizam cordas. O corpo se oferece à água.
Em crescimento adota curiosidades. O previsível
desenha enlaces: age no acordar da coerência.
Olhos afixados em interesses: sabe ser constante.
(Pedro Du Bois, inédito)
suavizam cordas. O corpo se oferece à água.
Em crescimento adota curiosidades. O previsível
desenha enlaces: age no acordar da coerência.
Olhos afixados em interesses: sabe ser constante.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
JÚLIA
Esguio corpo em crescimento. O sorriso
presente. Movimentos. Sua argúcia convence
o interlocutor em danças: baila salões.
Nada se opõe: nem águas aprofundam
diferenças. A voz acrescenta o sentido
das pontes na construção do futuro.
(Pedro Du Bois, inédito)
presente. Movimentos. Sua argúcia convence
o interlocutor em danças: baila salões.
Nada se opõe: nem águas aprofundam
diferenças. A voz acrescenta o sentido
das pontes na construção do futuro.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 23 de outubro de 2012
BREVE ILUSTRAÇÃO SOBRE O (MEU) SENTIMENTO
Fazemos sexo durante o tanto
em que estamos juntos. Olhos nos olhos
nos penetramos. Nossas mãos
seguram a cama.
Somos um e únicos.
Tenho você comigo
na imagem indelével
do passado. Estou
permanentemente em você:
esboço e traço sob a pele.
(Pedro Du Bois, Brevidades, 53; Editora Projeto Passo Fundo, 2012)
em que estamos juntos. Olhos nos olhos
nos penetramos. Nossas mãos
seguram a cama.
Somos um e únicos.
Tenho você comigo
na imagem indelével
do passado. Estou
permanentemente em você:
esboço e traço sob a pele.
(Pedro Du Bois, Brevidades, 53; Editora Projeto Passo Fundo, 2012)
domingo, 21 de outubro de 2012
BREVE RELATO SOBRE A (MINHA) NATUREZA
Conhecida na origem
a preocupação se mantém
no estilo
de vida: naturalmente
compelido ao trabalho
salto o adestramento.
Venho como elemento ativo no processo.
Sou ponto e vírgula e descaminhos
tramados na linguagem: significado.
(Pedro Du Bois, Brevidades, 43; Editora Projeto Passo Fundo, 2012)
a preocupação se mantém
no estilo
de vida: naturalmente
compelido ao trabalho
salto o adestramento.
Venho como elemento ativo no processo.
Sou ponto e vírgula e descaminhos
tramados na linguagem: significado.
(Pedro Du Bois, Brevidades, 43; Editora Projeto Passo Fundo, 2012)
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
BREVE APANHADO SOBRE A (MINHA) LUCIDEZ
Permito-me a lucidez: vejo a árvore e os frutos;
desfaço a cama e guardo as cobertas. Visto na roupa
a imagem trazida no regresso. Da casa retenho
a tinta das paredes; nos vidros da janela vejo
a poeira acumulada. Recorro à figura armazenada
e retiro a essência. A lucidez me repete
fatos intercalados.
Invado o lúdico e me deparo com a reserva
ao conhecimento. Cumprimento a sombra
do que sou e deixo arrolado o tanto procurado.
A lucidez contém luzes enfeitiçadas de verdades.
A lucidez é meu cansaço.
(Pedro Du Bois, Brevidades, 1; Editora Projeto Passo Fundo, 2012)
desfaço a cama e guardo as cobertas. Visto na roupa
a imagem trazida no regresso. Da casa retenho
a tinta das paredes; nos vidros da janela vejo
a poeira acumulada. Recorro à figura armazenada
e retiro a essência. A lucidez me repete
fatos intercalados.
Invado o lúdico e me deparo com a reserva
ao conhecimento. Cumprimento a sombra
do que sou e deixo arrolado o tanto procurado.
A lucidez contém luzes enfeitiçadas de verdades.
A lucidez é meu cansaço.
(Pedro Du Bois, Brevidades, 1; Editora Projeto Passo Fundo, 2012)
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
REPETIÇÕES
Repito passos sobrepostos
ao inibir o inimigo sobre a revolta
reavisto a mata
em sua cobertura verde
da pradaria na solidão das flores
e águas descendo em riachos
revolvo na terra
pedras na cristalização
do magma transposto aos ares
reparto o espaço inicial da imagem
e me sei parte atômica das lágrimas.
(Pedro Du Bois, inédito)
ao inibir o inimigo sobre a revolta
reavisto a mata
em sua cobertura verde
da pradaria na solidão das flores
e águas descendo em riachos
revolvo na terra
pedras na cristalização
do magma transposto aos ares
reparto o espaço inicial da imagem
e me sei parte atômica das lágrimas.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 6 de outubro de 2012
NOMES
Ávido em retornos
o homem
sem nome colocado
chama a si mesmo
pelo nome aposto
em vontade
ser oriundo para onde vai
em passos de retorno
tem o nome carregado
na voz com que repete
o som da lembrança.
(Pedro Du Bois, inédito)
o homem
sem nome colocado
chama a si mesmo
pelo nome aposto
em vontade
ser oriundo para onde vai
em passos de retorno
tem o nome carregado
na voz com que repete
o som da lembrança.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
ESQUECER
Reviso o vício
subtraio o tempo
divido a dose
inicial dos dias
a noite
se faz longe.
(Pedro Du Bois, inédito)
subtraio o tempo
divido a dose
inicial dos dias
a noite
se faz longe.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 2 de outubro de 2012
OUVIR
Na canção
choro mágoas
desconsideradas
que na música repetem
refrões estéticos
de esquecimentos
no final do canto
o tempo inerente
desfia razões ultrapassadas
ao canto ilusório
do passado e me afasto
em silêncio.
(Pedro Du Bois, inédito)
choro mágoas
desconsideradas
que na música repetem
refrões estéticos
de esquecimentos
no final do canto
o tempo inerente
desfia razões ultrapassadas
ao canto ilusório
do passado e me afasto
em silêncio.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 30 de setembro de 2012
A CASA
A casa fecha suas saídas
dentro
sufoco
na repetição das imagens
refaço
a ideia do trajeto
repito
o gesto desamparado
de estar preso
abro o possível
e me distancio
em arcos
acessíveis
ao estar vivo
a casa fechada em saídas
sustenta minha vontade
em repetições.
(Pedro Du Bois, inédito)
dentro
sufoco
na repetição das imagens
refaço
a ideia do trajeto
repito
o gesto desamparado
de estar preso
abro o possível
e me distancio
em arcos
acessíveis
ao estar vivo
a casa fechada em saídas
sustenta minha vontade
em repetições.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
ESTAR
Perdido em florestas úmidas
de regressos deixo ficar
o tempo desnecessário da angústia
com que amores mal conduzidos
serenam ânimos e desprezam
corpos conhecidos: participo
da hora e na guerra minha mão
defende a honra e a pátria
agradecida retorna em ondas
descumpridas: ingratidão
sobreposta ao ânimo. Naufrago
mares de águas rasas e na claridade
do fundo vejo peixes embora
meu corpo decomposto retorne
à superfície. Refaço o caminho
revisto no interior do nada
de onde retiro o que preciso:
a necessidade embute a saudade
e a revela em murmúrios
de sonhos irrealizáveis.
(Pedro Du Bois, inédito)
de regressos deixo ficar
o tempo desnecessário da angústia
com que amores mal conduzidos
serenam ânimos e desprezam
corpos conhecidos: participo
da hora e na guerra minha mão
defende a honra e a pátria
agradecida retorna em ondas
descumpridas: ingratidão
sobreposta ao ânimo. Naufrago
mares de águas rasas e na claridade
do fundo vejo peixes embora
meu corpo decomposto retorne
à superfície. Refaço o caminho
revisto no interior do nada
de onde retiro o que preciso:
a necessidade embute a saudade
e a revela em murmúrios
de sonhos irrealizáveis.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
ESPETÁCULO
Diz da vida
o espetáculo
apequenado
a vida em subterfúgio
corta a passagem
do espírito incorporado
o peso gravitacional
segura o espetáculo
em curtos saltos
e algumas cambalhotas
ao acrobata cabe
reduzir o atrito
(que)
na fuga o ar
pesa ao contrário.
(Pedro Du Bois, inédito)
o espetáculo
apequenado
a vida em subterfúgio
corta a passagem
do espírito incorporado
o peso gravitacional
segura o espetáculo
em curtos saltos
e algumas cambalhotas
ao acrobata cabe
reduzir o atrito
(que)
na fuga o ar
pesa ao contrário.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
DOBRAR
A dobra esconde o todo
reduz o gesto no mínimo preenchido
destoa o barulho
na consequência
do feito
dobra o corpo em reverência
ao espírito autoritário dos dias
em que se desdobram ritos
alterados em silêncio
ao longo do caminho.
(Pedro Du Bois, inédito)
reduz o gesto no mínimo preenchido
destoa o barulho
na consequência
do feito
dobra o corpo em reverência
ao espírito autoritário dos dias
em que se desdobram ritos
alterados em silêncio
ao longo do caminho.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 22 de setembro de 2012
COMER
Repouso o olhar
na mão que introduz
o pouco
a suficiência da permanência
quase nada do desgosto
agastado tento alcançar
o pulso, em retirada
procuro seguir a ideia
de ir embora
o corpo se debate em grade
jogo a comida fora
faminto me descubro
ignorado sob o pano
escuro dos esconderijos.
(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS, V)
na mão que introduz
o pouco
a suficiência da permanência
quase nada do desgosto
agastado tento alcançar
o pulso, em retirada
procuro seguir a ideia
de ir embora
o corpo se debate em grade
jogo a comida fora
faminto me descubro
ignorado sob o pano
escuro dos esconderijos.
