Você enganado: a cor da camisa, a dobra da calça,
o sapato desamarrado, a quietude do espelho
transformada no discurso apregoando virtudes
desencontradas; ser o engano não lhe faz maior
que o problema discorrido em tons ameaçadores
e ao longe avista a traição amena das derrotas:
o que leva no bolso lhe faz falta: a carteira
com os documentos, o dinheiro, as chaves irresolutas
das chegadas, o lenço pouco usado no passado
tudo o que tem consigo lhe sufoca, leva a mão
à cabeça e sente o despentear do vento, a dor
inerente ao ouvido, o estalido das juntas; o passo
incorreto da incerteza treme as mãos nos bolsos
você considerado engano terminal das oferendas
e o pacote sob o braço pesa a desdita de pagar
o voto não conquistado; joga fora o embrulho
e segue ao lado da sombra: a sombra o engana.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 31 de dezembro de 2011
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
SAGRAÇÃO
Nos primeiros tempos
têmpera sobre aço
reforça o esforço
lança ao espaço
o fogo
ardente
da espera
e no terraço
aguarda a volta
do interesse aflito
calcula a área descrita
em versos e do reverso
revigora a alma no cansaço
das esperanças
a conversa ao telefone
direto ao ponto
ao porto
a porta aberta
ao delírio
descreve em arcos o interesse
repentino das refregas
e das lutas intensas
dos incautos
repara no antebraço
com que o vilão
apura o golpe
reescreve e no restante
adianta o sofrimento
do corpo
a dor da memória
onde caninos e dedos médios
indicam o não escutar
do refrão insistente
aporta ao largo e desfaz as ondas
repentinas das saudades
na água cristalina
dos lampejos
e dos reflexos
foge ao primeiro ataque
do esconderijo espia
a poeira cobrir a rua
onde o restante da casa
destruída em ecos
estremece o chão
colabora na velhice com o anteparo
da morte desdobrada
em adeuses
irritantes e inócuos
a idade consubstanciada
na dificuldade
de se fazer ouvir
ou escutar
ou dizer
do passado a história reescrita
em cada época e décadas
decantadas
o alvo fácil dos parques de diversões
em armas virtuais das realidades
anômalas onde derrubam animais
mecânicos e no linguajar aberto
dos desafetos dizem verdades
inoculadas em vacinas
descobertas após
o veredicto
verdadeira é a palavra escrita
riscada em papéis de seda
para que na folha debaixo
fique em decalque
o ressurgir do traço
mentiroso dos regressos.
(Pedro Du Bois, inédito)
têmpera sobre aço
reforça o esforço
lança ao espaço
o fogo
ardente
da espera
e no terraço
aguarda a volta
do interesse aflito
calcula a área descrita
em versos e do reverso
revigora a alma no cansaço
das esperanças
a conversa ao telefone
direto ao ponto
ao porto
a porta aberta
ao delírio
descreve em arcos o interesse
repentino das refregas
e das lutas intensas
dos incautos
repara no antebraço
com que o vilão
apura o golpe
reescreve e no restante
adianta o sofrimento
do corpo
a dor da memória
onde caninos e dedos médios
indicam o não escutar
do refrão insistente
aporta ao largo e desfaz as ondas
repentinas das saudades
na água cristalina
dos lampejos
e dos reflexos
foge ao primeiro ataque
do esconderijo espia
a poeira cobrir a rua
onde o restante da casa
destruída em ecos
estremece o chão
colabora na velhice com o anteparo
da morte desdobrada
em adeuses
irritantes e inócuos
a idade consubstanciada
na dificuldade
de se fazer ouvir
ou escutar
ou dizer
do passado a história reescrita
em cada época e décadas
decantadas
o alvo fácil dos parques de diversões
em armas virtuais das realidades
anômalas onde derrubam animais
mecânicos e no linguajar aberto
dos desafetos dizem verdades
inoculadas em vacinas
descobertas após
o veredicto
verdadeira é a palavra escrita
riscada em papéis de seda
para que na folha debaixo
fique em decalque
o ressurgir do traço
mentiroso dos regressos.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
POTE
Esvazia o pote
na mágica
recorrente
das tramóias
treme sua mão no vento
e se dispõe ao caminhar
errante dos atrapalhos
ressurge em cada etapa
na descoberta da prata
do pagamento
do pote vazio quer
o aroma em bebidas
evaporadas: a saliência onírica
do passado, a queda esperada
das notícias, o levar consigo
a natureza morta
recorre à mágoa trancafiada
no desvão do espírito: a materialização
da hora na vingança.
