Se achares que sou o poeta
contemporâneo
de todos os outros
sou o louco
vendedor de verdes
folhas
imprecisas
sou também o sério senhor
das boas tardes
e do dominó jogado
nos bancos de pedra
não sou o poeta louco
em versos de saudades
nem das águas cálidas
onde murcham as flores
verdes folhas vendidas
pelo louco que atravessa as imagens.
(Pedro Du Bois, em A HORA SUSPENSA)
segunda-feira, 27 de julho de 2009
domingo, 26 de julho de 2009
SURPRESAS
Das surpresas guarda o espanto
com que se descobre
além do mistério
ileso corpo
sobrestado
ao instante.
(Pedro Du Bois, em DESENREDOS)
com que se descobre
além do mistério
ileso corpo
sobrestado
ao instante.
(Pedro Du Bois, em DESENREDOS)
sexta-feira, 24 de julho de 2009
A PEDRA DESCORTINADA
A bruxa demonstra sua gravidez
indesejada: pétrea maneira de responder
pelo príncipe em sua espera: ao nascer
o filho se torna a maldade da mãe
ou retorna ao início onde o bem
emana. A saudade determina. O grito
ouvido ao longe. A bruma sabe
da espera e aguarda o tempo
em que a história se faz mistério.
Ordens e tambores no avanço
das tropas. O príncipe comanda
o exército e a bruxa conhece
o caminho da corda
e da fogueira.
O sacrifício da mãe
no instante em que nasce
o príncipe. A história
e as pedras ficam
na enseada
como aviso
e recado.
(Pedro Du Bois, em A PEDRA DESCORTINADA)
indesejada: pétrea maneira de responder
pelo príncipe em sua espera: ao nascer
o filho se torna a maldade da mãe
ou retorna ao início onde o bem
emana. A saudade determina. O grito
ouvido ao longe. A bruma sabe
da espera e aguarda o tempo
em que a história se faz mistério.
Ordens e tambores no avanço
das tropas. O príncipe comanda
o exército e a bruxa conhece
o caminho da corda
e da fogueira.
O sacrifício da mãe
no instante em que nasce
o príncipe. A história
e as pedras ficam
na enseada
como aviso
e recado.
(Pedro Du Bois, em A PEDRA DESCORTINADA)
quarta-feira, 22 de julho de 2009
BREVES GESTOS
Se as palavras encantam
o menino
sai a brincar com elas
comunhão entre corpo
e espírito
hora em que a bicicleta
libera o corpo
o vento no rosto
conduz o corpo
a história
é seu próprio corpo
no encantamento do menino
sintetizando milhares de anos
culturais
o princípio
se apropria e permanece.
(Pedro Du Bois, em BREVES GESTOS)
o menino
sai a brincar com elas
comunhão entre corpo
e espírito
hora em que a bicicleta
libera o corpo
o vento no rosto
conduz o corpo
a história
é seu próprio corpo
no encantamento do menino
sintetizando milhares de anos
culturais
o princípio
se apropria e permanece.
(Pedro Du Bois, em BREVES GESTOS)
segunda-feira, 20 de julho de 2009
VIR
...
vir como viesse do nada
e sempre estivesse a caminhar
sereno ante a tempestade
avizinhada em lágrimas
decompostas nas histórias
repetidas pela mulher que tece
seus panos e suas toalhas
e nelas repousa a face
serena dos desesperos
quando não há mais nada a ser feito
o desespero se mascara em finas teias
onde aranhas perdem o rumo
despencando sob as solas
dos sapatos que as pisam
...
(Pedro Du Bois, em POETA em OBRAS, Vol. VI, fragmento)
vir como viesse do nada
e sempre estivesse a caminhar
sereno ante a tempestade
avizinhada em lágrimas
decompostas nas histórias
repetidas pela mulher que tece
seus panos e suas toalhas
e nelas repousa a face
serena dos desesperos
quando não há mais nada a ser feito
o desespero se mascara em finas teias
onde aranhas perdem o rumo
despencando sob as solas
dos sapatos que as pisam
...