(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS, V)
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
TESE
Apresenta a possibilidade indiciada
de o fato acontecer sem ser ao acaso
no trabalho pesquisa
a ordem natural do ocaso
a pesquisa traduz o fato
em repetições estéreis
na possibilidade concretizada
reduz o fato ao seu significado
e o transforma no objeto
perceptível do acaso
na demonstração o fato
se multiplica em esquecimentos.
(Pedro Du Bois, inédito)
de o fato acontecer sem ser ao acaso
no trabalho pesquisa
a ordem natural do ocaso
a pesquisa traduz o fato
em repetições estéreis
na possibilidade concretizada
reduz o fato ao seu significado
e o transforma no objeto
perceptível do acaso
na demonstração o fato
se multiplica em esquecimentos.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 18 de setembro de 2012
RESPOSTAS
Quando me perguntam
se nada vale a pena
costumo responder
sempre há o que lembrar
nas sextas-feiras
após os demais
irem dormir
seus sonhos.
(Pedro Du Bois, inédito)
se nada vale a pena
costumo responder
sempre há o que lembrar
nas sextas-feiras
após os demais
irem dormir
seus sonhos.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 16 de setembro de 2012
ENLOUQUECER
para as pessoas
enlouquecidas
em vozes interiores
escrevo
querer apenas
ouvir
a minha voz
o silêncio constrange
desarvora
apavora.
(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS, XLII)
enlouquecidas
em vozes interiores
escrevo
querer apenas
ouvir
a minha voz
o silêncio constrange
desarvora
apavora.
(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS, XLII)
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
IMITAÇÕES
Sobre os animais pouco diz
imita suas falas
imita seus gestos
dorme sobre a pedra
dorme sob a casa
corre em direção ao seu dono
morde o seu dono
trai o seu dono
sobre os animais conta histórias
de tempos anteriores: justifica
os atos praticados
amarrado pelo pescoço
é deixado junto à porta.
(Pedro Du Bois, inédito)
imita suas falas
imita seus gestos
dorme sobre a pedra
dorme sob a casa
corre em direção ao seu dono
morde o seu dono
trai o seu dono
sobre os animais conta histórias
de tempos anteriores: justifica
os atos praticados
amarrado pelo pescoço
é deixado junto à porta.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
REFLORESTAR
Refloresto a vida
em arbustos
que não impeçam
a visão da vinda
a luz incide
sobre a calçada
onde passeio
a escuridão da pedra
tomada pelo centro
inibe o reconhecimento
do trabalho feito
para o sustento
a vida reflorestada
em significados
concretados ao meio
onde vivo.
(Pedro Du Bois, inédito)
em arbustos
que não impeçam
a visão da vinda
a luz incide
sobre a calçada
onde passeio
a escuridão da pedra
tomada pelo centro
inibe o reconhecimento
do trabalho feito
para o sustento
a vida reflorestada
em significados
concretados ao meio
onde vivo.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
COMEÇO
Vasos: meros apetrechos
de povos inaugurais da arte
mulheres moldadas
repetiam em barro
a renovação
a espécie em que a terra
fornece sua força e a recupera
em plantas repartidas
as mulheres emolduradas
em cavernas sabiam
da terra retirar o alento.
(Pedro Du Bois, inédito)
de povos inaugurais da arte
mulheres moldadas
repetiam em barro
a renovação
a espécie em que a terra
fornece sua força e a recupera
em plantas repartidas
as mulheres emolduradas
em cavernas sabiam
da terra retirar o alento.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 8 de setembro de 2012
FALAR
Desligo a tela
o silêncio obscurece a sala
o lado principia
a fala onde me calo
no todo percebo
o não entremeado
atento ao sentido
percebo a luz: encaminho
o corpo ao descanso
o lado ao lado
prenuncia a tela descolorida
verdade seja dita: no antigo continente
pássaros ressurgem em telas desligadas
todos os lados presentes
falam ao mesmo tempo.
(Pedro Du Bois, inédito)
o silêncio obscurece a sala
o lado principia
a fala onde me calo
no todo percebo
o não entremeado
atento ao sentido
percebo a luz: encaminho
o corpo ao descanso
o lado ao lado
prenuncia a tela descolorida
verdade seja dita: no antigo continente
pássaros ressurgem em telas desligadas
todos os lados presentes
falam ao mesmo tempo.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
SOPRO
Pelos séculos lembrada
a pedra permanece imóvel
dentro, o sopro trazido
não realiza sua troca
por milênios não lembrada
a pedra permanece à espera do contato
dentro, o sopro se desfaz
em gases aprisionados
pelos tempos desconsiderados
a pedra permanece ao alcance do toque
dentro, o sopro se reserva
no direito de ficar
pelos instantes contados em horas
a pedra permanece enquanto pedra
dentro, o sopro do corpo
é mensagem que sucumbe à água.
(Pedro Du Bois, inédito)
a pedra permanece imóvel
dentro, o sopro trazido
não realiza sua troca
por milênios não lembrada
a pedra permanece à espera do contato
dentro, o sopro se desfaz
em gases aprisionados
pelos tempos desconsiderados
a pedra permanece ao alcance do toque
dentro, o sopro se reserva
no direito de ficar
pelos instantes contados em horas
a pedra permanece enquanto pedra
dentro, o sopro do corpo
é mensagem que sucumbe à água.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 4 de setembro de 2012
FIBRAS
O animal se adianta
ao grupo
cheira o inerme corpo
indisposto no caminho
reconhece o gosto
ataca
e repele o grupo
de onde se destaca
o animal satisfeito
se retira
o grupo
busca nos ossos
a última fibra.
(Pedro Du Bois, inédito)
ao grupo
cheira o inerme corpo
indisposto no caminho
reconhece o gosto
ataca
e repele o grupo
de onde se destaca
o animal satisfeito
se retira
o grupo
busca nos ossos
a última fibra.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 2 de setembro de 2012
ESCOLHAS
O retorno materializado
no encontro da bifurcação:
repete as decisões
em sentido oposto
reencontra a decisão alternativa
onde se reporta ao lado oposto
unifica os lados
e volta ao início
vive
ou morre
nasce
ou morre
no retorno: reencontra o espaço
desperdiçado em escolhas
e o recolhe ao contato
com que o útero
frutifica a espécie.
(Pedro Du Bois, inédito)
no encontro da bifurcação:
repete as decisões
em sentido oposto
reencontra a decisão alternativa
onde se reporta ao lado oposto
unifica os lados
e volta ao início
vive
ou morre
nasce
ou morre
no retorno: reencontra o espaço
desperdiçado em escolhas
e o recolhe ao contato
com que o útero
frutifica a espécie.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
AMANHÃS
Amanhã
não me farei
presente
a viagem rancorosa
dos navios mercantes
levará a carga
ao desatino
mares navegados
em águas sujas
bares visitados
em sujas águas
amanhã não direi
presente à chamada
a viagem ressurgente
enviará flores
ao destino.
(Pedro Du Bois, inédito)
não me farei
presente
a viagem rancorosa
dos navios mercantes
levará a carga
ao desatino
mares navegados
em águas sujas
bares visitados
em sujas águas
amanhã não direi
presente à chamada
a viagem ressurgente
enviará flores
ao destino.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
DESCOSTURADO
Descosturado: a sina do espantalho.
Riso de pássaros descompromissados
com as regras estabelecidas aos anteriores.
Imóvel, repete na imobilidade os gestos
conhecidos onde a vida atravessa
as razões dos sentidos obrigatórios.
Refém, na roupa e no chapéu repete
a cena do que tarda a se locomover.
Espetado, sofre as consquências de estar
presente e se ausentar ao todo
fragmentado do que está à frente.
Sente no murmúrio o indizível do esvoaçar
do pássaro e se surpreende em descosturas
refeitas aos ventos: o temporal assusta
os pássaros e dá movimentos desordenados
ao espantalho sorridente.
(Pedro Du Bois, inédito)
Riso de pássaros descompromissados
com as regras estabelecidas aos anteriores.
Imóvel, repete na imobilidade os gestos
conhecidos onde a vida atravessa
as razões dos sentidos obrigatórios.
Refém, na roupa e no chapéu repete
a cena do que tarda a se locomover.
Espetado, sofre as consquências de estar
presente e se ausentar ao todo
fragmentado do que está à frente.
Sente no murmúrio o indizível do esvoaçar
do pássaro e se surpreende em descosturas
refeitas aos ventos: o temporal assusta
os pássaros e dá movimentos desordenados
ao espantalho sorridente.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
EXTREMOS
Dos extremos
pensa: começo e fim
alcança: origem e desconhecimento
acrescenta: fora e dentro
integra: acima e abaixo
desdiz: sim e não
explica: cedo e tarde
jura: deuses e demônios
antecipa: ontem e amanhã
simplifica: vai e volta
radicaliza: ama e é amado
consegue: aparece e desaparece
a mágica convive
nos extremos
e os traz ao centro
condensados em hoje.
(Pedro Du Bois, inédito)
pensa: começo e fim
alcança: origem e desconhecimento
acrescenta: fora e dentro
integra: acima e abaixo
desdiz: sim e não
explica: cedo e tarde
jura: deuses e demônios
antecipa: ontem e amanhã
simplifica: vai e volta
radicaliza: ama e é amado
consegue: aparece e desaparece
a mágica convive
nos extremos
e os traz ao centro
condensados em hoje.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 25 de agosto de 2012
BUSCA
Cessada a busca
bússola indiferente ao rumo
permanece em seu mundo
interior
descolore as luzes
com que os dias
se apresentam
guarda o cinzento
espaço antecedente
ao espírito desacompanhado
fechada a casa
do lado de fora
permanece à espera.
