Nada vale o vento sobre as folhas
entre falhas
água deitada ao vaso
inundado vazio
cor e gesto
indigesto olhar
de enfadonho
cansaço
abrir e fechar os olhos
na continuidade da cena
desaparecida em pedaços
da folhagem junto à janela
movimento das folhas
movimento da seiva
movimento dos nutrientes
a luz solar
fotossíntese
síntese interestelar.
(Pedro Du Bois, (DES)TEMPO, Edição do Autor)
quinta-feira, 30 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
A NECESSÁRIA PARTIDA
Aceno no reconhecimento ao adeus
do pranto: ir embora no rompimento
amigável e hostil do ato da partida
aceno e evito olhar o passado
esqueço o travo e desconsidero a hora:
partir é mergulhar o horizonte ao fosco
ao tosco ao cansaço do corpo no presente
refaço o trajeto em acenos
e revolto o corpo
(sonhos permanecem nas paredes
onde insone passeio minha vontade)
não aguardo a chamada
desapareço na estrada
pago a passagem com o suor da espera
e me reconforto com o trajeto
(lembro a imagem errante do espelho
e pergunto se há outra reflexo)
ir embora na culpa de não ficar: reflexiono
sentimentos e me faço inteiro ao dano
oportunizo o lancinante aspecto
e o despropósito inconstante: entrevejo
a bruma e a chuva e no escuro tempo
sou louco cego mudo ao desalento
(trancado em anos na vontade de sair
da casca e fazer do pássaro o espaço
na utilização do corpo como escopo)
volto ao tempestuoso dos que ficam:
felizes os estanques que é do andarilho
o erro do trajeto e a cristalização da terra
ao barranco ofereço os pés na escalada: caio
no esforço: levanto e sigo a necessidade
alterada das dificuldades
(deixo folhas ao veredicto
da vontade: palavras não suprem
a necessidade de ver o mundo
com meus olhos)
cego de paixão ergo o punho em vingança:
sair avantaja o ser aos que ficam.
(Pedro Du Bois, A NECESSÁRIA PARTIDA, Volume II, Edição do Autor)
do pranto: ir embora no rompimento
amigável e hostil do ato da partida
aceno e evito olhar o passado
esqueço o travo e desconsidero a hora:
partir é mergulhar o horizonte ao fosco
ao tosco ao cansaço do corpo no presente
refaço o trajeto em acenos
e revolto o corpo
(sonhos permanecem nas paredes
onde insone passeio minha vontade)
não aguardo a chamada
desapareço na estrada
pago a passagem com o suor da espera
e me reconforto com o trajeto
(lembro a imagem errante do espelho
e pergunto se há outra reflexo)
ir embora na culpa de não ficar: reflexiono
sentimentos e me faço inteiro ao dano
oportunizo o lancinante aspecto
e o despropósito inconstante: entrevejo
a bruma e a chuva e no escuro tempo
sou louco cego mudo ao desalento
(trancado em anos na vontade de sair
da casca e fazer do pássaro o espaço
na utilização do corpo como escopo)
volto ao tempestuoso dos que ficam:
felizes os estanques que é do andarilho
o erro do trajeto e a cristalização da terra
ao barranco ofereço os pés na escalada: caio
no esforço: levanto e sigo a necessidade
alterada das dificuldades
(deixo folhas ao veredicto
da vontade: palavras não suprem
a necessidade de ver o mundo
com meus olhos)
cego de paixão ergo o punho em vingança:
sair avantaja o ser aos que ficam.
