Não me ofereçam
segredos
em troca
no mistério
residem
as contemplações
ver
e ouvir
ter medo e resistir
segredos revelados
se apresentam
inócuos
e esmaecem na rapidez
do atalho
das respostas.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
BONDADE
Sua bondade
ofende: reparte o pão
na comunhão do almoço
repete o gesto
alcança o rosto
ao carrasco
altera o significado da palavra
e luta no pressuposto
da batalha
a ofensa invade o espírito
e se faz vingança
na despedida dardeja
esperas e se faz sentido
sentimento
sentimental
razão do anonimato.
(Pedro Du Bois, inédito)
ofende: reparte o pão
na comunhão do almoço
repete o gesto
alcança o rosto
ao carrasco
altera o significado da palavra
e luta no pressuposto
da batalha
a ofensa invade o espírito
e se faz vingança
na despedida dardeja
esperas e se faz sentido
sentimento
sentimental
razão do anonimato.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
CRESPÚSCULO
Ao crespúsculo ofereço
a luz
arrefecida
e aos amantes
internalizo o vazio
do escuro olho
que me avista
esqueço a briga anterior
e preparo a próxima luta
enluto a arena
em sangue derramado
no crepúsculo do espetáculo
evito os aplausos e me faço
em escuros textos de erráticos
seres abandonados: aos amantes
ofereço o líquido, o sono
amedrontado e o desarmado corpo.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 24 de setembro de 2011
MEU PAI
Caminho entre túmulos
dispostos
em flores
fitas
datas
e dizeres de adeus
e permanência
arranco do solo o inço
que viceja
vou embora sem encontrar
você
além de túmulos
fotos
flores
e inços vicejantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
dispostos
em flores
fitas
datas
e dizeres de adeus
e permanência
arranco do solo o inço
que viceja
vou embora sem encontrar
você
além de túmulos
fotos
flores
e inços vicejantes.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
EMOÇÕES
Afasto a emoção e na frieza da noite
escureço
o caminho
e não sinto
não pressinto
não percebo
não me comprometo
o distanciamento
me leva ao enlevo
e através das horas
me afasto
e não percebo
a emoção perdura entre os dedos
na sensação da ausência
afasto o sentimento e sufoco
a sensação
emotiva
do presente.
(Pedro Du Bois, inédito)
escureço
o caminho
e não sinto
não pressinto
não percebo
não me comprometo
o distanciamento
me leva ao enlevo
e através das horas
me afasto
e não percebo
a emoção perdura entre os dedos
na sensação da ausência
afasto o sentimento e sufoco
a sensação
emotiva
do presente.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 20 de setembro de 2011
AUSENTES
Sento com os meus
e presto atenção no silêncio:
nas palavras não ditas
nos gestos não esboçados
na apatia que nos cerca
nos olhos presos
na tela
iluminada
as luzes confundem as pessoas
e as acostumam
em ausências.
(Pedro Du Bois, inédito)
e presto atenção no silêncio:
nas palavras não ditas
nos gestos não esboçados
na apatia que nos cerca
nos olhos presos
na tela
iluminada
as luzes confundem as pessoas
e as acostumam
em ausências.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 18 de setembro de 2011
TERRITÓRIOS
Rasga a bandeira
e se declara: anônimo
ser desterrado - na terra
seca de saúde, saúda
o pedaço conflagrado
e o arremessa ao vento
o território demarcado
aprisiona: dentro e fora
a bandeira integra o rito
do aprendizado
e o contempla
em margem
demarcada
desmarca o território
e o integra
à totalidade.
(Pedro Du Bois, inédito)
e se declara: anônimo
ser desterrado - na terra
seca de saúde, saúda
o pedaço conflagrado
e o arremessa ao vento
o território demarcado
aprisiona: dentro e fora
a bandeira integra o rito
do aprendizado
e o contempla
em margem
demarcada
desmarca o território
e o integra
à totalidade.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
CALORES
No calor do corpo
enregelo o abraço
mãos antepostas
aos dedos
em ultrapassagens
sinto no frio
a quietude
em que me transformo
no olhar disposto
ao contato
no calor do corpo
sustento o encontro
mãos atravessadas
em gestos
de promessas.
(Pedro Du Bois, inédito)
enregelo o abraço
mãos antepostas
aos dedos
em ultrapassagens
sinto no frio
a quietude
em que me transformo
no olhar disposto
ao contato
no calor do corpo
sustento o encontro
mãos atravessadas
em gestos
de promessas.
(Pedro Du Bois, inédito)
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
VER
Contemplo a morte
presente
pressente
aparente
não a verdadeira morte
nauseabunda
(a gata prenhe e gorda
sobre a relva em busca
do espaço perdido
na fertilidade)
contenho a morte
no instante referente
e a congelo
em imagens
(não a gata, preta e branca
gorda e prenhe)
convivo na morte
anunciada em nascimento.
(Pedro Du Bois, inédito)
presente
pressente
aparente
não a verdadeira morte
nauseabunda
(a gata prenhe e gorda
sobre a relva em busca
do espaço perdido
na fertilidade)
contenho a morte
no instante referente
e a congelo
em imagens
(não a gata, preta e branca
gorda e prenhe)
convivo na morte
anunciada em nascimento.
