Não me cobrem a medalha
a honra
o mérito
a encoberta história
mal contada
cobrem o enredo da teia e da rede
de pesca o peixe semi-morto
cobrem o óbolo roubado ao cego
e ao cão cegado na escuridão
do inferno em outros nomes
cobrem o óleo espargido ao acaso
e o fogo consumido aos poucos
não me cobrem a medalha
exposta em glória: na especificidade
o orgulho se desnuda
e aos lados afloram
anos continuados
cobrem o álcool derramado
na contagem final da cena.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 30 de abril de 2012
sábado, 28 de abril de 2012
SENHOR
Senhor das batalhas, cede ao encanto
da terra molhada: para o corpo
e recupera da relva a calma
em que foi criado; batalhas
inibem sonhos inventados em anos
verdes de conquistas: anos de descobertas
anímicas e de cansaço físico de prazeres
tanto a batalha vencida
no grito e no tinir da espada
ao tiro longínquo do canhão
da esquadra, ao quanto
envelhecido nas jornadas,
ao inverno ressecado na terra
abandonada, quanto aos túmulos
indesejados dos amigos, ao céu
descolorido no fim da jornada
cede ao encontro da terra jogada
sobre o corpo.
(Pedro Du Bois, inédito)
da terra molhada: para o corpo
e recupera da relva a calma
em que foi criado; batalhas
inibem sonhos inventados em anos
verdes de conquistas: anos de descobertas
anímicas e de cansaço físico de prazeres
tanto a batalha vencida
no grito e no tinir da espada
ao tiro longínquo do canhão
da esquadra, ao quanto
envelhecido nas jornadas,
ao inverno ressecado na terra
abandonada, quanto aos túmulos
indesejados dos amigos, ao céu
descolorido no fim da jornada
cede ao encontro da terra jogada
sobre o corpo.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 25 de abril de 2012
CHUVA
Sobre a chuva
na sensação da vida
conduzida ao indelével
estado de nobreza: não
nobiliárquica no pressuposto
do poder e do medo atávico
soubesse a origem da nobreza
estéril nos entreatos onde
o nada produz o gesto vazio
da espera. A chuva é a espera.
Pedro Du Bois, inédito
na sensação da vida
conduzida ao indelével
estado de nobreza: não
nobiliárquica no pressuposto
do poder e do medo atávico
soubesse a origem da nobreza
estéril nos entreatos onde
o nada produz o gesto vazio
da espera. A chuva é a espera.
Pedro Du Bois, inédito
segunda-feira, 23 de abril de 2012
LEMBRAR
Mnemônico
guardo o restante:
alimentações se repetem
em necessidades.
(Pedro Du Bois, inédito)
guardo o restante:
alimentações se repetem
em necessidades.
(Pedro Du Bois, inédito)
Brevidades, o livro
Meu novo livro de poemas, Brevidades, editado através do Projeto Passo Fundo, mantido por Ernesto Zanette, foi lançado em Passo Fundo (RS)na tarde/noite de 19.04. Na dedicatória - para Tânia - escrevo que:
Por instantes o encontro se
consuma: sou eu que descrevo e
escrevo sobre a efemeridade em que
me (re)conheço. Seria assim, não fosse
apenas um poema a dizer da brevidade do
pensamento e dos atos cotidianamente
abstraídos em minha vida. As afirmações
soam perigosas, mas não posso fugir aos
itens elencados. Por isso a procura dos
pontos que me sustentam, mesmo
que – como sempre – transitórios
em sua literalidade.
sábado, 14 de abril de 2012
OUVE
Ouve, sou o som anterior,
o refrigerador arrefecido
na temperatura ambiente,
o fogão cozido no estrago.
No estrado o pé faz
o passo no voo do pássaro.
Ouve em mim o antiverso
das palavras: a sagração da hora
na repetição do grito das crianças
no linguajar dos entendimentos.
O rádio ligado na canção rouquenha.
Ouve em mim o estalar dos ossos.
Maneira de me fazer átono,
de me dizer átimo, de me ouvir
em último recado.
(Pedro Du Bois, inédito)
o refrigerador arrefecido
na temperatura ambiente,
o fogão cozido no estrago.
No estrado o pé faz
o passo no voo do pássaro.
Ouve em mim o antiverso
das palavras: a sagração da hora
na repetição do grito das crianças
no linguajar dos entendimentos.
O rádio ligado na canção rouquenha.
