Da palavra não escrevo o nome
encontrado no dicionário
(desgastado nome
por todos conhecido)
escrevo o nome sob outro nome
encontrado em dicionários
(desgastado na formulação
original)
junto os nomes: original
emprestado
em novo significado
(agastado ao dicionário
em significação)
os nomes são renovados
até que tenham o conteúdo
em único nome
(na simplificação
do dicionário).
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 30 de julho de 2012
sábado, 28 de julho de 2012
VIDAS
Devasso homem
de cabelos brancos
estaciona o carro
no lugar escuro
confessa ao dia
em nascimento
o tormento de haver
passado a noite
entre ruas vazias
de sentimentos
olha o dia amanhecido
e o choro o deforma
em criança.
(Pedro Du Bois, inédito)
de cabelos brancos
estaciona o carro
no lugar escuro
confessa ao dia
em nascimento
o tormento de haver
passado a noite
entre ruas vazias
de sentimentos
olha o dia amanhecido
e o choro o deforma
em criança.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 26 de julho de 2012
TRAJETOS
Rápido
o foguete
some da minha vista
avisto o espaço
branco da passagem
pelo rádio o astronauta
transmite dados
sobre o vazio da viagem
busco as razões
da jornada
fecho a janela
cerro a cortina
desconecto os cabos
no escuro do quarto
sei da trajetória.
(Pedro Du Bois, inédito)
o foguete
some da minha vista
avisto o espaço
branco da passagem
pelo rádio o astronauta
transmite dados
sobre o vazio da viagem
busco as razões
da jornada
fecho a janela
cerro a cortina
desconecto os cabos
no escuro do quarto
sei da trajetória.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 24 de julho de 2012
FERA
Pelas razões de estar sentado
escrevendo fatos não acontecidos:
na mão a serpente envenena
o hábito em que me escondo
dos encontros
nos caminhos percorridos
em estradas entreabertas
ao castigo: a fera domesticada
em anos de entregas
retorna na irracionalidade
do corpo desperdiçado
no bote da serpente: nas razões
das palavras escritas na hora
da despedida sinto
o cansaço da fera e sua revolta
em grades: feras nos elementos
insanos do presente.
(Pedro Du Bois, inédito)
escrevendo fatos não acontecidos:
na mão a serpente envenena
o hábito em que me escondo
dos encontros
nos caminhos percorridos
em estradas entreabertas
ao castigo: a fera domesticada
em anos de entregas
retorna na irracionalidade
do corpo desperdiçado
no bote da serpente: nas razões
das palavras escritas na hora
da despedida sinto
o cansaço da fera e sua revolta
em grades: feras nos elementos
insanos do presente.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 22 de julho de 2012
ÁGUAS
O barulho da água
na limpeza do rosto
ecoa pelo ralo
desce pelo cano
armazena em tanques
nossa sujeira
nosso cheiro
nosso perfume
nossa parte lavada do rosto
a água apodrece na referência
do que somos por instantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
na limpeza do rosto
ecoa pelo ralo
desce pelo cano
armazena em tanques
nossa sujeira
nosso cheiro
nosso perfume
nossa parte lavada do rosto
a água apodrece na referência
do que somos por instantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 20 de julho de 2012
TEMPOS
Observa o tempo
marca o personagem
guarda o tempo
planta e colhe
frio
e calor
noite
e dia
esquece os deuses anteriores
e se distrai entre calendários
onde o gado nasce
onde a hora passa
onde a criança cresce
e o velho morre
reserva a data em que rememora
o tempo livre da caminhada.
(Pedro Du Bois, inédito)
marca o personagem
guarda o tempo
planta e colhe
frio
e calor
noite
e dia
esquece os deuses anteriores
e se distrai entre calendários
onde o gado nasce
onde a hora passa
onde a criança cresce
e o velho morre
reserva a data em que rememora
o tempo livre da caminhada.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 18 de julho de 2012
APOSTAS
Aposta sua sorte
no azar da resposta
dada ao destino
dados rolados sobre o verde
avançam sua vida destituída
a utopia expõe o precioso
metal desvalorizado
sua sorte fortuita em gestos
desmesurados: hoje
ontem
o amanhã
entrevisto
o prêmio azara os fatos
e os desmonta em novas
apostas.
(Pedro Du Bois, inédito)
no azar da resposta
dada ao destino
dados rolados sobre o verde
avançam sua vida destituída
a utopia expõe o precioso
metal desvalorizado
sua sorte fortuita em gestos
desmesurados: hoje
ontem
o amanhã
entrevisto
o prêmio azara os fatos
e os desmonta em novas
apostas.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 16 de julho de 2012
ESTILO
Preso ao estilo
flutuo palavras
afogo lágrimas
inundo campos
destruo paisagens
retorno ao leito
onde meu corpo exausto
coberto em extremos
sucumbe ao som
submerso de estilos
e vontades: livre do estilo
me conforto.
(Pedro Du Bois, inédito)
flutuo palavras
afogo lágrimas
inundo campos
destruo paisagens
retorno ao leito
onde meu corpo exausto
coberto em extremos
sucumbe ao som
submerso de estilos
e vontades: livre do estilo
me conforto.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 14 de julho de 2012
RITOS
Atravesso a ponte
na água solto as amarras
desço o rio
amarrado ao bote
que destroça
sob a ponte
ultrapassada
retornam pedaços flutuantes
e bóia o corpo encharcado
enquanto a ponte permanece
intacta.
