SABER
pergunto ao lado sobre o tempo
ocorrido entre estar aqui e lá,
nada responde, tanto faz
a ganância irrestrita, o lapso
impensado, o ourives e suas jóias,
a retórica e o silêncio discursados:
na resposta não havida repousa
o monstro criado ao arrepio
do alívio: ovelhas pascentadas
no desvario das palavras
sobre histórias recorrentes
avio a receita e das drogas
retiro a sobrevivência
exijo respostas: anseio saber
do tempo decorrido. A atemporalidade
me esgota.
(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS)
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
LÁ
Sobre o mundo de lá
noticiam boas novas
repetida dor da mãe separada
no fragor da batalha
o interlocutor observa o ir embora
e a voz se distancia na estrada
aberta ao desconsolo
sirenes avisam do ataque
passos aceleram a fuga
sobre o mundo de lá
soam notícias de boas novas.
(Pedro Du Bois, inédito)
noticiam boas novas
repetida dor da mãe separada
no fragor da batalha
o interlocutor observa o ir embora
e a voz se distancia na estrada
aberta ao desconsolo
sirenes avisam do ataque
passos aceleram a fuga
sobre o mundo de lá
soam notícias de boas novas.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 19 de fevereiro de 2012
TEMPOS
Ao me dar
conta
do disparate: frio
antecipado, calor
atravessado, lavoura
perdida, carne
morta, penso
o tempo na repetição
da hora
a inteireza do universo
terrestre domado
o repetir constante
do relógio ordenado
no caos da passagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
conta
do disparate: frio
antecipado, calor
atravessado, lavoura
perdida, carne
morta, penso
o tempo na repetição
da hora
a inteireza do universo
terrestre domado
o repetir constante
do relógio ordenado
no caos da passagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
CONHEÇO
Conheço da casa o centro
onde elementos se refazem
em versos. O som da verdade
e o conversar dos deuses aproximados.
Pertenço a ela e sou a constância
do pensamento linear das famílias
construídas no abafar das mágoas
em entrechoques diários: margens
do cerco ao futuro descompasso
de quem vai embora.
Sei da casa a hora derradeira dos encontros
e da chegada do estranho que me transforma:
a unidade rompida pelo estrangeiro
e a visão adiantada do progresso.
Tenho na casa a incerteza de um dia
ter estado junto e feliz.
(Pedro Du Bois, inédito)
onde elementos se refazem
em versos. O som da verdade
e o conversar dos deuses aproximados.
Pertenço a ela e sou a constância
do pensamento linear das famílias
construídas no abafar das mágoas
em entrechoques diários: margens
do cerco ao futuro descompasso
de quem vai embora.
Sei da casa a hora derradeira dos encontros
e da chegada do estranho que me transforma:
a unidade rompida pelo estrangeiro
e a visão adiantada do progresso.
Tenho na casa a incerteza de um dia
ter estado junto e feliz.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
AMANHECER
Em pálida luz
amanhece o dia
no princípio da aurora
entre bocejos entrecortados
de realidade
sei da sua presença
na divisão do tempo:
está comigo na imensidão
das revisões diárias
dos amores
amanhece: a luz se consubstancia
em clarões. Ser do dia o universo
repetido no canto dos pássaros
e na água da pia: restos da pasta
de dentes
amanheço dias ensolarados
entre nuvens: voce dorme.
(Pedro Du Bois, inédito)
amanhece o dia
no princípio da aurora
entre bocejos entrecortados
de realidade
sei da sua presença
na divisão do tempo:
está comigo na imensidão
das revisões diárias
dos amores
amanhece: a luz se consubstancia
em clarões. Ser do dia o universo
repetido no canto dos pássaros
e na água da pia: restos da pasta
de dentes
amanheço dias ensolarados
entre nuvens: voce dorme.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
A CASA DAS GAIOLAS
XXXVII - DIZER
A voz sorridente diz entredentes
que o país espera meu dever
que a empresa exige o cumprimento
que a família acorda
pensando no bem estar
a voz entrementes sorri argumentos
vários
variados
variáveis
onde me coloca como estuário
do rio em fúria na queda
d'água barrenta do futuro
do futuro me faço ausente
e da prisão presente
me afasto: todas as portas
abertas em oportunidades.
(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS)
A voz sorridente diz entredentes
que o país espera meu dever
que a empresa exige o cumprimento
que a família acorda
pensando no bem estar
a voz entrementes sorri argumentos
vários
variados
variáveis
onde me coloca como estuário
do rio em fúria na queda
d'água barrenta do futuro
do futuro me faço ausente
e da prisão presente
me afasto: todas as portas
abertas em oportunidades.
(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS)
sábado, 11 de fevereiro de 2012
SABERES
Como saber de mim
se me escondo em sonhos
nos dias transitórios
de obras e silêncios
barulhos e argamassas
colocadas no extremo
gesto da concretude?
Inocente algoz em ordens
e na face do condenado
o detalhe da simples entrega
não me faz carrasco
e prisioneiro
e da minha face retiro
a imobilidade do escudo.