(Pedro Du Bois, inédito)
na mágica
recorrente
das tramóias
treme sua mão no vento
e se dispõe ao caminhar
errante dos atrapalhos
ressurge em cada etapa
na descoberta da prata
do pagamento
do pote vazio quer
o aroma em bebidas
evaporadas: a saliência onírica
do passado, a queda esperada
das notícias, o levar consigo
a natureza morta
recorre à mágoa trancafiada
no desvão do espírito: a materialização
da hora na vingança.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
INVÓLUCRO
O invólucro sobre a mesa
(no canto da sala)
fechado em segredos
tateado em dedos
desamparados
aberto ao toque
mostra o mistério do oriente
a revelação do ocidente
o segredo do norte
o frio inconfessável
por estar sobre a mesa
o invólucro
não recebido
no canto da sala não há mesa
não há sala
há o invólucro sobre o canto
da mesa da sala.
(Pedro Du Bois, inédito)
(no canto da sala)
fechado em segredos
tateado em dedos
desamparados
aberto ao toque
mostra o mistério do oriente
a revelação do ocidente
o segredo do norte
o frio inconfessável
por estar sobre a mesa
o invólucro
não recebido
no canto da sala não há mesa
não há sala
há o invólucro sobre o canto
da mesa da sala.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
OPOSTOS
Não me oponho
às guerras
e aos altos prédios
sou oposto ao verde
das florestas impensadas
e aos azuis corais
das águas rasas
rarefeito, aspiro a permanência
estonteante das planícies
e retiro da situação antagônica
o refazimento das sibilas
entre frases diametralmente
lançadas ao vento retiro
oposições: das guerras
recebo as últimas horas
e trafego no extremo anel
de angulações e raios
sou oposto raio fúlgido
de desesperanças: o apagar
das luzes.
(Pedro Du Bois, inédito)
às guerras
e aos altos prédios
sou oposto ao verde
das florestas impensadas
e aos azuis corais
das águas rasas
rarefeito, aspiro a permanência
estonteante das planícies
e retiro da situação antagônica
o refazimento das sibilas
entre frases diametralmente
lançadas ao vento retiro
oposições: das guerras
recebo as últimas horas
e trafego no extremo anel
de angulações e raios
sou oposto raio fúlgido
de desesperanças: o apagar
das luzes.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
TEMPO FEITO
Sei fazer. Faço
a canção inerente
ao amor emocionado
desfaço a hora
da leitura e nos textos
guardo letras
inerentes ao fogo
consumido
sei fazer: desfeito
me reapresento
ao tempo
e o tempo
existe.
(Pedro Du Bois, inédito)
a canção inerente
ao amor emocionado
desfaço a hora
da leitura e nos textos
guardo letras
inerentes ao fogo
consumido
sei fazer: desfeito
me reapresento
ao tempo
e o tempo
existe.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
RENASCER
Renascido, reapresenta o velho
corpo e o diz novo: come do prato
o pouco da necessidade e bebe
na taça o muito da vaidade: refaz
o caminho das lembranças. Ao novo
cabem conhecimentos antecipados.
Aos velhos faltam razões. Considera
a oportunidade e leva o corpo
ao banho: a água tépica entorpece,
a espuma amortece, o perfume
ilude, a sujeira permanece.