(Pedro Du Bois, A NECESSÁRIA PARTIDA, Volume II, Edição do Autor)
segunda-feira, 27 de junho de 2011
BLOCOS ONLINE
Participo da Antologia Digital SACIEDADE DOS POETAS VIVOS - Volume 12, editado pelo site Blocos Online, apreciaria suas visitas:
http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/obrasdigitais/saciedigpv/12/capa12.php
Abraços,
Pedro.
http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/obrasdigitais/saciedigpv/12/capa12.php
Abraços,
Pedro.
sábado, 25 de junho de 2011
ARMAZÉM DAS PALAVRAS
Refaço o caminho tantas vezes
cada vez num novo trajeto
da mesma paisagem
repito o discurso tantas vezes
cada vez outro tom de voz
repete o tema de forma diversa
rejeito a tradição dos povos
em cada recusa acrescento
nova versão aos fatos
não repito a história
a altero aos poucos
para que seja diferente
na nova repetição
recalco o sentimento do início
escondo sob o manto espesso
e escuro
recalques espremidos em fendas
que não me trazem paz
enquanto não afloram
as vezes
sou o herói na história
em outras
assassino em série.
(Pedro Du Bois, ARMAZÉM DAS PALAVRAS, Edição do Autor)
cada vez num novo trajeto
da mesma paisagem
repito o discurso tantas vezes
cada vez outro tom de voz
repete o tema de forma diversa
rejeito a tradição dos povos
em cada recusa acrescento
nova versão aos fatos
não repito a história
a altero aos poucos
para que seja diferente
na nova repetição
recalco o sentimento do início
escondo sob o manto espesso
e escuro
recalques espremidos em fendas
que não me trazem paz
enquanto não afloram
as vezes
sou o herói na história
em outras
assassino em série.
(Pedro Du Bois, ARMAZÉM DAS PALAVRAS, Edição do Autor)
quinta-feira, 23 de junho de 2011
PENSAMENTOS
Quebro a cabeça
sobre a conversa
e os olhos
postos lâminas
preconceituosas
de virtudes
e virtuosas palavras
que me quebram
a cabeça
o pensamento ouve símbolos
se transformar nos amigos
de tempos e idades
meras lembranças
de sonhos juvenis
e de lágrimas adultas
de anos passados
sobre a cabeça paira
a decepção e a moral
insurgente
emergente
arrogante
no voo da árvore
e do pássaro plantado
em terras espantalhas
quebra e a cabeça
em casamentos e separações
diversos e diferentes caminhos
bifurcados nos olhos
estéreis de ignorados amantes
sobre a noite recrio luzes
sobrecarregados dias apagados
em amores deslizantes
as mãos e os pés
que o corpo é lindo
na entrega consciente
o raio instantâneo
das músicas trazidas
por trilhas indizíveis
quebro a cabeça
no sofrimento
de chegar perto
e sufocar a bondade
tépida do beijo
inexequível o fato
esboroa em contragostos
e outros desgostos
iniciais em monogramas
escrevem nomes
para toda a vida
frutos amadurecem
no que são guardados
e vasos transbordam
seus pós
nos pensamentos a importância
transmudada em ofensas
de profusas perguntas
irrespondíveis
amados momentos
preocupados de carinhos
trazidos nos chamados
da noite induzida
em saudade
raios são passagens
elétricas do dedizer
e da desdita
areais
cavernovas passagens
de trens de ferro ultrapassados
em medidas
de pouca velocidade
com que o destino
aponta e arrasta
suas mortas asas
onde a firmeza
com que os santos
nos sobrevoam
em encantos?
sobre a cabeça
a hora perpendicular
em que sinos abominam
o silêncio desdobrado
e nos avisam do atraso
quebro a cabeça
e não me importam
consequências
imaginadas
em secas maneiras
de me dizer presente.