(Pedro Du Bois, inédito)
bússola indiferente ao rumo
permanece em seu mundo
interior
descolore as luzes
com que os dias
se apresentam
guarda o cinzento
espaço antecedente
ao espírito desacompanhado
fechada a casa
do lado de fora
permanece à espera.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
TEMPOS
Reclama os desfazeres
exige o cumprimento do termo
redigido para ser feito
ontem antes da hora
invade o texto e o declara
culpado por não estar pronto
reclama da velocidade
com que sua vida
passa e vai embora.
(Pedro Du Bois, inédito)
exige o cumprimento do termo
redigido para ser feito
ontem antes da hora
invade o texto e o declara
culpado por não estar pronto
reclama da velocidade
com que sua vida
passa e vai embora.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 21 de agosto de 2012
HISTÓRIAS
O discorrer fragilizado
do embuste: verdade
declarada no feito
não acontecido
refaço no trato o tom
lamurioso do esteta
proíbo ao interlocutor
afirmar verdades
desproporcionadas
(a história considerada
em sua oficialidade).
(Pedro Du Bois, inédito)
do embuste: verdade
declarada no feito
não acontecido
refaço no trato o tom
lamurioso do esteta
proíbo ao interlocutor
afirmar verdades
desproporcionadas
(a história considerada
em sua oficialidade).
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 19 de agosto de 2012
ESTRANGEIRO
como estrangeiro
rejeita o afeto
dispensa o fato
não alcança a razão
do encontro
o estrangeiro se liberta da terra
em andarilhos passos
se afasta
do passado
e penetra
onde se debate
no extremo
do desconhecimento
como estangeiro traz
a vida
e a morte.
(Pedro Du Bois, inédito)
rejeita o afeto
dispensa o fato
não alcança a razão
do encontro
o estrangeiro se liberta da terra
em andarilhos passos
se afasta
do passado
e penetra
onde se debate
no extremo
do desconhecimento
como estangeiro traz
a vida
e a morte.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
CADEIRA
Na cadeira assenta
a vida sem o progresso
denunciado: fica em casa
amuado a pensar o acento
circunflexo no plural do verbo
a parede reflete o calor
na desforra do tempo
dispensado: o corpo sentado
escuta o arrulho do pássaro
engaiolado na frente
da casa deserta
na vida o remorso confunde
o espírito e o corpo cede
ao cansaço.
(Pedro Du Bois, inédito)
a vida sem o progresso
denunciado: fica em casa
amuado a pensar o acento
circunflexo no plural do verbo
a parede reflete o calor
na desforra do tempo
dispensado: o corpo sentado
escuta o arrulho do pássaro
engaiolado na frente
da casa deserta
na vida o remorso confunde
o espírito e o corpo cede
ao cansaço.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
FECHAR OS OLHOS
Nos olhos fechados
insondáveis
registros da posteridade:
aos mortos cabe o direito
ao nome
datas
fotografia
a família chora a perda
aos vivos cabem os trabalhos
das exéquias e as lembranças
a perda se coaduna
ao relento: a porta
é fechada.
(Pedro Du Bois, inédito)
insondáveis
registros da posteridade:
aos mortos cabe o direito
ao nome
datas
fotografia
a família chora a perda
aos vivos cabem os trabalhos
das exéquias e as lembranças
a perda se coaduna
ao relento: a porta
é fechada.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
PALAVRA
a palavra incessante
do sentimento anímico
retraída em si
extravasa a forma
na composição
inerente
distribuída no texto
condensada no canto
e no silêncio: refeita em trajetos
interrompe e ressurge
no descompasso
a palavra inicial do (a)firmamento
no grito apavorado da perda
e lamento.
(Pedro Du Bois, inédito)
do sentimento anímico
retraída em si
extravasa a forma
na composição
inerente
distribuída no texto
condensada no canto
e no silêncio: refeita em trajetos
interrompe e ressurge
no descompasso
a palavra inicial do (a)firmamento
no grito apavorado da perda
e lamento.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 11 de agosto de 2012
ÚLTIMO
Sou o último
e vago refém
do absurdo: vejo você nua
e ausente
dos sobressaltos
ser o último me remete
ao início fortuito
de estar presente: sua nudez
completada no lusco-fusco
das luzes amareladas
no último instante
lembro seu corpo
desnudado em ofertas.
(Pedro Du Bois, inédito)
e vago refém
do absurdo: vejo você nua
e ausente
dos sobressaltos
ser o último me remete
ao início fortuito
de estar presente: sua nudez
completada no lusco-fusco
das luzes amareladas
no último instante
lembro seu corpo
desnudado em ofertas.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
CENTRO
Seu centro
canto hipotético
da escuridão
afeita ao destino
(onde se perde
e se encontra)
ponto lateral debatido
em verbos de racionalidade
- angustiosa maneira
de estar perdido.
(Pedro Du Bois, inédito)
canto hipotético
da escuridão
afeita ao destino
(onde se perde
e se encontra)
ponto lateral debatido
em verbos de racionalidade
- angustiosa maneira
de estar perdido.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 7 de agosto de 2012
FORMA
Busca na forma reconhecer
alguém disforme ao corpo
conhecido outrora
na grama úmida de pés
apressados reconhece
o inteiro corpo
a forma o surpreende
no que se transforma
e sonha a inteireza
do corpo abandonado.
(Pedro Du Bois, inédito)
alguém disforme ao corpo
conhecido outrora
na grama úmida de pés
apressados reconhece
o inteiro corpo
a forma o surpreende
no que se transforma
e sonha a inteireza
do corpo abandonado.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 5 de agosto de 2012
APENAS
Apenas o começo
pensa o fim
no meio sobreposto
ao antes
dividido
em depois
depois pensa
o tormento
da véspera
indisposta
em dias subsequentes
de horas em agonia
(a lembrança embota a vontade
da liberdade: concretiza o passado).
(Pedro Du Bois, inédito)
pensa o fim
no meio sobreposto
ao antes
dividido
em depois
depois pensa
o tormento
da véspera
indisposta
em dias subsequentes
de horas em agonia
(a lembrança embota a vontade
da liberdade: concretiza o passado).
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
METAMORFOSE
Ao se reconhecer
ultrapassa a forma
inicial: decresce ao sabor
das mãos que amoldam
as faces. Afasta o cinzel
e a pedra atravessa a hora
ao espelho oferece a imagem
que o transforma em nova
forma transitória.
(Pedro Du Bois, inédito)
ultrapassa a forma
inicial: decresce ao sabor
das mãos que amoldam
as faces. Afasta o cinzel
e a pedra atravessa a hora
ao espelho oferece a imagem
que o transforma em nova
forma transitória.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
TECER
Com as mãos
tece
do tecido
corta a peça
da peça
costura a roupa
que veste
vestida esconde o corpo
que sua mão
tece.
(Pedro Du Bois, inédito)
tece
do tecido
corta a peça
da peça
costura a roupa
que veste
vestida esconde o corpo
que sua mão
tece.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 30 de julho de 2012
DEFINIR
Da palavra não escrevo o nome
encontrado no dicionário
(desgastado nome
por todos conhecido)
escrevo o nome sob outro nome
encontrado em dicionários
(desgastado na formulação
original)
junto os nomes: original
emprestado
em novo significado
(agastado ao dicionário
em significação)
os nomes são renovados
até que tenham o conteúdo
em único nome
(na simplificação
do dicionário).
(Pedro Du Bois, inédito)
encontrado no dicionário
(desgastado nome
por todos conhecido)
escrevo o nome sob outro nome
encontrado em dicionários
(desgastado na formulação
original)
junto os nomes: original
emprestado
em novo significado
(agastado ao dicionário
em significação)
os nomes são renovados
até que tenham o conteúdo
em único nome
(na simplificação
do dicionário).
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 28 de julho de 2012
VIDAS
Devasso homem
de cabelos brancos
estaciona o carro
no lugar escuro
confessa ao dia
em nascimento
o tormento de haver
passado a noite
entre ruas vazias
de sentimentos
olha o dia amanhecido
e o choro o deforma
em criança.
(Pedro Du Bois, inédito)
de cabelos brancos
estaciona o carro
no lugar escuro
confessa ao dia
em nascimento
o tormento de haver
passado a noite
entre ruas vazias
de sentimentos
olha o dia amanhecido
e o choro o deforma
em criança.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 26 de julho de 2012
TRAJETOS
Rápido
o foguete
some da minha vista
avisto o espaço
branco da passagem
pelo rádio o astronauta
transmite dados
sobre o vazio da viagem
busco as razões
da jornada
fecho a janela
cerro a cortina
desconecto os cabos
no escuro do quarto
sei da trajetória.
(Pedro Du Bois, inédito)
o foguete
some da minha vista
avisto o espaço
branco da passagem
pelo rádio o astronauta
transmite dados
sobre o vazio da viagem
busco as razões
da jornada
fecho a janela
cerro a cortina
desconecto os cabos
no escuro do quarto
sei da trajetória.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 24 de julho de 2012
FERA
Pelas razões de estar sentado
escrevendo fatos não acontecidos:
na mão a serpente envenena
o hábito em que me escondo
dos encontros
nos caminhos percorridos
em estradas entreabertas
ao castigo: a fera domesticada
em anos de entregas
retorna na irracionalidade
do corpo desperdiçado
no bote da serpente: nas razões
das palavras escritas na hora
da despedida sinto
o cansaço da fera e sua revolta
em grades: feras nos elementos
insanos do presente.