Realimenta a fera encoberta
ao render graças: abraça
os próximos ao aliviar
o rosto em tormento: renasce
na conta de não ter existido.
(Pedro Du Bois, inédito)
corpo e o diz novo: come do prato
o pouco da necessidade e bebe
na taça o muito da vaidade: refaz
o caminho das lembranças. Ao novo
cabem conhecimentos antecipados.
Aos velhos faltam razões. Considera
a oportunidade e leva o corpo
ao banho: a água tépica entorpece,
a espuma amortece, o perfume
ilude, a sujeira permanece.
Realimenta a fera encoberta
ao render graças: abraça
os próximos ao aliviar
o rosto em tormento: renasce
na conta de não ter existido.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
ENCONTRO
O homem imóvel diante da porta
não responde ao cumprimento
sabe do momento
que se aproxima
reconhece na mulher
de passos rápidos
o encontro
imóvel diante da porta
o homem entende
o lamento subsequente
no bolso repousa a moeda
para o pagamento da viagem
na mão o lenço
com que enxugará
a lágrima de quem fica
a mulher se detém diante dele
e nada fala.
(Pedro Du Bois, inédito)
não responde ao cumprimento
sabe do momento
que se aproxima
reconhece na mulher
de passos rápidos
o encontro
imóvel diante da porta
o homem entende
o lamento subsequente
no bolso repousa a moeda
para o pagamento da viagem
na mão o lenço
com que enxugará
a lágrima de quem fica
a mulher se detém diante dele
e nada fala.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 11 de dezembro de 2011
ESCREVER
Ouve a música
o vento atravessa
ares: descoberto
sofre o conhecimento
e da música
aguarda o contexto
ouve a música: lembra
o tempo refeito em cinzas
de pensamentos
no ar a música espaceja
e se dilui em tons
insensatos.
(Pedro Du Bois, inédito)
o vento atravessa
ares: descoberto
sofre o conhecimento
e da música
aguarda o contexto
ouve a música: lembra
o tempo refeito em cinzas
de pensamentos
no ar a música espaceja
e se dilui em tons
insensatos.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
CONCRETAR
Resseco a planta duradoura
desmancho canteiros
cubro a terra no concreto
mundo do progresso
a terra permancece
na pedra introduzida
em veios de sapatas
a folha
a flor
a essência
o perfume.
(Pedro Du Bois, inédito)
desmancho canteiros
cubro a terra no concreto
mundo do progresso
a terra permancece
na pedra introduzida
em veios de sapatas
a folha
a flor
a essência
o perfume.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
EXATO
Sou a forma exata
da correção formada
na deformação
repilo o incidente
e jogo pela janela
o pássaro desalmado
que invade o quarto
atrapalho o sistema
na elucidação da fala
e digo o que bem entendo
sinto sobre a face o vento
vindo de lá sei onde
porque não assisto
à previsão do tempo
sou a forma exata
na forma afirmativa
da desinformação
repito o ocidente
em viagens intercaladas
aos montes pascais
aproximo incidentes
na consequência
de ensimesmadas paixões
e me faço tolo
de aonde for e vier
sensibilizo o tema
entregue no capítulo
posterior da entrega
e da revelação
sou a forma exata
na afirmação erétil
do projeto canibalesco
da antropofagia
revejo a consciência
mnemônica no tanto
que ouço falar
em sangues e punhais
aliso a fronte em sensações
abatidas dos cansaços
decorrentes do andar
sereno o ânimo do profeta
e alerto o passado
reaberto em inquisições
do que está acertado
sou a forma exata
aproximada ao ato
no embalar a criança
recém nascida
no beço adormecido
de quem sempre faz
remexo em vespas
ao relento
no ferrão instalado
ao me fazer soldado
orador e pai
avivo a pedra
extraída ao veio
cristalizado em tempos
imemoriais
seleciono na companhia
o gesto com que gesto
a fama de mau rapaz
sou a forma exata
na inexatidão do instante
perpetuado ao início.