(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vl. V, Edição do Autor)
sobre a conversa
e os olhos
postos lâminas
preconceituosas
de virtudes
e virtuosas palavras
que me quebram
a cabeça
o pensamento ouve símbolos
se transformar nos amigos
de tempos e idades
meras lembranças
de sonhos juvenis
e de lágrimas adultas
de anos passados
sobre a cabeça paira
a decepção e a moral
insurgente
emergente
arrogante
no voo da árvore
e do pássaro plantado
em terras espantalhas
quebra e a cabeça
em casamentos e separações
diversos e diferentes caminhos
bifurcados nos olhos
estéreis de ignorados amantes
sobre a noite recrio luzes
sobrecarregados dias apagados
em amores deslizantes
as mãos e os pés
que o corpo é lindo
na entrega consciente
o raio instantâneo
das músicas trazidas
por trilhas indizíveis
quebro a cabeça
no sofrimento
de chegar perto
e sufocar a bondade
tépida do beijo
inexequível o fato
esboroa em contragostos
e outros desgostos
iniciais em monogramas
escrevem nomes
para toda a vida
frutos amadurecem
no que são guardados
e vasos transbordam
seus pós
nos pensamentos a importância
transmudada em ofensas
de profusas perguntas
irrespondíveis
amados momentos
preocupados de carinhos
trazidos nos chamados
da noite induzida
em saudade
raios são passagens
elétricas do dedizer
e da desdita
areais
cavernovas passagens
de trens de ferro ultrapassados
em medidas
de pouca velocidade
com que o destino
aponta e arrasta
suas mortas asas
onde a firmeza
com que os santos
nos sobrevoam
em encantos?
sobre a cabeça
a hora perpendicular
em que sinos abominam
o silêncio desdobrado
e nos avisam do atraso
quebro a cabeça
e não me importam
consequências
imaginadas
em secas maneiras
de me dizer presente.
(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vl. V, Edição do Autor)
terça-feira, 21 de junho de 2011
O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS
Onde os pássaros
que repousam
no telhado
nos finais de tarde?
Espantados como representação
da maldade suas presenças desequilibram
as lembranças e assustam os vizinhos.
Espantalho
pelo vidro da janela
olho o telhado deserto
e repito a pergunta
os pássaros não se apresentam
e não há resposta.
(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS, Vol. II, 41, Edição do Autor)
que repousam
no telhado
nos finais de tarde?
Espantados como representação
da maldade suas presenças desequilibram
as lembranças e assustam os vizinhos.
Espantalho
pelo vidro da janela
olho o telhado deserto
e repito a pergunta
os pássaros não se apresentam
e não há resposta.
(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS, Vol. II, 41, Edição do Autor)
domingo, 19 de junho de 2011
APRENDENDO A VOLTAR
tenho as incertezas que cercam os endereços
desaparecidos em novas construções: corredores
alongados em passos, janelas
descobertas em vidros
engrossados em poeiras
chegar e encontrar aberta a porta
impenetrável: saber entrar e sair
no tempo de criar coragem e se lançar
como corpo frágil. Aguento calado dúvidas
recorrentes e no alçapão do pássaro cesso
o voo: agora a certeza se instala
sob árvores verdejantes
- o verde simboliza
algo que não lembro.
(Pedro Du Bois, APRENDENDO A VOLTAR, VII, Edição do Autor)
desaparecidos em novas construções: corredores
alongados em passos, janelas
descobertas em vidros
engrossados em poeiras
chegar e encontrar aberta a porta
impenetrável: saber entrar e sair
no tempo de criar coragem e se lançar
como corpo frágil. Aguento calado dúvidas
recorrentes e no alçapão do pássaro cesso
o voo: agora a certeza se instala
sob árvores verdejantes
- o verde simboliza
algo que não lembro.
(Pedro Du Bois, APRENDENDO A VOLTAR, VII, Edição do Autor)
sexta-feira, 17 de junho de 2011
TERRA
A cidade
apaga
a terra
subsolo
sob nada
sobretudo
a cidade
esconde
a terra
esterilizada
em camadas
concretadas
a terra ressurge
sobre os escombros.
(Pedro Du Bois, CASAS EM PEDRAS, Edição do Autor)
apaga
a terra
subsolo
sob nada
sobretudo
a cidade
esconde
a terra
esterilizada
em camadas
concretadas
a terra ressurge
sobre os escombros.