(Pedro Du Bois, inédito)
escrevendo fatos não acontecidos:
na mão a serpente envenena
o hábito em que me escondo
dos encontros
nos caminhos percorridos
em estradas entreabertas
ao castigo: a fera domesticada
em anos de entregas
retorna na irracionalidade
do corpo desperdiçado
no bote da serpente: nas razões
das palavras escritas na hora
da despedida sinto
o cansaço da fera e sua revolta
em grades: feras nos elementos
insanos do presente.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 22 de julho de 2012
ÁGUAS
O barulho da água
na limpeza do rosto
ecoa pelo ralo
desce pelo cano
armazena em tanques
nossa sujeira
nosso cheiro
nosso perfume
nossa parte lavada do rosto
a água apodrece na referência
do que somos por instantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
na limpeza do rosto
ecoa pelo ralo
desce pelo cano
armazena em tanques
nossa sujeira
nosso cheiro
nosso perfume
nossa parte lavada do rosto
a água apodrece na referência
do que somos por instantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 20 de julho de 2012
TEMPOS
Observa o tempo
marca o personagem
guarda o tempo
planta e colhe
frio
e calor
noite
e dia
esquece os deuses anteriores
e se distrai entre calendários
onde o gado nasce
onde a hora passa
onde a criança cresce
e o velho morre
reserva a data em que rememora
o tempo livre da caminhada.
(Pedro Du Bois, inédito)
marca o personagem
guarda o tempo
planta e colhe
frio
e calor
noite
e dia
esquece os deuses anteriores
e se distrai entre calendários
onde o gado nasce
onde a hora passa
onde a criança cresce
e o velho morre
reserva a data em que rememora
o tempo livre da caminhada.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 18 de julho de 2012
APOSTAS
Aposta sua sorte
no azar da resposta
dada ao destino
dados rolados sobre o verde
avançam sua vida destituída
a utopia expõe o precioso
metal desvalorizado
sua sorte fortuita em gestos
desmesurados: hoje
ontem
o amanhã
entrevisto
o prêmio azara os fatos
e os desmonta em novas
apostas.
(Pedro Du Bois, inédito)
no azar da resposta
dada ao destino
dados rolados sobre o verde
avançam sua vida destituída
a utopia expõe o precioso
metal desvalorizado
sua sorte fortuita em gestos
desmesurados: hoje
ontem
o amanhã
entrevisto
o prêmio azara os fatos
e os desmonta em novas
apostas.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 16 de julho de 2012
ESTILO
Preso ao estilo
flutuo palavras
afogo lágrimas
inundo campos
destruo paisagens
retorno ao leito
onde meu corpo exausto
coberto em extremos
sucumbe ao som
submerso de estilos
e vontades: livre do estilo
me conforto.
(Pedro Du Bois, inédito)
flutuo palavras
afogo lágrimas
inundo campos
destruo paisagens
retorno ao leito
onde meu corpo exausto
coberto em extremos
sucumbe ao som
submerso de estilos
e vontades: livre do estilo
me conforto.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 14 de julho de 2012
RITOS
Atravesso a ponte
na água solto as amarras
desço o rio
amarrado ao bote
que destroça
sob a ponte
ultrapassada
retornam pedaços flutuantes
e bóia o corpo encharcado
enquanto a ponte permanece
intacta.
(Pedro Du Bois, inédito)
na água solto as amarras
desço o rio
amarrado ao bote
que destroça
sob a ponte
ultrapassada
retornam pedaços flutuantes
e bóia o corpo encharcado
enquanto a ponte permanece
intacta.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 12 de julho de 2012
TERRAS
O mar atravessado
circula a terra conhecida
portos encontrados
acolhem corpos fixados
ao futuro dedica o brinde
da chegada: presente
no instante aterrado
o mar repele o corpo
do afogado: cabe providenciar
pássaros que o bicam
em ossos estalados
ao futuro cabe o agradecimento
representado na terra continuada.
(Pedro Du Bois, inédito)
circula a terra conhecida
portos encontrados
acolhem corpos fixados
ao futuro dedica o brinde
da chegada: presente
no instante aterrado
o mar repele o corpo
do afogado: cabe providenciar
pássaros que o bicam
em ossos estalados
ao futuro cabe o agradecimento
representado na terra continuada.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 10 de julho de 2012
PRISÕES
Após o primeiro cárcere
diminuto em metragem
vislumbro o próximo
ampliado em significados
o infindo horizonte
desenha a cela
onde trancafiado
o telescópio demonstra
em imagens a certeza
de ser prisioneiro
acelero minha velocidade
de deslocamento: entre celas
faço de conta
estar livre.
(Pedro Du Bois, inédito)
diminuto em metragem
vislumbro o próximo
ampliado em significados
o infindo horizonte
desenha a cela
onde trancafiado
o telescópio demonstra
em imagens a certeza
de ser prisioneiro
acelero minha velocidade
de deslocamento: entre celas
faço de conta
estar livre.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 8 de julho de 2012
ODISSEIA
O trabalho enfeita
o espaço: a nave
circunda o mundo
conhecido
o astronauta sabe do retorno
suas pernas
doem na liberdade
corpórea
o tempo
cessa a passagem
o astronauta
- ínfimo personagem -
desliga o texto
o ar
a luz
o contato
sobre o trabalho feito
repousa o personagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
o espaço: a nave
circunda o mundo
conhecido
o astronauta sabe do retorno
suas pernas
doem na liberdade
corpórea
o tempo
cessa a passagem
o astronauta
- ínfimo personagem -
desliga o texto
o ar
a luz
o contato
sobre o trabalho feito
repousa o personagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 6 de julho de 2012
PASSAGEM
No vigor dos anos passados
em branco
esquece o corpo
aos cuidados amorosos
das manhãs
ao homem envelhecido
de saudades sobram imagens
opacas de mulheres
o branco dos cabelos
sentencia o olhar
esbranquiçado
das amantes
(desconsideradas)
o homem idoso
desconsola o corpo
em memórias.
(Pedro Du Bois, inédito)
em branco
esquece o corpo
aos cuidados amorosos
das manhãs
ao homem envelhecido
de saudades sobram imagens
opacas de mulheres
o branco dos cabelos
sentencia o olhar
esbranquiçado
das amantes
(desconsideradas)
o homem idoso
desconsola o corpo
em memórias.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 4 de julho de 2012
SONHOS
A lembrança
encanta: decantado mundo
inexistente do passado
(a fulguração da cena
desconcerta: música
paralisada ao ouvido)
diante do quadro estático
se destaca
se adianta ao tempo
e perpassa
(a desfiguração do corpo
contra a luz)
restitui a lembrança do esquecido
gesto não realizado: nos sonhos
a incompreensão dos fatos.
(Pedro Du Bois, inédito)
encanta: decantado mundo
inexistente do passado
(a fulguração da cena
desconcerta: música
paralisada ao ouvido)
diante do quadro estático
se destaca
se adianta ao tempo
e perpassa
(a desfiguração do corpo
contra a luz)
restitui a lembrança do esquecido
gesto não realizado: nos sonhos
a incompreensão dos fatos.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 2 de julho de 2012
SIMPLES
Simples questões não respondidas: de quantos
Passo Fundo fomos feitos nessa geração
efêmera. Os que foram embora,
os que ficaram, os que retornaram.
Aqueles que se recusaram.
Os que morreram.
Passo Fundo nos reconhece e atrai. Impõe
e dispõe no espaço ampliado dos caminhos:
o boqueirão aberto ao passo, o cemitério
ultrapassado, o sexo reavido ao acaso.
Antigas estradas e territórios cedidos
em concordata. No desmembrar
permanece como história
e mentiras amenizam
os fatos encobertos.
Simples quesitos impostos a cada um de nós,
do Passo Fundo remexido em praças
transplantadas, prédios demolidos,
passados desfeitos, antigos feitos
desconsiderados.
No Fundo, o Passo alivia a fuga
e o corpo se volta no passar do ônibus,
curva-se ao avião que sobe, recusa-se
ao trem inexistente.
Questionário incompleto, repleto.
Reflexo da imagem nas águas
impuras da praça.
(Pedro Du Bois, inédito)
Passo Fundo fomos feitos nessa geração
efêmera. Os que foram embora,
os que ficaram, os que retornaram.
Aqueles que se recusaram.
Os que morreram.
Passo Fundo nos reconhece e atrai. Impõe
e dispõe no espaço ampliado dos caminhos:
o boqueirão aberto ao passo, o cemitério
ultrapassado, o sexo reavido ao acaso.
Antigas estradas e territórios cedidos
em concordata. No desmembrar
permanece como história
e mentiras amenizam
os fatos encobertos.
Simples quesitos impostos a cada um de nós,
do Passo Fundo remexido em praças
transplantadas, prédios demolidos,
passados desfeitos, antigos feitos
desconsiderados.
No Fundo, o Passo alivia a fuga
e o corpo se volta no passar do ônibus,
curva-se ao avião que sobe, recusa-se
ao trem inexistente.
Questionário incompleto, repleto.
Reflexo da imagem nas águas
impuras da praça.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 30 de junho de 2012
SENTIDOS
primeira dobra: o dobro do conteúdo
dividido em ares de montanhas
e nos passos rápidos das fugas
segunda dobra: o escopo esconde
a vontade atávica das conquistas
e diz ser a imagem da batalha
pintada longe na descoberta
natural das sensações vazias
terceira dobra: acalma o espírito
na incerteza da conclusão da obra
no sabor do tempo concorrido
quarta dobra: apreende em abraços
a amante e a retira da vida permitida
quinta dobra: o texto desconexo
adquire forma definitiva nas entrelinhas
e percebe a natureza conduzida ao ócio
última dobra: na sexta etapa conclui
a obra no delírio das implosões
em que se liberta de seus medos.