Não queiram saber de mim: redemoinho
decomposto no exagero do espaço ocupado
pelo corpo. Tenho nas mãos a incerteza
do espírito em cada extensa madrugada.
(Pedro Du Bois, inédito)
se me escondo em sonhos
nos dias transitórios
de obras e silêncios
barulhos e argamassas
colocadas no extremo
gesto da concretude?
Inocente algoz em ordens
e na face do condenado
o detalhe da simples entrega
não me faz carrasco
e prisioneiro
e da minha face retiro
a imobilidade do escudo.
Não queiram saber de mim: redemoinho
decomposto no exagero do espaço ocupado
pelo corpo. Tenho nas mãos a incerteza
do espírito em cada extensa madrugada.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
PUREZA
Há pureza
pura oferta
apurada
em preços
depurados
contém a licença obrigatória
em fosco vidro temperado
pureza ostentada
em graça
desgraça
desgraçada
imagem
possui a inteireza de caráter
em fosso áspero de saudades
pura ilusão
apurada
na depuração
das palavras.
(Pedro Du Bois, inédito)
pura oferta
apurada
em preços
depurados
contém a licença obrigatória
em fosco vidro temperado
pureza ostentada
em graça
desgraça
desgraçada
imagem
possui a inteireza de caráter
em fosso áspero de saudades
pura ilusão
apurada
na depuração
das palavras.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
RETORNAR
Vivo na deslembrança
do espaço paralelo
onde me reencontro
ante as bifurcações
em que as decisões
me afastam do início
recupero o gesto
dispo a roupa da infância
transito amargos jardins
em inexistências
rasgo em torrentes águas aprisionadas
no congelamento em que me transformo
na passagem: não lembrar me liberta
no espaço vazio da inconsequência
e na indeterminação da insanidade
sou o ovo em casca: projeto
aos projetos se permitem liberalidades.
(Pedro Du Bois, inédito)
do espaço paralelo
onde me reencontro
ante as bifurcações
em que as decisões
me afastam do início
recupero o gesto
dispo a roupa da infância
transito amargos jardins
em inexistências
rasgo em torrentes águas aprisionadas
no congelamento em que me transformo
na passagem: não lembrar me liberta
no espaço vazio da inconsequência
e na indeterminação da insanidade
sou o ovo em casca: projeto
aos projetos se permitem liberalidades.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 5 de fevereiro de 2012
AVANÇAR
Avanço sobre a terra
desnudada de significância
na árdua caminhada
inconsentida em mim
todo desatino leva
o destino ao sentido
inigualável da partida
no avançar a terra se faz áspera
e os pés em chagas reproduzem
passos desnecessários ao futuro
rasgo sobre a terra
a permanência
das propriedades
e me instalo: planta
condenada ao fracasso
o insucesso repete a sina do começo
em versos solidificados de cansaços.
(Pedro Du Bois, inédito)
desnudada de significância
na árdua caminhada
inconsentida em mim
todo desatino leva
o destino ao sentido
inigualável da partida
no avançar a terra se faz áspera
e os pés em chagas reproduzem
passos desnecessários ao futuro
rasgo sobre a terra
a permanência
das propriedades
e me instalo: planta
condenada ao fracasso
o insucesso repete a sina do começo
em versos solidificados de cansaços.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
DESEJOS
O tigre dos desejos
mancha a reputação
em peles ásperas
de desencontros
a consciência ilesa
deita a prostituta
na sanha arbitrária
dos desejos
a consome em peles
desprovidas, em ascos
desconhecidos, em sedes
saciadas ao acaso
o desejo abandona a casamata
e batalha: a mortalha cobre
as manchas. Desnudada
em suores, assusta o instante
do alcance e desaparece.
(Pedro Du Bois, inédito)
mancha a reputação
em peles ásperas
de desencontros
a consciência ilesa
deita a prostituta
na sanha arbitrária
dos desejos
a consome em peles
desprovidas, em ascos
desconhecidos, em sedes
saciadas ao acaso
o desejo abandona a casamata
e batalha: a mortalha cobre
as manchas. Desnudada
em suores, assusta o instante
do alcance e desaparece.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
VER-SE
como vejo o velho
doente sobre a cama
do quarto
de janelas cerradas
ao dia
em estranha luz
que de fora
insiste em iluminar
o velho
na manhã
de janelas fechadas
sobre a cama
doente na dor
da luz anterior
ao corpo perdido
em quartos fechados
e ângulos diversos
na igualdade dos velhos
doentes e estendidos
sobre escuras camas.
(Pedro Du Bois, inédito)
doente sobre a cama
do quarto
de janelas cerradas
ao dia
em estranha luz
que de fora
insiste em iluminar
o velho
na manhã
de janelas fechadas
sobre a cama
doente na dor
da luz anterior
ao corpo perdido
em quartos fechados
e ângulos diversos
na igualdade dos velhos
doentes e estendidos
sobre escuras camas.
(Pedro Du Bois, inédito)