(Pedro Du Bois, CASAS EM PEDRAS, Edição do Autor)
quarta-feira, 15 de junho de 2011
A CASA EM PROCURAS
Fala do que não entende
repete os pontos: reconta
diz de tudo um pouco
confunde a platéia com citações
distrai a todos em combinações estéreis
atrai a atenção com palavras chulas
fala do que não compreende
reconta os pontos
enquanto se repete
diz do mundo e da casa: confuso
sobre a mulher amada
distraída entre pares
aborrecida enquanto fala
fala do desinteresse
em que não se repete: reconta.
(Pedro Du Bois, A CASA EM PROCURAS, Edição do Autor)
repete os pontos: reconta
diz de tudo um pouco
confunde a platéia com citações
distrai a todos em combinações estéreis
atrai a atenção com palavras chulas
fala do que não compreende
reconta os pontos
enquanto se repete
diz do mundo e da casa: confuso
sobre a mulher amada
distraída entre pares
aborrecida enquanto fala
fala do desinteresse
em que não se repete: reconta.
(Pedro Du Bois, A CASA EM PROCURAS, Edição do Autor)
segunda-feira, 13 de junho de 2011
VERDADES & MENTIRAS
Verdades
ritos perpetuam o sentido
em oferendas podres
pobres
do renascimento
e no ressarcimento
dos danos infligidos
inverdades
trocadas em miúdas notas
de dinheiro sujo
no contato diário
das mãos
toscas com que o artesão
empreende seu trabalho
de imitação da arte
descola a realidade
e a diz imprecisa
no juízo
que se declara
suspeito
na sentença
o físico avantajado do atleta
vergado sobre o peso
do corpo
endurecido
pelo tempo
na verdade sobra quase nada
de tudo o que é dito
e o violão seco e rascante
é maior do que a música
por isso o canto
ecoa
na voz da mulher
não amada
triste na passagem
rápida da fama
e do descaso
avança as palavras
a dizer da essência
e retorna ao anonimato
onde a ciência pesquisa
novos gritos
cores
pássaros em substituição
aos extintos
ressurgidos
fênix encontrados
na próxima feira
de abjetos
mente os olhos que não veem
concorda com a visão
e retorna em ondas
toma o leito da estrada
o veio da entrada
a mina oferecida
na escuridão
da galeria
onde os passos
se ouvem ao longe
enternece a música
a voz se cala
o final da fala
afina o fim
princípio
em versos
inanimados espantalhos
ante a porta
atentos espalham
pássaros ao vento
verdades
óbices de imagens
aplainadas de destinos
incultos e nem tão belos
palavras espalhadas
em folhetos pobres
podres textos
verdades
mudam o ritmo da festa
infestam a casa em asas
correm as madeiras
que sustentam o solo
onde a casa desaba
sobre o sentido
da língua entre elementos
desconhecidos
filósosos dizem
sobre tecidas
lãs cardadas
encordoados tons
sobre outros tons
sobre diversos tons
atonais
mínima hora de lembranças
fecham as janelas
antes entre a luz
e o vento desmanche
o castelo sobre a mesa
em última frase
e crise
mentiras destravadas em tiros
metralhas ilógicas
dos desencontros
onde um está
o outro falha
fartos estão
em si mesmos
o dia finaliza em carros que voltam
dos trabalhos e trazem os restos
e o cheiro ruim daqueles locais
guardados em mofos e focos
de insetos
o ganha pão
e o galã no café da esquina
destila sua última dose
avança a senha digitada
e asteriscos criam formas
prontas para entrar na tela
e a transformar em outro mundo
de desnudada alma
presa na cadeira
na escrivaninha
no guichê
onde o sujo dinheiro
transita o dia
mente a sensação de outrora
e a voz se repete na música
sendo outra a letra
a diva e a dúvida sobrepostas
ante ouvidos poucos
para tantos barulhos
trazidos de fora
é dever de casa
ficar calado
e ouvir o outro
ameniza a situação na baforada
com que apaga
o pouco da saudade
restam cigarros
antes que a doença
anunciada resplandeça
e retire sua paz
na tosse e na dor
com que se refugia
da fúria instalada
no que propaga
mente para si
o acaso do encontro
acasalado casal
acometido do sexo
limpo e fora de casa
seu desejo de encontrar
a amante sobre a cama
verdades
apenas verdades.