Ouve em mim o estalar dos ossos.
Maneira de me fazer átono,
de me dizer átimo, de me ouvir
em último recado.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 12 de abril de 2012
AMAR
Se a hora é cedo
cede ao contato:
corpos se aquecem
e o tempo arde
na tarde dos arrependimentos
sabe, sobre o que foi dito acha,
do encontro lembrado pensa
em se desvencilhar do fardo
sendo cedo: concede
ao tempo o encontro
satisfeito dos amantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
cede ao contato:
corpos se aquecem
e o tempo arde
na tarde dos arrependimentos
sabe, sobre o que foi dito acha,
do encontro lembrado pensa
em se desvencilhar do fardo
sendo cedo: concede
ao tempo o encontro
satisfeito dos amantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 10 de abril de 2012
ABSORTO
Passa absorto. Absorve a lama
endurecida dos recados. O recato
na mulher despossuída
em corpo ainda jovem
epopeia não ouvida
no relato. O realejo
toca miscelâneas de proveitos
e peixes absortos repousam
no aquário.
(Pedro Du Bois, inédito)
endurecida dos recados. O recato
na mulher despossuída
em corpo ainda jovem
epopeia não ouvida
no relato. O realejo
toca miscelâneas de proveitos
e peixes absortos repousam
no aquário.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 8 de abril de 2012
CORPO
Acorda sua vida
uma vez mais
única razão
para ser presente
na ausência futura
deixa dormir
o corpo
sobre o leito
o defeito o transforma em mera referência
de tempos idos: fantasma esmaecido
em bruma de desconhecimento. Corpo
sobre corpo abre os olhos e diz
do sofrimento em não ser lembrança
único corpo sobre a cama
e esse corpo dorme.
(Pedro Du Bois, inédito)
uma vez mais
única razão
para ser presente
na ausência futura
deixa dormir
o corpo
sobre o leito
o defeito o transforma em mera referência
de tempos idos: fantasma esmaecido
em bruma de desconhecimento. Corpo
sobre corpo abre os olhos e diz
do sofrimento em não ser lembrança
único corpo sobre a cama
e esse corpo dorme.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 6 de abril de 2012
NASCIDO
Nasço desterrado.
Nenhuma janela
se abre ao interior
do quarto.
Sou do ventre o livre despertar
do corpo: a água quente
me lava em espinhos.
Sou ilha isolada no mundo
dos subterfúgios. No olho
do pai o brilho avermelhado
do outro mundo. Em minha
mãe antevejo a razão do medo.
A guerra terminada me impele
ao continente. Nu o corpo apreende
o raiar do dia. A pedra sorve
a quentura escondida em roupas.
(Pedro Du Bois, inédito)
Nenhuma janela
se abre ao interior
do quarto.
Sou do ventre o livre despertar
do corpo: a água quente
me lava em espinhos.
Sou ilha isolada no mundo
dos subterfúgios. No olho
do pai o brilho avermelhado
do outro mundo. Em minha
mãe antevejo a razão do medo.
A guerra terminada me impele
ao continente. Nu o corpo apreende
o raiar do dia. A pedra sorve
a quentura escondida em roupas.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 4 de abril de 2012
SONS E SILÊNCIO
Nenhum silêncio
profetiza o tempo: grito
saliente da vida inconsumida
no renascimento
aqui na crença e na confiança
afeita no milagre
da multiplicação do som
nenhum som prediz o tempo
do silêncio reposto
sobre o tampo.
(Pedro Du Bois, inédito)
profetiza o tempo: grito
saliente da vida inconsumida
no renascimento
aqui na crença e na confiança
afeita no milagre
da multiplicação do som
nenhum som prediz o tempo
do silêncio reposto
sobre o tampo.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 2 de abril de 2012
TARDE
Nada espero da tarde
o anoitecer (manto)
mente sofrimentos
nos encantos (tantos)
perdidos após a hora:
manhãs iniciadas
frias em após auroras
desconhecem as luzes
do impedimento: crescer
e se fazer tarde (passagem)
em lamentos.
(Pedro Du Bois, inédito)
o anoitecer (manto)
mente sofrimentos
nos encantos (tantos)
perdidos após a hora:
manhãs iniciadas
frias em após auroras
desconhecem as luzes
do impedimento: crescer
e se fazer tarde (passagem)
em lamentos.
(Pedro Du Bois, inédito)