(Pedro Du Bois, inédito)
na água solto as amarras
desço o rio
amarrado ao bote
que destroça
sob a ponte
ultrapassada
retornam pedaços flutuantes
e bóia o corpo encharcado
enquanto a ponte permanece
intacta.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 12 de julho de 2012
TERRAS
O mar atravessado
circula a terra conhecida
portos encontrados
acolhem corpos fixados
ao futuro dedica o brinde
da chegada: presente
no instante aterrado
o mar repele o corpo
do afogado: cabe providenciar
pássaros que o bicam
em ossos estalados
ao futuro cabe o agradecimento
representado na terra continuada.
(Pedro Du Bois, inédito)
circula a terra conhecida
portos encontrados
acolhem corpos fixados
ao futuro dedica o brinde
da chegada: presente
no instante aterrado
o mar repele o corpo
do afogado: cabe providenciar
pássaros que o bicam
em ossos estalados
ao futuro cabe o agradecimento
representado na terra continuada.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 10 de julho de 2012
PRISÕES
Após o primeiro cárcere
diminuto em metragem
vislumbro o próximo
ampliado em significados
o infindo horizonte
desenha a cela
onde trancafiado
o telescópio demonstra
em imagens a certeza
de ser prisioneiro
acelero minha velocidade
de deslocamento: entre celas
faço de conta
estar livre.
(Pedro Du Bois, inédito)
diminuto em metragem
vislumbro o próximo
ampliado em significados
o infindo horizonte
desenha a cela
onde trancafiado
o telescópio demonstra
em imagens a certeza
de ser prisioneiro
acelero minha velocidade
de deslocamento: entre celas
faço de conta
estar livre.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 8 de julho de 2012
ODISSEIA
O trabalho enfeita
o espaço: a nave
circunda o mundo
conhecido
o astronauta sabe do retorno
suas pernas
doem na liberdade
corpórea
o tempo
cessa a passagem
o astronauta
- ínfimo personagem -
desliga o texto
o ar
a luz
o contato
sobre o trabalho feito
repousa o personagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
o espaço: a nave
circunda o mundo
conhecido
o astronauta sabe do retorno
suas pernas
doem na liberdade
corpórea
o tempo
cessa a passagem
o astronauta
- ínfimo personagem -
desliga o texto
o ar
a luz
o contato
sobre o trabalho feito
repousa o personagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 6 de julho de 2012
PASSAGEM
No vigor dos anos passados
em branco
esquece o corpo
aos cuidados amorosos
das manhãs
ao homem envelhecido
de saudades sobram imagens
opacas de mulheres
o branco dos cabelos
sentencia o olhar
esbranquiçado
das amantes
(desconsideradas)
o homem idoso
desconsola o corpo
em memórias.
(Pedro Du Bois, inédito)
em branco
esquece o corpo
aos cuidados amorosos
das manhãs
ao homem envelhecido
de saudades sobram imagens
opacas de mulheres
o branco dos cabelos
sentencia o olhar
esbranquiçado
das amantes
(desconsideradas)
o homem idoso
desconsola o corpo
em memórias.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 4 de julho de 2012
SONHOS
A lembrança
encanta: decantado mundo
inexistente do passado
(a fulguração da cena
desconcerta: música
paralisada ao ouvido)
diante do quadro estático
se destaca
se adianta ao tempo
e perpassa
(a desfiguração do corpo
contra a luz)
restitui a lembrança do esquecido
gesto não realizado: nos sonhos
a incompreensão dos fatos.
(Pedro Du Bois, inédito)
encanta: decantado mundo
inexistente do passado
(a fulguração da cena
desconcerta: música
paralisada ao ouvido)
diante do quadro estático
se destaca
se adianta ao tempo
e perpassa
(a desfiguração do corpo
contra a luz)
restitui a lembrança do esquecido
gesto não realizado: nos sonhos
a incompreensão dos fatos.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 2 de julho de 2012
SIMPLES
Simples questões não respondidas: de quantos
Passo Fundo fomos feitos nessa geração
efêmera. Os que foram embora,
os que ficaram, os que retornaram.
Aqueles que se recusaram.
Os que morreram.
Passo Fundo nos reconhece e atrai. Impõe
e dispõe no espaço ampliado dos caminhos:
o boqueirão aberto ao passo, o cemitério
ultrapassado, o sexo reavido ao acaso.
Antigas estradas e territórios cedidos
em concordata. No desmembrar
permanece como história
e mentiras amenizam
os fatos encobertos.
Simples quesitos impostos a cada um de nós,
do Passo Fundo remexido em praças
transplantadas, prédios demolidos,
passados desfeitos, antigos feitos
desconsiderados.
No Fundo, o Passo alivia a fuga
e o corpo se volta no passar do ônibus,
curva-se ao avião que sobe, recusa-se
ao trem inexistente.
Questionário incompleto, repleto.
Reflexo da imagem nas águas
impuras da praça.
(Pedro Du Bois, inédito)
Passo Fundo fomos feitos nessa geração
efêmera. Os que foram embora,
os que ficaram, os que retornaram.
Aqueles que se recusaram.
Os que morreram.
Passo Fundo nos reconhece e atrai. Impõe
e dispõe no espaço ampliado dos caminhos:
o boqueirão aberto ao passo, o cemitério
ultrapassado, o sexo reavido ao acaso.
Antigas estradas e territórios cedidos
em concordata. No desmembrar
permanece como história
e mentiras amenizam
os fatos encobertos.
Simples quesitos impostos a cada um de nós,
do Passo Fundo remexido em praças
transplantadas, prédios demolidos,
passados desfeitos, antigos feitos
desconsiderados.
No Fundo, o Passo alivia a fuga
e o corpo se volta no passar do ônibus,
curva-se ao avião que sobe, recusa-se
ao trem inexistente.
Questionário incompleto, repleto.
Reflexo da imagem nas águas
impuras da praça.
(Pedro Du Bois, inédito)