(Pedro Du Bois, VERDADES & MENTIRAS, Edição do Autor)
ritos perpetuam o sentido
em oferendas podres
pobres
do renascimento
e no ressarcimento
dos danos infligidos
inverdades
trocadas em miúdas notas
de dinheiro sujo
no contato diário
das mãos
toscas com que o artesão
empreende seu trabalho
de imitação da arte
descola a realidade
e a diz imprecisa
no juízo
que se declara
suspeito
na sentença
o físico avantajado do atleta
vergado sobre o peso
do corpo
endurecido
pelo tempo
na verdade sobra quase nada
de tudo o que é dito
e o violão seco e rascante
é maior do que a música
por isso o canto
ecoa
na voz da mulher
não amada
triste na passagem
rápida da fama
e do descaso
avança as palavras
a dizer da essência
e retorna ao anonimato
onde a ciência pesquisa
novos gritos
cores
pássaros em substituição
aos extintos
ressurgidos
fênix encontrados
na próxima feira
de abjetos
mente os olhos que não veem
concorda com a visão
e retorna em ondas
toma o leito da estrada
o veio da entrada
a mina oferecida
na escuridão
da galeria
onde os passos
se ouvem ao longe
enternece a música
a voz se cala
o final da fala
afina o fim
princípio
em versos
inanimados espantalhos
ante a porta
atentos espalham
pássaros ao vento
verdades
óbices de imagens
aplainadas de destinos
incultos e nem tão belos
palavras espalhadas
em folhetos pobres
podres textos
verdades
mudam o ritmo da festa
infestam a casa em asas
correm as madeiras
que sustentam o solo
onde a casa desaba
sobre o sentido
da língua entre elementos
desconhecidos
filósosos dizem
sobre tecidas
lãs cardadas
encordoados tons
sobre outros tons
sobre diversos tons
atonais
mínima hora de lembranças
fecham as janelas
antes entre a luz
e o vento desmanche
o castelo sobre a mesa
em última frase
e crise
mentiras destravadas em tiros
metralhas ilógicas
dos desencontros
onde um está
o outro falha
fartos estão
em si mesmos
o dia finaliza em carros que voltam
dos trabalhos e trazem os restos
e o cheiro ruim daqueles locais
guardados em mofos e focos
de insetos
o ganha pão
e o galã no café da esquina
destila sua última dose
avança a senha digitada
e asteriscos criam formas
prontas para entrar na tela
e a transformar em outro mundo
de desnudada alma
presa na cadeira
na escrivaninha
no guichê
onde o sujo dinheiro
transita o dia
mente a sensação de outrora
e a voz se repete na música
sendo outra a letra
a diva e a dúvida sobrepostas
ante ouvidos poucos
para tantos barulhos
trazidos de fora
é dever de casa
ficar calado
e ouvir o outro
ameniza a situação na baforada
com que apaga
o pouco da saudade
restam cigarros
antes que a doença
anunciada resplandeça
e retire sua paz
na tosse e na dor
com que se refugia
da fúria instalada
no que propaga
mente para si
o acaso do encontro
acasalado casal
acometido do sexo
limpo e fora de casa
seu desejo de encontrar
a amante sobre a cama
verdades
apenas verdades.
(Pedro Du Bois, VERDADES & MENTIRAS, Edição do Autor)
sábado, 11 de junho de 2011
O DIA (A)FINAL
A música percebida na dança
de inigualável (adjetivo) graça
casual do encontro. Dança o ritual
dos poetas na finalização espectral
do ser: o verso ritmado ao longe
e o perto absorto em lugares desfeitos.
Constante música antecipada
ao combate e à entrega.