(Pedro Du Bois, inédito)
dividido em ares de montanhas
e nos passos rápidos das fugas
segunda dobra: o escopo esconde
a vontade atávica das conquistas
e diz ser a imagem da batalha
pintada longe na descoberta
natural das sensações vazias
terceira dobra: acalma o espírito
na incerteza da conclusão da obra
no sabor do tempo concorrido
quarta dobra: apreende em abraços
a amante e a retira da vida permitida
quinta dobra: o texto desconexo
adquire forma definitiva nas entrelinhas
e percebe a natureza conduzida ao ócio
última dobra: na sexta etapa conclui
a obra no delírio das implosões
em que se liberta de seus medos.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 28 de junho de 2012
DAS NECESSIDADES
Acalento o sonho desnudo
do profeta
e repouso
aos pés
do cruzeiro
no sul
ouço o vento
transeunte e o branco da neve
depositada em espécie
ulterior ao frio
do nada retiro a certeza da crença
e professo desabalada maneira
de me fazer assim
no infinito deposito nomes
na sagração do antes: pão
consagrado na mesa
imemorial do homem
(posso - pudesse - acender as luzes
e ver).
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 26 de junho de 2012
JOÃO BEZ BATTI
Obtém na pedra
a coloração inercial
do universo
(maneiras diversas
dos olhares: sangue
não coagulado da donzela
oferecida ao sacrifício
de estar viva: indomada)
raspa a entranha e a delimita
no estrito dever de ser pedra
apedreja a mão que a escala
em réguas: libertam o veio
indelével dos amanhãs
as cores se fazem apresentáveis aos olhos
menores dos interlocutores: palavras
soam porosas em elogios - o bastante.
(Pedro Du Bois, A LEVEZA DO TRAÇO, Edição do Autor)
a coloração inercial
do universo
(maneiras diversas
dos olhares: sangue
não coagulado da donzela
oferecida ao sacrifício
de estar viva: indomada)
raspa a entranha e a delimita
no estrito dever de ser pedra
apedreja a mão que a escala
em réguas: libertam o veio
indelével dos amanhãs
as cores se fazem apresentáveis aos olhos
menores dos interlocutores: palavras
soam porosas em elogios - o bastante.
(Pedro Du Bois, A LEVEZA DO TRAÇO, Edição do Autor)
domingo, 24 de junho de 2012
HÁBITOS
Hábito arraigado: letras coloridas
sobre o fundo (branco) do papel:
o reverso do poeta
na profetização
incolor do horror
em se saber
encontrado
palavras traduzem o encontro
do papel encarregado pelo voto
de trazer sobre o fundo (branco)
a mensagem colorida
todo hábito
se refaz
em abandono.
(Pedro Du Bois, inédito)
sobre o fundo (branco) do papel:
o reverso do poeta
na profetização
incolor do horror
em se saber
encontrado
palavras traduzem o encontro
do papel encarregado pelo voto
de trazer sobre o fundo (branco)
a mensagem colorida
todo hábito
se refaz
em abandono.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 22 de junho de 2012
AINDA, MURILO
Tenho na compreensão do instante
o bastante
desnecessário
ao encontro
tenho no intante a incompreensão
do pranto
no espanto
com que vejo
o bastante
são palavras, dizem os silêncios
são silêncios, escrevem as palavras
o bastante do que tenho
no desnecessário instante.
(Pedro Du Bois, inédito)
o bastante
desnecessário
ao encontro
tenho no intante a incompreensão
do pranto
no espanto
com que vejo
o bastante
são palavras, dizem os silêncios
são silêncios, escrevem as palavras
o bastante do que tenho
no desnecessário instante.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 20 de junho de 2012
HOJE
Hoje, tempo obscuro, nada além
de traje de banho: a lama
rejuvenesce a face e alisa
a pele endurecida pela idade.
Não torna eterna a feição da fera,
nem faz da continuidade a época
na realização eficaz da peste.
Hoje, tempo obscuro, fechado
à frutificação da espécie,
nada use além da espera dissoluta
da plateia embevecida pela estrela
menor de camarins feéricos: palcos.
Tempos obscuros, templos inseguros
para a idade: nada além da estratégia
de ser o rei da pantomina e o irregular
esteta. Hoje, tempo obscuro, para a mão
que talha em pedra o destino.
(Pedro Du Bois, inédito)
de traje de banho: a lama
rejuvenesce a face e alisa
a pele endurecida pela idade.
Não torna eterna a feição da fera,
nem faz da continuidade a época
na realização eficaz da peste.
Hoje, tempo obscuro, fechado
à frutificação da espécie,
nada use além da espera dissoluta
da plateia embevecida pela estrela
menor de camarins feéricos: palcos.
Tempos obscuros, templos inseguros
para a idade: nada além da estratégia
de ser o rei da pantomina e o irregular
esteta. Hoje, tempo obscuro, para a mão
que talha em pedra o destino.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 18 de junho de 2012
AMORES ENSOLARADOS
I
Há sol - energia suficiente - e o dia
se apresenta quente: solo montanhoso
indiferente ao clima áspero da planície
II
toldo a luz em cortinas e me deposito
sobre a cama: ainda não são horas
de labutas - o repouso permanece
III
os sons da rua me são percebidos:
economizo os que tenho suficientes
ao propósito de me fazer preso
IV
sei sobre o tempo - que desconsidero -
e da precisão de me fazer inteiro ao dia
V
uso de artimanhas: dias se alongam
em compromissos e meu amor dorme
em sumiços: o corpo permanece
VI
há sol e mesmo que não veja sua luz
me indireito na cama e observo a espera
em retirada: amores são assim (quase nada).
(Pedro Du Bois, inédito)
Há sol - energia suficiente - e o dia
se apresenta quente: solo montanhoso
indiferente ao clima áspero da planície
II
toldo a luz em cortinas e me deposito
sobre a cama: ainda não são horas
de labutas - o repouso permanece
III
os sons da rua me são percebidos:
economizo os que tenho suficientes
ao propósito de me fazer preso
IV
sei sobre o tempo - que desconsidero -
e da precisão de me fazer inteiro ao dia
V
uso de artimanhas: dias se alongam
em compromissos e meu amor dorme
em sumiços: o corpo permanece
VI
há sol e mesmo que não veja sua luz
me indireito na cama e observo a espera
em retirada: amores são assim (quase nada).
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 15 de junho de 2012
FUNDO
O fundo do mundo
(espaço intergaláctico
desprovido do humano
ser)
acontece no contato
com a espada
(o escuro da matéria: imaterial
escudo na proteção do espaço)
empunho a espada
e luto: a luta acrescenta
a ilusão da farsa
(invento o espaço discordante
entre o aqui e o longe)
de que o mundo no fundo
ostenta eventos felizes
(felizes como os consideramos
aqui).
(Pedro Du Bois, inédito)
(espaço intergaláctico
desprovido do humano
ser)
acontece no contato
com a espada
(o escuro da matéria: imaterial
escudo na proteção do espaço)
empunho a espada
e luto: a luta acrescenta
a ilusão da farsa
(invento o espaço discordante
entre o aqui e o longe)
de que o mundo no fundo
ostenta eventos felizes
(felizes como os consideramos
aqui).
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 13 de junho de 2012
ORFANDADE
Nascido órfão
na posteridade
da espécie
entendo a solidão
do espaço
vislumbrado além
da salvação
(que espécie órfã é capaz
de criar a sua salvação
e matar na continuidade
da culpa?)
nascido órfão
me digo só
em sacrifício.
(Pedro Du Bois, inédito)
na posteridade
da espécie
entendo a solidão
do espaço
vislumbrado além
da salvação
(que espécie órfã é capaz
de criar a sua salvação
e matar na continuidade
da culpa?)
nascido órfão
me digo só
em sacrifício.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Brevidades, no Literatura sem Fronteiras
Pela gentileza de Nilto Maciel,
por favor, acessem:
http://literaturasemfronteiras.blogspot.com.br/2012/06/seis-momentos-de-prazer-nilto-maciel.html
agradeço.
por favor, acessem:
http://literaturasemfronteiras.blogspot.com.br/2012/06/seis-momentos-de-prazer-nilto-maciel.html
agradeço.
domingo, 10 de junho de 2012
SURPRESA
O elemento surpresa onde se escondem
as mudanças. O estertor com que fogo
queima o estrado e o preso se arrepende
em novo ano. Não reconheço a espera:
o esperto acreditar
no futuro: o inexplicável
alvoroço do cão: o amargo
da vida na ilusão passageira
do amigo. Folgo em me colocar
contra a janela: inocento o suspeito. Suspeito
de outras eras: chego sem ser anunciado.
Desdobro a canção dos horrores
consumidos em preitos
panelas
e tigelas. O elemento
e a presa na hora em que o circo
pega fogo e o mundo se desmantela
no imitar do bandido ao espoucar
da pipoca: a chave em giro
mecânico na porta.
(Pedro Du Bois, inédito)
as mudanças. O estertor com que fogo
queima o estrado e o preso se arrepende
em novo ano. Não reconheço a espera:
o esperto acreditar
no futuro: o inexplicável
alvoroço do cão: o amargo
da vida na ilusão passageira
do amigo. Folgo em me colocar
contra a janela: inocento o suspeito. Suspeito
de outras eras: chego sem ser anunciado.
