terça-feira, 22 de dezembro de 2009

VAZIOS

A resposta vaga
de questões imprecisas
imperfeitas figuras
de rebocos e paredes
de inteiras separações
na vaga sensação
que se apressa
e represa

o silêncio vago
de campos inocentados
na podridão e vastidão
em que questões menores
sobrepostas ao efêmero
traduzem o tardar

o avançar silencioso
em que se arrepende
no tardio verão
da inconsolável maneira
de se dizer vazio

espera o cantar do sino em dobradas
situações de outrora e de sempre
como vozes em alto-falantes
dizendo das promessas
em nuvens dissuadidas
de vazias horas permanentes

o passado responde a questão
não perguntada como o curioso
alertas seus olhos aos detalhes
do passar em vagas maneiras
de se dizer presente

o tenebroso instante em que o silêncio
se faz encanto
pouco antes
de se declarar culpado
em vazio significado
no orgulho acrescentado
ao estame com que se mortifica
em flores transplantadas
aos canteiros centrais

esvazia o olhar e turva as mãos
sobre o caído corpo
de quem conhece o destino
e não interfere em sua vontade

o repelente ser ancorado em mares
distribuídos entre continentes
vivenciados por espécies extintas
em epidemais
dos vazios trazidos
e para o nada reencaminhados

avalia o peso e o sentido
em situações limites
onde o corpo dói cada movimento
anterior ao próximo
e o vazio se traduz
novamente
novamente
novamente

o saber diluído em água e vinho
misturados em copos estanhados
do que não irá mais ver
ou alcançar: vazias cenas
de palhaços estáticos
no alisamento constante
dos amantes

saber que o acordar não responde
à pergunta não pronunciada
sabida à guisa de explicações
baratas e esvaziadas de sentidos
repostos em cada passo
ao ardor inicial

o vazio se faz tarde
em respostas vagas.

(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Volume III)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

MÃO

A mão do menino
movimenta a água

concêntricas ondas
se afastam

seus olhos buscam as ondas
onde barcos vão embora
de sua vista

sua mão aquieta a água
e os barcos aguardam
a sua vida.

(Pedro Du Bois, AS MÃOS EM CENA)

sábado, 12 de dezembro de 2009

A PRIMEIRA CASA

31
A casa exige sua liberdade. Imóvel sobre a terra,
sapateada ao solo. Firme em sua presença liberta
o erro estrutural e se aquece ao fogo da cozinha.
Deixa o tempo passar até que se resuma em dias
o todo completado. A liberdade é objeto do socorro:
livrar-se dos corpos acostumados ao conforto
e da sujeira acumulada em latas de lixo. Ser livre
na consciência do dever cumprido.

(Pedro Du Bois, A CONCRETUDE DA CASA)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

AMARES

Não rever
a figura humana
trazida
em berço
ou barco

saber do desencontro
começado hoje

não sentir tristeza
da saudade vista
em seus olhos

o esquecimento cobre os passos
desajustados dos não amantes
inconfessados em tempos
vazios de humanidades.

(Pedro Du Bois, AMARES)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

OLIMPIADAS

A voz disse: não há competição
e os homens sobre a terra
dividem os louros

vitórias são vidas diárias
de realizações e promessas
sobre as quais se assentam
regras de convivência
e amizade

são esquecidas as partidas
e as chegadas: prevalece
o trajeto em que juntos
os homens são
seus próprios caminhos

esqueçam as medalhas: metais
têm nobres utilidades
em artefatos e adornos
sobre os corpos.

(Pedro Du Bois, A INCERTEZA DA VIDA)

sábado, 5 de dezembro de 2009

ALEGRIAS

Alegro-me, a desgraça passa
no vento em que se renovam
os ares

secam as roupas
ressecam os barros
vidas caem e quebram
no estardalhaço dos sons
ouvidos ao longe e perto

desgraça evitada na passagem
com que o tempo esmaece os fatos
em meras lembranças intemporais

alegro-me com o vento revolvendo os cabelos
cortando a respiração
na hora esperada das desgraças.

(Pedro Du Bois, A ILUSÃO DOS FATOS)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MAR ABERTO

A luz do farol
informa o caminho

tardio o barco
exposto ao vento

entrementes
no convés penso
outros rumos

estrelas não acompanham
a viagem

a luz do farol
corta a embarcação

pedaços de sonhos
perdidos em pedras.

(Pedro Du Bois, MAR ABERTO)

QUINTA POÉTICA 26.11.2009

por favor, acessem:

http://www.youtube.com/watch?y=Sc41Xgi6x21

http://www.youtube.com/watch?y=9GNcNXKO3T4

http://www.youtube.com/watch?y=1rHg3yHUzeA

minha participação na Quinta Poética, em 26.11.2009, na Casa das Rosas,
São Paulo, organizado pela Escrituras Editora, tendo por anfitrião o poeta
Celso de Alencar.

agradeço.