(Pedro Du Bois, O DIA (A)FINAL, 3, Edição do Autor)
de inigualável (adjetivo) graça
casual do encontro. Dança o ritual
dos poetas na finalização espectral
do ser: o verso ritmado ao longe
e o perto absorto em lugares desfeitos.
Constante música antecipada
ao combate e à entrega.
(Pedro Du Bois, O DIA (A)FINAL, 3, Edição do Autor)
quinta-feira, 9 de junho de 2011
O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS
O gosto sobre as questões responsáveis, escuro
tempo das tentações na limitação a baratear os corpos
e extrair a seiva e o seixo caído sobre a estrada
onde passa - sim, um dia - ao encontro dos desgostos;
pássaros aziagos e entremeios em choros;
choupanas de serenas faces; olha e observa
o encontro da água com a terra: margens sabem
a limitação das coisas; o choque e o amainar das paixões
servis de espíritos menores; menores os temporais
deixados para trás; o futuro aumenta as possibilidades
de ser novamente criança, vinda das séries
mentalizadas: fadas e gnomos, os gomos da laranja
como se mordiscam as frutas, o sumo escorre
pelas vestes, pestes invadem espaços e cores
impressionam a tela - branca e imaculada - como
vozes em gargantas estanques de súbitas
orações e oradas; silvestres espíritos dos deuses
descorados, descoloridos, desesperados em predições;
não se vá, dizem as vozes, fique e participe do sacrifício;
insentatos sacrilégios na abertura ao novo, o engodo
com que castigam os cegos; repete o verbo,
simula canções de outrora sem o tom certeiro.
(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS, Vol. I, Edição do Autor)
tempo das tentações na limitação a baratear os corpos
e extrair a seiva e o seixo caído sobre a estrada
onde passa - sim, um dia - ao encontro dos desgostos;
pássaros aziagos e entremeios em choros;
choupanas de serenas faces; olha e observa
o encontro da água com a terra: margens sabem
a limitação das coisas; o choque e o amainar das paixões
servis de espíritos menores; menores os temporais
deixados para trás; o futuro aumenta as possibilidades
de ser novamente criança, vinda das séries
mentalizadas: fadas e gnomos, os gomos da laranja
como se mordiscam as frutas, o sumo escorre
pelas vestes, pestes invadem espaços e cores
impressionam a tela - branca e imaculada - como
vozes em gargantas estanques de súbitas
orações e oradas; silvestres espíritos dos deuses
descorados, descoloridos, desesperados em predições;
não se vá, dizem as vozes, fique e participe do sacrifício;
insentatos sacrilégios na abertura ao novo, o engodo
com que castigam os cegos; repete o verbo,
simula canções de outrora sem o tom certeiro.
(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS, Vol. I, Edição do Autor)
terça-feira, 7 de junho de 2011
A NECESSÁRIA PARTIDA
Aceno no reconhecimento ao adeus
do pranto: ir embora no rompimento
amigável e hostil do ato de partida
aceno e evito olhar o passado
esqueço o travo e desconsidero a hora
que partir é mergulhar o horizonte
ao fosco cansaço do corpo presente
refaço trajetos em acenos
e revolto o corpo
(sonhos permanecem nas paredes
onde insone passeio minha vontade)
não aguardo: ofereço a entrada
e desapareço na estrada. Pago a passagem
no suor da espera e me reconforto no trajeto
(lembro a imagem errante do espelho
e me pergunto se há outra reflexo)
ir embora na culpa de não ficar:
reflexiono sentimentos e me faço inteiro
na oportunidade do aspecto e no despropósito
entrevejo a bruma e no escuro tempo
sou louco
cego
surdo
mudo desalento
(trancado em anos esgano a vontade
e faço do pássaro o espaço vago
na utilização do corpo)
volto ao tempestuoso dos que ficam
em andarilho trajeto na cristalização da terra
os pés na escalada: cair e levantar
na necessária alteração da dificuldade
(deixo folhas em veredicto: palavras
não suprem o necessário ver o mundo
com meus olhos)
ergo o punho em vingança: sair
avantaja o ser aos que ficam.