Desdobro a canção dos horrores
consumidos em preitos
panelas
e tigelas. O elemento
e a presa na hora em que o circo
pega fogo e o mundo se desmantela
no imitar do bandido ao espoucar
da pipoca: a chave em giro
mecânico na porta.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 8 de junho de 2012
IMAGINAR
Construo a imagem
ao arrepio do espelho
a lâmina assusta
o rosto que se desfaz
em gritos ante o dia
que se abre ao mito
minto cada leve dobra
do espírito: aumento
a expressão e o riso
o espelho desmente
a impostura do porte
em dinâmico gesto
destrói o sonho
onde me encontro
contruo outro corpo
e não me arrependo
na informação errônea
da identidade: quebro
o vidro e ao lado vejo
que a estrutura mente.
(Pedro Du Bois, inédito)
ao arrepio do espelho
a lâmina assusta
o rosto que se desfaz
em gritos ante o dia
que se abre ao mito
minto cada leve dobra
do espírito: aumento
a expressão e o riso
o espelho desmente
a impostura do porte
em dinâmico gesto
destrói o sonho
onde me encontro
contruo outro corpo
e não me arrependo
na informação errônea
da identidade: quebro
o vidro e ao lado vejo
que a estrutura mente.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 6 de junho de 2012
CONFISSÃO
Ao pássaro confesso minha incerteza
ao pé do ouvido grito meus pertences
e o preço pago em cada compra: vendo
a alma em desavenças. Calo
a inconsequência do canto.
Ao pássaro não ofendo o silêncio
em alardes frios de sofrimentos:
o ninho por manter
a cria por alimentar.
Incerto
encaminho a voz ao segredo
revelado em poucas palavras.
(Pedro Du Bois, inédito)
ao pé do ouvido grito meus pertences
e o preço pago em cada compra: vendo
a alma em desavenças. Calo
a inconsequência do canto.
Ao pássaro não ofendo o silêncio
em alardes frios de sofrimentos:
o ninho por manter
a cria por alimentar.
Incerto
encaminho a voz ao segredo
revelado em poucas palavras.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 4 de junho de 2012
EM LIBERDADES
Como me visito na liberdade onde fujo
ao extrato - estrito senso da razão -
aventado sobre flores
guerras
saudades
e manhãs explícitas: o sexo carnal
descarna o corpo no arrepio final
do gozo: ânimo revisto
no pranto do menino - por isso
me visito em liberdades tardias
juventude embalsamada
rito fúnebre contratado
liberdade desconsiderada no jogo
da apatia
simpatia
a alopatia remedia
o gesto (ainda) preso: o peso
dos anos condenam ao suplício:
de onde retirar o fragor da batalha
o fulgor da hora
flores despetaladas rejuvenescem caminhos
em dias santificados de obrigações imemoriais
em estranhos sonhos: visito-me na liberdade
de colher frutos amadurecidos: tempo
oferecido em perdas entre grades.
(Pedro Du Bois, inédito)
ao extrato - estrito senso da razão -
aventado sobre flores
guerras
saudades
e manhãs explícitas: o sexo carnal
descarna o corpo no arrepio final
do gozo: ânimo revisto
no pranto do menino - por isso
me visito em liberdades tardias
juventude embalsamada
rito fúnebre contratado
liberdade desconsiderada no jogo
da apatia
simpatia
a alopatia remedia
o gesto (ainda) preso: o peso
dos anos condenam ao suplício:
de onde retirar o fragor da batalha
o fulgor da hora
flores despetaladas rejuvenescem caminhos
em dias santificados de obrigações imemoriais
em estranhos sonhos: visito-me na liberdade
de colher frutos amadurecidos: tempo
oferecido em perdas entre grades.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 1 de junho de 2012
PRESENTE
Sou visita e residente
passado aparente
em nova visita
e o de sempre
o mesmo: quem
conhece o caminho
entre o quarto
e a cozinha
vida renovada
na morte persistente
a oração em sofrimento
na brisa mensageira
da notícia
o de fora e o de dentro:
filho
pai
marido
esquento o trabalho e saio
passeio
troco de lado
e me escondo em periferias
quem vem de longe
para ver a família.
(Pedro Du Bois, inédito)
passado aparente
em nova visita
e o de sempre
o mesmo: quem
conhece o caminho
entre o quarto
e a cozinha
vida renovada
na morte persistente
a oração em sofrimento
na brisa mensageira
da notícia
o de fora e o de dentro:
filho
pai
marido
esquento o trabalho e saio
passeio
troco de lado
e me escondo em periferias
quem vem de longe
para ver a família.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 30 de maio de 2012
ANTES
Saber da excelência
a véspera
antes o desdouro
nasça e se faça fonte
ao jazer na espuma ocidente
a lâmpada apagada dos ex-amantes
barcos aos cais anunciam
atracar em portos
desacostumados na avalanche
marítima das verdades
no dia anterior barulhos cessam
e na voz a surdez exala o poente.
(Pedro Du Bois, inédito)
a véspera
antes o desdouro
nasça e se faça fonte
ao jazer na espuma ocidente
a lâmpada apagada dos ex-amantes
barcos aos cais anunciam
atracar em portos
desacostumados na avalanche
marítima das verdades
no dia anterior barulhos cessam
e na voz a surdez exala o poente.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 28 de maio de 2012
TÂNIA
Saio: a rua conhecida me acompanha
no trajeto decorado em portas abertas
sua casa me oferece o tempo
necessário ao convencimento
caso o corpo no corpo
oferecido: na unidade
reside o esforço
da multiplicação
a rua inconclusa avisa
sobre a próxima quadra:
passo após passo
afasto minha sombra
e sua casa contém o trajeto.
(Pedro Du Bois, inédito)
no trajeto decorado em portas abertas
sua casa me oferece o tempo
necessário ao convencimento
caso o corpo no corpo
oferecido: na unidade
reside o esforço
da multiplicação
a rua inconclusa avisa
sobre a próxima quadra:
passo após passo
afasto minha sombra
e sua casa contém o trajeto.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 26 de maio de 2012
RECONHECER
Não reconheço no recibo o nome
assinado como depositário: minto
nomes ao contento das obrigações
diárias e os espalho em documentos
inconsequentes: não tenho nome,
sou objeto indireto na história:
desnomeado avesso ao contrato,
nome desdito no cumprimento.
O nome ao chamado feminino.
Como ser chamado pedro ou paulo.
Como ser antônio e pedro ao mesmo
tempo. Como ter sido lino e alfredo.
Como lembrar adão, sylvio e pedro
novamente escrito no papel oficial.
Recorto e colo outro nome
sobre o nome do documento: pronto
ao dia do chamado. A todos, atendo.
(Pedro Du Bois, inédito)
assinado como depositário: minto
nomes ao contento das obrigações
diárias e os espalho em documentos
inconsequentes: não tenho nome,
sou objeto indireto na história:
desnomeado avesso ao contrato,
nome desdito no cumprimento.
O nome ao chamado feminino.
Como ser chamado pedro ou paulo.
Como ser antônio e pedro ao mesmo
tempo. Como ter sido lino e alfredo.
Como lembrar adão, sylvio e pedro
novamente escrito no papel oficial.
Recorto e colo outro nome
sobre o nome do documento: pronto
ao dia do chamado. A todos, atendo.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 24 de maio de 2012
CENA
O retrato implica em conhecer
da rosa
o perfume
do rosto
a imagem
o detalhe amplia
as transformações: olha com os olhos
do dia em que a câmara
explode o instante da abertura
o retrato acoberta o que guardo
e me distraio em dias alternados
ao presente: fosse hoje o sorriso
extravasado no tempo
depositado
hoje é o dia alternado
de não rever no retrato
o perfume e a imagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
da rosa
o perfume
do rosto
a imagem
o detalhe amplia
as transformações: olha com os olhos
do dia em que a câmara
explode o instante da abertura
o retrato acoberta o que guardo
e me distraio em dias alternados
ao presente: fosse hoje o sorriso
extravasado no tempo
depositado
hoje é o dia alternado
de não rever no retrato
o perfume e a imagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 21 de maio de 2012
OLHAR
Sobre o que conversam
nossos olhos
na certeza
do olhar
reforçando os laços
nos olhos as conversas
combinam passagens
e se fecham
em silêncios.
(Pedro Du Bois, inédito)
nossos olhos
na certeza
do olhar
reforçando os laços
nos olhos as conversas
combinam passagens
e se fecham
em silêncios.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 18 de maio de 2012
SER
Como foram os pássaros
antes das asas e da vontade de voar
como fui antes do tempo
dedicado ao medo de servir
servo na massificação
acredito em salvaguardas
e nos guardiães do outono
de porta em porta abro o futuro
e a luz de intensidade finda
apura minha visão ao fora
do controle abissal do medo
sei que há a mão estendida
no lado de fora: estou no interior
do nada e a grade pesa
ao ouvido em ameaças.
(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS, XXVIII, revisto, Ed. do Autor, 2005, 2a. Edição)
antes das asas e da vontade de voar
como fui antes do tempo
dedicado ao medo de servir
servo na massificação
acredito em salvaguardas
e nos guardiães do outono
de porta em porta abro o futuro
e a luz de intensidade finda
apura minha visão ao fora
do controle abissal do medo
sei que há a mão estendida
no lado de fora: estou no interior
do nada e a grade pesa
ao ouvido em ameaças.
(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS, XXVIII, revisto, Ed. do Autor, 2005, 2a. Edição)
quarta-feira, 16 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
A MÃO QUE ESCREVE
A mão escreve o mote
junta em versos
palavras esparsas
dispersas
quantos poetas fazem
cem anos neste ano?
nascimento
primeira obra
primeiro prêmio
primeira morte
a mão esconde o chicote
com que trata as letras
dispersas
esparsas entre versos.