(Pedro Du Bois, inédito)
da correção formada
na deformação
repilo o incidente
e jogo pela janela
o pássaro desalmado
que invade o quarto
atrapalho o sistema
na elucidação da fala
e digo o que bem entendo
sinto sobre a face o vento
vindo de lá sei onde
porque não assisto
à previsão do tempo
sou a forma exata
na forma afirmativa
da desinformação
repito o ocidente
em viagens intercaladas
aos montes pascais
aproximo incidentes
na consequência
de ensimesmadas paixões
e me faço tolo
de aonde for e vier
sensibilizo o tema
entregue no capítulo
posterior da entrega
e da revelação
sou a forma exata
na afirmação erétil
do projeto canibalesco
da antropofagia
revejo a consciência
mnemônica no tanto
que ouço falar
em sangues e punhais
aliso a fronte em sensações
abatidas dos cansaços
decorrentes do andar
sereno o ânimo do profeta
e alerto o passado
reaberto em inquisições
do que está acertado
sou a forma exata
aproximada ao ato
no embalar a criança
recém nascida
no beço adormecido
de quem sempre faz
remexo em vespas
ao relento
no ferrão instalado
ao me fazer soldado
orador e pai
avivo a pedra
extraída ao veio
cristalizado em tempos
imemoriais
seleciono na companhia
o gesto com que gesto
a fama de mau rapaz
sou a forma exata
na inexatidão do instante
perpetuado ao início.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
CONTROVERSO
No centro a controvérsia instala o medo
do desconhecido: a contestação prepondera
sobre o objeto: a vida apropriada submete
o instante: mágica sobreposta ao tímido
sorriso da moça em afazeres: irritado
pai compreende tarde a vontade
dos filhos: controverso o tema flui
inócuo: resulta vazio: descaracterizado
aos ouvidos surdos dos interlocutores.
Esperar a malícia do convencimento
iludir os fatos transformando coragem
em atos benfazejos: no centro esvazio
a ideia da perda: espero.
(Pedro Du Bois, inédito)
do desconhecido: a contestação prepondera
sobre o objeto: a vida apropriada submete
o instante: mágica sobreposta ao tímido
sorriso da moça em afazeres: irritado
pai compreende tarde a vontade
dos filhos: controverso o tema flui
inócuo: resulta vazio: descaracterizado
aos ouvidos surdos dos interlocutores.
Esperar a malícia do convencimento
iludir os fatos transformando coragem
em atos benfazejos: no centro esvazio
a ideia da perda: espero.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 3 de dezembro de 2011
TEMPESTADE
O tempo fechado
em tempestade
abre fresta
ao relâmpago
cortado na incerteza
da passagem
o barulho ao longe
desperta sentidos
de vidas inertes
sob os escombros
concretados dos abrigos
a chuva lava a terra
levada na sobrevivência
exposta no sacrilégio
da palavra dita
em desespero e medo
o tempo fechado na passagem
invade o ânimo e se deposita
por inteiro.
(Pedro Du Bois, inédito)
em tempestade
abre fresta
ao relâmpago
cortado na incerteza
da passagem
o barulho ao longe
desperta sentidos
de vidas inertes
sob os escombros
concretados dos abrigos
a chuva lava a terra
levada na sobrevivência
exposta no sacrilégio
da palavra dita
em desespero e medo
o tempo fechado na passagem
invade o ânimo e se deposita
por inteiro.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
RETIRAR
De cada morte
retiro
a vida
analiso
em nomes
datas
dizeres
e assinaturas
na última vontade
inconsciente
entendo as razões
do silêncio
em cada morte deposito
flores recontadas.
(Pedro Du Bois, inédito)
retiro
a vida
analiso
em nomes
datas
dizeres
e assinaturas
na última vontade
inconsciente
entendo as razões
do silêncio
em cada morte deposito
flores recontadas.
(Pedro Du Bois, inédito)