(Pedro Du Bois, A NECESSÁRIA PARTIDA, Vol. I, Edição do Autor)
do pranto: ir embora no rompimento
amigável e hostil do ato de partida
aceno e evito olhar o passado
esqueço o travo e desconsidero a hora
que partir é mergulhar o horizonte
ao fosco cansaço do corpo presente
refaço trajetos em acenos
e revolto o corpo
(sonhos permanecem nas paredes
onde insone passeio minha vontade)
não aguardo: ofereço a entrada
e desapareço na estrada. Pago a passagem
no suor da espera e me reconforto no trajeto
(lembro a imagem errante do espelho
e me pergunto se há outra reflexo)
ir embora na culpa de não ficar:
reflexiono sentimentos e me faço inteiro
na oportunidade do aspecto e no despropósito
entrevejo a bruma e no escuro tempo
sou louco
cego
surdo
mudo desalento
(trancado em anos esgano a vontade
e faço do pássaro o espaço vago
na utilização do corpo)
volto ao tempestuoso dos que ficam
em andarilho trajeto na cristalização da terra
os pés na escalada: cair e levantar
na necessária alteração da dificuldade
(deixo folhas em veredicto: palavras
não suprem o necessário ver o mundo
com meus olhos)
ergo o punho em vingança: sair
avantaja o ser aos que ficam.
(Pedro Du Bois, A NECESSÁRIA PARTIDA, Vol. I, Edição do Autor)
domingo, 5 de junho de 2011
DOS AMORES
Não estamos juntos
cama vazia
sem teu perfume
e cheiro.
Ainda ouço teus gritos
dilacerados em xingamentos.
Discussão atoa
como todas
quando principiam.
Teu dedo em riste
tua mão sobre a minha face.
Não há sentido na agressão
sofrida: nossa punição.
(Pedro Du Bois, DOS AMORES, 21, Edição do Autor)
cama vazia
sem teu perfume
e cheiro.
Ainda ouço teus gritos
dilacerados em xingamentos.
Discussão atoa
como todas
quando principiam.
Teu dedo em riste
tua mão sobre a minha face.
Não há sentido na agressão
sofrida: nossa punição.
(Pedro Du Bois, DOS AMORES, 21, Edição do Autor)
sexta-feira, 3 de junho de 2011
A ÁRVORE PELA RAIZ
Sente passar
o tempo (altura e peso)
e fica no solo o instante
desproporcionado.
Sente o tempo ofertado: a raiz
espera a tempestade.
(Pedro Du Bois, a Árvore pela Raiz, 3, Edição do Autor)
o tempo (altura e peso)
e fica no solo o instante
desproporcionado.
Sente o tempo ofertado: a raiz
espera a tempestade.
(Pedro Du Bois, a Árvore pela Raiz, 3, Edição do Autor)
quinta-feira, 2 de junho de 2011
quarta-feira, 1 de junho de 2011
TRÂNSFUGA
Alguém em quem encostar o rosto.
Carícias e beijos.
Quem não me fere a face
apenas alisa meus cabelos.
Mesmo com as mãos paradas
move o corpo e desalinha a roupa.
A paixão derruba barreiras
e eterniza o gesto.
Banal o sentido: estivesse
a face tão perto.
Voracidade e vivacidade.
Último beijo ante a fuga:
trânsfuga de poucos horários.
(Pedro Du Bois, DAS DISTÂNCIAS PERMANENTES, Edição do Autor)
Carícias e beijos.
Quem não me fere a face
apenas alisa meus cabelos.
Mesmo com as mãos paradas
move o corpo e desalinha a roupa.
A paixão derruba barreiras
e eterniza o gesto.
Banal o sentido: estivesse
a face tão perto.
Voracidade e vivacidade.
Último beijo ante a fuga:
trânsfuga de poucos horários.
(Pedro Du Bois, DAS DISTÂNCIAS PERMANENTES, Edição do Autor)