(Pedro Du Bois, A MÃO QUE ESCREVE, 1, revista, Ed. do Autor, 2005)
junta em versos
palavras esparsas
dispersas
quantos poetas fazem
cem anos neste ano?
nascimento
primeira obra
primeiro prêmio
primeira morte
a mão esconde o chicote
com que trata as letras
dispersas
esparsas entre versos.
(Pedro Du Bois, A MÃO QUE ESCREVE, 1, revista, Ed. do Autor, 2005)
domingo, 13 de maio de 2012
DOMINGO
Somos vistos
no bater dos tambores
e na aguda voz
somos vistos
no lado intermediário
e no ansioso grito do pássaro
somos vistos
na abraço do filho que retorna
e no navio que longe atraca
somos vistos
como quem preenche os vazios
e lava suas roupas na beira dos rios
somos vistos
exemplares pais de famílias
e tempos de profanos amores
somos vistos
e de nós dizem parte da verdade
e da grama que cobre nossa campa.
(Pedro Du Bois, A DIFERENÇA ENTRE OS DIAS, Os dias indiferentes, Ed. do Autor, 2006)
no bater dos tambores
e na aguda voz
somos vistos
no lado intermediário
e no ansioso grito do pássaro
somos vistos
na abraço do filho que retorna
e no navio que longe atraca
somos vistos
como quem preenche os vazios
e lava suas roupas na beira dos rios
somos vistos
exemplares pais de famílias
e tempos de profanos amores
somos vistos
e de nós dizem parte da verdade
e da grama que cobre nossa campa.
(Pedro Du Bois, A DIFERENÇA ENTRE OS DIAS, Os dias indiferentes, Ed. do Autor, 2006)
sexta-feira, 11 de maio de 2012
O NOME IGUALADO
Sou menos que o nome disposto
na aventura. Arbusto enraizado
na área cercada em arame.
A farpa da madeira interposta
na igualdade: entre você e eu
repousam nomes
desmerecidos.
Igualo a impronúncia da palavra
e me afasto em ângulo:
corpo e alma
carrego a essência
e a transcendência
permitidas.
(Pedro Du Bois, A PALAVRA DO NOME, IX, 1, Edição do Autor, revisto)
na aventura. Arbusto enraizado
na área cercada em arame.
A farpa da madeira interposta
na igualdade: entre você e eu
repousam nomes
desmerecidos.
Igualo a impronúncia da palavra
e me afasto em ângulo:
corpo e alma
carrego a essência
e a transcendência
permitidas.
(Pedro Du Bois, A PALAVRA DO NOME, IX, 1, Edição do Autor, revisto)
quarta-feira, 9 de maio de 2012
SENHORA
A senhora descreve o arco
persegue o soneto
rápido em formas e rimas
pobre poeta que trabalha
na escolha do tema
e na perseguição
da rima
a senhora vem sobre as palavras
(dirigível em chamas)
e queima os versos
atravessados e carcomidos
ao sabor - e desgosto - da senhora
desdenhada ao texto.
(Pedro Du Bois, LIBERDADE (ELAS), l, Edição do Autor)
persegue o soneto
rápido em formas e rimas
pobre poeta que trabalha
na escolha do tema
e na perseguição
da rima
a senhora vem sobre as palavras
(dirigível em chamas)
e queima os versos
atravessados e carcomidos
ao sabor - e desgosto - da senhora
desdenhada ao texto.
(Pedro Du Bois, LIBERDADE (ELAS), l, Edição do Autor)
domingo, 6 de maio de 2012
Brevidades - comentários
por favor, acessem:
http://www.umacoisaeoutra.com.br/literatura/dubois.htm
http://www.onacional.com.br/colunistas/gilberto-cunha/post_id:3440
http://www.onacional.com.br/colunistas/gilberto-cunha
agradeço.
http://www.umacoisaeoutra.com.br/literatura/dubois.htm
http://www.onacional.com.br/colunistas/gilberto-cunha/post_id:3440
http://www.onacional.com.br/colunistas/gilberto-cunha
agradeço.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
SOLIDÃO
A solidão exemplifica
o crime: a desigualdade
invade a calçada e me atropela:
ouço o tropel do cavalo
não alado - marmóreo -
em estátua produzido;
no alcance da poeira
o riso se faz esgar
e o cavaleiro - rosetas em pés -
me achincalha. A minha solidão
se solidifica e do extremo gesto
recomeço na busca do instante:
conto dias de regressos e a luz
da pergunta repete o crime:
desço do cavalo em grilhões
e o buçal rasga sua boca
de enfurecida fera: espero
a esfera girar sobre o todo
e o crime se consuma em guerras
alteradas em notícias de jornais.
(Pedro Du Bois, inédito)
o crime: a desigualdade
invade a calçada e me atropela:
ouço o tropel do cavalo
não alado - marmóreo -
em estátua produzido;
no alcance da poeira
o riso se faz esgar
e o cavaleiro - rosetas em pés -
me achincalha. A minha solidão
se solidifica e do extremo gesto
recomeço na busca do instante:
conto dias de regressos e a luz
da pergunta repete o crime:
desço do cavalo em grilhões
e o buçal rasga sua boca
de enfurecida fera: espero
a esfera girar sobre o todo
e o crime se consuma em guerras
alteradas em notícias de jornais.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 2 de maio de 2012
COMPRAR E ALUGAR
Tudo o que for comprado ao destino
se desatina no uso imediato: a nota
indica o preço fiscalizado da ousadia
em estar vivo. Avivado, retira o objeto
do pacote - abre o invólucro - e o reduz
ao nada. A desatinada via dos encontros
dispensa compras e vendas. A vida
alugada ao acaso reserva a surpresa
do atraso no findar do risco que ocorre.
(Pedro Du Bois, inédito)
se desatina no uso imediato: a nota
indica o preço fiscalizado da ousadia
em estar vivo. Avivado, retira o objeto
do pacote - abre o invólucro - e o reduz
ao nada. A desatinada via dos encontros
dispensa compras e vendas. A vida
alugada ao acaso reserva a surpresa
do atraso no findar do risco que ocorre.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 30 de abril de 2012
COBRANÇAS
Não me cobrem a medalha
a honra
o mérito
a encoberta história
mal contada
cobrem o enredo da teia e da rede
de pesca o peixe semi-morto
cobrem o óbolo roubado ao cego
e ao cão cegado na escuridão
do inferno em outros nomes
cobrem o óleo espargido ao acaso
e o fogo consumido aos poucos
não me cobrem a medalha
exposta em glória: na especificidade
o orgulho se desnuda
e aos lados afloram
anos continuados
cobrem o álcool derramado
na contagem final da cena.
(Pedro Du Bois, inédito)
a honra
o mérito
a encoberta história
mal contada
cobrem o enredo da teia e da rede
de pesca o peixe semi-morto
cobrem o óbolo roubado ao cego
e ao cão cegado na escuridão
do inferno em outros nomes
cobrem o óleo espargido ao acaso
e o fogo consumido aos poucos
não me cobrem a medalha
exposta em glória: na especificidade
o orgulho se desnuda
e aos lados afloram
anos continuados
cobrem o álcool derramado
na contagem final da cena.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 28 de abril de 2012
SENHOR
Senhor das batalhas, cede ao encanto
da terra molhada: para o corpo
e recupera da relva a calma
em que foi criado; batalhas
inibem sonhos inventados em anos
verdes de conquistas: anos de descobertas
anímicas e de cansaço físico de prazeres
tanto a batalha vencida
no grito e no tinir da espada
ao tiro longínquo do canhão
da esquadra, ao quanto
envelhecido nas jornadas,
ao inverno ressecado na terra
abandonada, quanto aos túmulos
indesejados dos amigos, ao céu
descolorido no fim da jornada
cede ao encontro da terra jogada
sobre o corpo.
(Pedro Du Bois, inédito)
da terra molhada: para o corpo
e recupera da relva a calma
em que foi criado; batalhas
inibem sonhos inventados em anos
verdes de conquistas: anos de descobertas
anímicas e de cansaço físico de prazeres
tanto a batalha vencida
no grito e no tinir da espada
ao tiro longínquo do canhão
da esquadra, ao quanto
envelhecido nas jornadas,
ao inverno ressecado na terra
abandonada, quanto aos túmulos
indesejados dos amigos, ao céu
descolorido no fim da jornada
cede ao encontro da terra jogada
sobre o corpo.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 25 de abril de 2012
CHUVA
Sobre a chuva
na sensação da vida
conduzida ao indelével
estado de nobreza: não
nobiliárquica no pressuposto
do poder e do medo atávico
soubesse a origem da nobreza
estéril nos entreatos onde
o nada produz o gesto vazio
da espera. A chuva é a espera.
Pedro Du Bois, inédito
na sensação da vida
conduzida ao indelével
estado de nobreza: não
nobiliárquica no pressuposto
do poder e do medo atávico
soubesse a origem da nobreza
estéril nos entreatos onde
o nada produz o gesto vazio
da espera. A chuva é a espera.
Pedro Du Bois, inédito
segunda-feira, 23 de abril de 2012
LEMBRAR
Mnemônico
guardo o restante:
alimentações se repetem
em necessidades.
(Pedro Du Bois, inédito)
guardo o restante:
alimentações se repetem
em necessidades.