(Pedro Du Bois, inédito)
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
VEJO
O divisar da terra: o animal se alimenta da pobreza
e na aparência disforme dos corpos se delicia na incerteza
de que o próximo será a vítima circunstancial
da fome; terror estabelecido como norma:
política instilada no medo
do terror acobertado ao tolo
sentimento do temor; o iniciar
da batalha nos olhos da profundeza
onde infernos se destacam
no caminhar sobre a grama;
não tenho medo, tenho a angústia
do final da tarde e sobre enigmas
e amuletos refaço gestos: o divisor
da terra veste roupas da época e sua voz
se destaca no ataque: cumprimentos
ecoam as visões. Tenho medo.
(Pedro Du Bois, inédito)
e na aparência disforme dos corpos se delicia na incerteza
de que o próximo será a vítima circunstancial
da fome; terror estabelecido como norma:
política instilada no medo
do terror acobertado ao tolo
sentimento do temor; o iniciar
da batalha nos olhos da profundeza
onde infernos se destacam
no caminhar sobre a grama;
não tenho medo, tenho a angústia
do final da tarde e sobre enigmas
e amuletos refaço gestos: o divisor
da terra veste roupas da época e sua voz
se destaca no ataque: cumprimentos
ecoam as visões. Tenho medo.
(Pedro Du Bois, inédito)
sábado, 10 de setembro de 2011
DESABRIGAR
Desabrigo a mosca enfadonha
em vida: alimento conspurcado
na ciência arredia dos amantes;
esmago a mosca e do visgo altero
o planeta em desdita: o dito
considerado prova na marca
deixada pela mosca; na parede
reside o restante inanimado
do inseto; na vida continuada
ao esmagar da mosca habita
o desabrigo: vivo no esmagamento
do homem em mosca, sem visgo;
o vigor do homem sobreposto
ao resquício: o som da televisão
ultrapassa o que vem de fora; sobre
a impressão do corpo da mosca
o pano retira a lembrança: o desabrigo
oferece consequências, a mosca morta.
(Pedro Du Bois, inédito)
em vida: alimento conspurcado
na ciência arredia dos amantes;
esmago a mosca e do visgo altero
o planeta em desdita: o dito
considerado prova na marca
deixada pela mosca; na parede
reside o restante inanimado
do inseto; na vida continuada
ao esmagar da mosca habita
o desabrigo: vivo no esmagamento
do homem em mosca, sem visgo;
o vigor do homem sobreposto
ao resquício: o som da televisão
ultrapassa o que vem de fora; sobre
a impressão do corpo da mosca
o pano retira a lembrança: o desabrigo
oferece consequências, a mosca morta.
(Pedro Du Bois, inédito)
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
SOM
Ouço o som: aqui me demoro
em abraços
e sobre o parapeito
a janela se fecha
em estradas
do som recai o dia
anterior ao abraço
e retiro a amada
dos aconteceres
som: a ideia centralizada se desloca
ao fundo.
(Pedro Du Bois, inédito)
em abraços
e sobre o parapeito
a janela se fecha
em estradas
do som recai o dia
anterior ao abraço
e retiro a amada
dos aconteceres
som: a ideia centralizada se desloca
ao fundo.
(Pedro Du Bois, inédito)
terça-feira, 6 de setembro de 2011
MISTÉRIOS
O bolso repleto
de mistérios: inícios
guardados no alvoroço
da conquista - o que mais
pode fazer em cada uso -
na entrada da noite, entre o jantar
e o sono, contabiliza o sucesso
em formas diversas: retira
do bolso o mistério e o transforma
em formas conhecidas, acrescenta
em cada episódio a incerteza
do crescimento: longe atira
o papel picado, longe acerta
o parafuso sem a arruela, longe
destaca o cheiro amorfo do inseto,
longe se refugia do futuro.
(Pedro Du Bois, inédito)
de mistérios: inícios
guardados no alvoroço
da conquista - o que mais
pode fazer em cada uso -
na entrada da noite, entre o jantar
e o sono, contabiliza o sucesso
em formas diversas: retira
do bolso o mistério e o transforma
em formas conhecidas, acrescenta
em cada episódio a incerteza
do crescimento: longe atira
o papel picado, longe acerta
o parafuso sem a arruela, longe
destaca o cheiro amorfo do inseto,
longe se refugia do futuro.
(Pedro Du Bois, inédito)
domingo, 4 de setembro de 2011
SOBRE O MUNDO
Do umbigo do mundo
saem as conquistas.
Não os tímidos
os medrosos
os indicados
a olharem seus narcisos
incolores
e se lançarem ao mundo.
O mundo são meus umbigos
em revoltas.
(Pedro Du Bois, inédito)
saem as conquistas.
Não os tímidos
os medrosos
os indicados
a olharem seus narcisos
incolores
e se lançarem ao mundo.
O mundo são meus umbigos
em revoltas.
(Pedro Du Bois, inédito)
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
SERES
Seres medem as consequências
dos atos praticados. Tarde. Tardio.
Tardiamente na contração das mãos
em algemas. Medem o exercício
da vida em frases de efeito. Medem
os defeitos dos vizinhos e se deixam
consumir em conversas vazias
de diariamente. Seres compreendem
a transformação da semente e a unicidade
do tempo. O espaço permanece nos olhos
fechados. Seres mentem sonhos.
(Pedro Du Bois, inédito)
dos atos praticados. Tarde. Tardio.
Tardiamente na contração das mãos
em algemas. Medem o exercício
da vida em frases de efeito. Medem
os defeitos dos vizinhos e se deixam
consumir em conversas vazias
de diariamente. Seres compreendem
a transformação da semente e a unicidade
do tempo. O espaço permanece nos olhos
fechados. Seres mentem sonhos.
(Pedro Du Bois, inédito)