(Pedro Du Bois, inédito)
Brevidades, o livro
Meu novo livro de poemas, Brevidades, editado através do Projeto Passo Fundo, mantido por Ernesto Zanette, foi lançado em Passo Fundo (RS)na tarde/noite de 19.04. Na dedicatória - para Tânia - escrevo que:
Por instantes o encontro se
consuma: sou eu que descrevo e
escrevo sobre a efemeridade em que
me (re)conheço. Seria assim, não fosse
apenas um poema a dizer da brevidade do
pensamento e dos atos cotidianamente
abstraídos em minha vida. As afirmações
soam perigosas, mas não posso fugir aos
itens elencados. Por isso a procura dos
pontos que me sustentam, mesmo
que – como sempre – transitórios
em sua literalidade.
sábado, 14 de abril de 2012
OUVE
Ouve, sou o som anterior,
o refrigerador arrefecido
na temperatura ambiente,
o fogão cozido no estrago.
No estrado o pé faz
o passo no voo do pássaro.
Ouve em mim o antiverso
das palavras: a sagração da hora
na repetição do grito das crianças
no linguajar dos entendimentos.
O rádio ligado na canção rouquenha.
Ouve em mim o estalar dos ossos.
Maneira de me fazer átono,
de me dizer átimo, de me ouvir
em último recado.
(Pedro Du Bois, inédito)
o refrigerador arrefecido
na temperatura ambiente,
o fogão cozido no estrago.
No estrado o pé faz
o passo no voo do pássaro.
Ouve em mim o antiverso
das palavras: a sagração da hora
na repetição do grito das crianças
no linguajar dos entendimentos.
O rádio ligado na canção rouquenha.
Ouve em mim o estalar dos ossos.
Maneira de me fazer átono,
de me dizer átimo, de me ouvir
em último recado.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 12 de abril de 2012
AMAR
Se a hora é cedo
cede ao contato:
corpos se aquecem
e o tempo arde
na tarde dos arrependimentos
sabe, sobre o que foi dito acha,
do encontro lembrado pensa
em se desvencilhar do fardo
sendo cedo: concede
ao tempo o encontro
satisfeito dos amantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
cede ao contato:
corpos se aquecem
e o tempo arde
na tarde dos arrependimentos
sabe, sobre o que foi dito acha,
do encontro lembrado pensa
em se desvencilhar do fardo
sendo cedo: concede
ao tempo o encontro
satisfeito dos amantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 10 de abril de 2012
ABSORTO
Passa absorto. Absorve a lama
endurecida dos recados. O recato
na mulher despossuída
em corpo ainda jovem
epopeia não ouvida
no relato. O realejo
toca miscelâneas de proveitos
e peixes absortos repousam
no aquário.
(Pedro Du Bois, inédito)
endurecida dos recados. O recato
na mulher despossuída
em corpo ainda jovem
epopeia não ouvida
no relato. O realejo
toca miscelâneas de proveitos
e peixes absortos repousam
no aquário.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 8 de abril de 2012
CORPO
Acorda sua vida
uma vez mais
única razão
para ser presente
na ausência futura
deixa dormir
o corpo
sobre o leito
o defeito o transforma em mera referência
de tempos idos: fantasma esmaecido
em bruma de desconhecimento. Corpo
sobre corpo abre os olhos e diz
do sofrimento em não ser lembrança
único corpo sobre a cama
e esse corpo dorme.
(Pedro Du Bois, inédito)
uma vez mais
única razão
para ser presente
na ausência futura
deixa dormir
o corpo
sobre o leito
o defeito o transforma em mera referência
de tempos idos: fantasma esmaecido
em bruma de desconhecimento. Corpo
sobre corpo abre os olhos e diz
do sofrimento em não ser lembrança
único corpo sobre a cama
e esse corpo dorme.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 6 de abril de 2012
NASCIDO
Nasço desterrado.
Nenhuma janela
se abre ao interior
do quarto.
Sou do ventre o livre despertar
do corpo: a água quente
me lava em espinhos.
Sou ilha isolada no mundo
dos subterfúgios. No olho
do pai o brilho avermelhado
do outro mundo. Em minha
mãe antevejo a razão do medo.
A guerra terminada me impele
ao continente. Nu o corpo apreende
o raiar do dia. A pedra sorve
a quentura escondida em roupas.
(Pedro Du Bois, inédito)
Nenhuma janela
se abre ao interior
do quarto.
Sou do ventre o livre despertar
do corpo: a água quente
me lava em espinhos.
Sou ilha isolada no mundo
dos subterfúgios. No olho
do pai o brilho avermelhado
do outro mundo. Em minha
mãe antevejo a razão do medo.
A guerra terminada me impele
ao continente. Nu o corpo apreende
o raiar do dia. A pedra sorve
a quentura escondida em roupas.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 4 de abril de 2012
SONS E SILÊNCIO
Nenhum silêncio
profetiza o tempo: grito
saliente da vida inconsumida
no renascimento
aqui na crença e na confiança
afeita no milagre
da multiplicação do som
nenhum som prediz o tempo
do silêncio reposto
sobre o tampo.
(Pedro Du Bois, inédito)
profetiza o tempo: grito
saliente da vida inconsumida
no renascimento
aqui na crença e na confiança
afeita no milagre
da multiplicação do som
nenhum som prediz o tempo
do silêncio reposto
sobre o tampo.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 2 de abril de 2012
TARDE
Nada espero da tarde
o anoitecer (manto)
mente sofrimentos
nos encantos (tantos)
perdidos após a hora:
manhãs iniciadas
frias em após auroras
desconhecem as luzes
do impedimento: crescer
e se fazer tarde (passagem)
em lamentos.
(Pedro Du Bois, inédito)
o anoitecer (manto)
mente sofrimentos
nos encantos (tantos)
perdidos após a hora:
manhãs iniciadas
frias em após auroras
desconhecem as luzes
do impedimento: crescer
e se fazer tarde (passagem)
em lamentos.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 31 de março de 2012
ARMAS
Reponho a arma
deponho a raiva
o medo sobressalta
o corpo: treme em fracasso
guerreiro despido reflito o espelho
alterado: imagem insolente
da batalha desguarnecida
oca arma repousa
sua imaterialidade.
(Pedro Du Bois, inédito)
deponho a raiva
o medo sobressalta
o corpo: treme em fracasso
guerreiro despido reflito o espelho
alterado: imagem insolente
da batalha desguarnecida
oca arma repousa
sua imaterialidade.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 29 de março de 2012
QUESTÕES
Em razões irreais
busco na essência
da questão o alvoroço
das respostas
faço a tolice de me dizer alerta
e do âmago da vida
- amargo discurso -
quero a solidez da palavra
em circunspecta frase
avanço as mãos sobre o corpo
desnudo e refaço a importância
da luta: ao lado repousa outro
corpo adormecido. O corpo frio
das entregas insones. Na irrealização
dos aspectos confusos das respostas
a inexistência da questão me transforma
em ruína e cadáver.
(Pedro Du Bois, inédito)
busco na essência
da questão o alvoroço
das respostas
faço a tolice de me dizer alerta
e do âmago da vida
- amargo discurso -
quero a solidez da palavra
em circunspecta frase
avanço as mãos sobre o corpo
desnudo e refaço a importância
da luta: ao lado repousa outro
corpo adormecido. O corpo frio
das entregas insones. Na irrealização
dos aspectos confusos das respostas
a inexistência da questão me transforma
em ruína e cadáver.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 27 de março de 2012
DIFERENCIAÇÃO
Heróis inexistentes simbolizam
glórias não alcançadas
pela divindade obstruída
na condição terrena
heróis mundanos conservam
da divindade a ânsia
de etéreas transfigurações
dos deuses destituídos
da glória inalcançável
desfeitos em remediadas vidas
gestam arremedos de redescobertas.
(Pedro Du Bois, inédito)
glórias não alcançadas
pela divindade obstruída
na condição terrena
heróis mundanos conservam
da divindade a ânsia
de etéreas transfigurações
dos deuses destituídos
da glória inalcançável
desfeitos em remediadas vidas
gestam arremedos de redescobertas.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 25 de março de 2012
PARTIR
Quando parto na imensidão do microcosmo
me faço longe em desalentos; partidas quebram
correntes e me impelem além dos remos; ramos
esgarçam a árvore desnuda no solo, seco. Eu
na última volta do acaso me faço calado ante
o espetáculo do corpo suado ao luar; viagens
soam invernais trajetos de encobrimentos,
mãos umidecidas do trabalho guardam bolsos
descosturados: partidas me apanham de calças
curtas no aroma indefinido da criança além
da criação, impaciência. Sou o último a ver
o esboço se perder; partidas orientam
desvarios onde razões perdem o magnetismo
e a terra roda ao contrário: avistado na entrada
me faço raivoso. Estou presente no esconder
o sentido da ausência; a partida pressupõe
o adeus não amanhecido; altar vazio,
armário esvaziado, o viver
apagado da lembrança.
(Pedro Du Bois, inédito)
me faço longe em desalentos; partidas quebram
correntes e me impelem além dos remos; ramos
esgarçam a árvore desnuda no solo, seco. Eu
na última volta do acaso me faço calado ante
o espetáculo do corpo suado ao luar; viagens
soam invernais trajetos de encobrimentos,
mãos umidecidas do trabalho guardam bolsos
descosturados: partidas me apanham de calças
curtas no aroma indefinido da criança além
da criação, impaciência. Sou o último a ver
o esboço se perder; partidas orientam
desvarios onde razões perdem o magnetismo
e a terra roda ao contrário: avistado na entrada
me faço raivoso. Estou presente no esconder
o sentido da ausência; a partida pressupõe
o adeus não amanhecido; altar vazio,
armário esvaziado, o viver
apagado da lembrança.
(Pedro Du Bois, inédito)