(Pedro Du Bois, em POETA em OBRAS, Vol. VI, fragmento)
quarta-feira, 15 de julho de 2009
LUÍSA
VIII
Júlia brinca: sabe da existência
do que não apreende (ainda).
Seus gestos ecoam
a solicitude do encontro.
Antes brinca sua inocência.
A avó sorri confianças
e eu
descrevo o acolhimento.
(Pedro Du Bois, em LUÍSA)
Júlia brinca: sabe da existência
do que não apreende (ainda).
Seus gestos ecoam
a solicitude do encontro.
Antes brinca sua inocência.
A avó sorri confianças
e eu
descrevo o acolhimento.
(Pedro Du Bois, em LUÍSA)
terça-feira, 14 de julho de 2009
CANTOS
1
Diversa na multidão
a criança, isolada,
canta em voz baixa:
"Água quente
água quente
passo molhado
passo pra frente."
A água cobre seus pés
e reflui o sorriso em sua face.
Cadenciadamente
repete o canto.
(Pedro Du Bois, em A OBRA NUA, 2º Ato, fragmento)
Diversa na multidão
a criança, isolada,
canta em voz baixa:
"Água quente
água quente
passo molhado
passo pra frente."
A água cobre seus pés
e reflui o sorriso em sua face.
Cadenciadamente
repete o canto.
(Pedro Du Bois, em A OBRA NUA, 2º Ato, fragmento)
segunda-feira, 13 de julho de 2009
APRENDENDO A VOLTAR
II
Revolta a água
teima em ficar
dentro da vasilha
ondas impedem
a visão
do fundo
revolto o tempo
ao aprendizado
e me digo
esquecido
das vinganças
esquecer o castigo
é começar a aprender.
(Pedro Du Bois, em APRENDENDO A VOLTAR)
Revolta a água
teima em ficar
dentro da vasilha
ondas impedem
a visão
do fundo
revolto o tempo
ao aprendizado
e me digo
esquecido
das vinganças
esquecer o castigo
é começar a aprender.
(Pedro Du Bois, em APRENDENDO A VOLTAR)
domingo, 12 de julho de 2009
O LIXO REVOLVIDO
A permanência simula
o passar de olhos
objetivos escassos
de palavras, a cerimônia
de aproximação, oráculos
ensandecidos: os degraus da escada
conduzem passos, descompassados
no subir e descer, bifurcados
caminhos do desconhecimento,
o perigo do encontro, o cruzamento
como resposta, o passar os olhos
rápidos contatos e a fuga sobreposta
em ressacas: passado, desconsolo
pelo instante fugaz, não há nada
no amanhã: a permanência
dos papéis na lata de lixo.
(Pedro Du Bois, em O LIXO REVOLVIDO)
o passar de olhos
objetivos escassos
de palavras, a cerimônia
de aproximação, oráculos
ensandecidos: os degraus da escada
conduzem passos, descompassados
no subir e descer, bifurcados
caminhos do desconhecimento,
o perigo do encontro, o cruzamento
como resposta, o passar os olhos
rápidos contatos e a fuga sobreposta
em ressacas: passado, desconsolo
pelo instante fugaz, não há nada
no amanhã: a permanência
dos papéis na lata de lixo.
(Pedro Du Bois, em O LIXO REVOLVIDO)
sábado, 11 de julho de 2009
RETORNO I
..
o peregrino aprisionado
pássaro em areias
charcos
florestas
a prisão se fecha
em si mesma
dos meus pecados
sou estranho personagem
aproximado aos poucos
na cautela dos passos lentos
...
(Pedro Du Bois, em POETA em OBRAS VIII, fragmento)
o peregrino aprisionado
pássaro em areias
charcos
florestas
a prisão se fecha
em si mesma
dos meus pecados
sou estranho personagem
aproximado aos poucos
na cautela dos passos lentos
...
(Pedro Du Bois, em POETA em OBRAS VIII, fragmento)
sexta-feira, 10 de julho de 2009
NEVAR
Nada sinto
diante da montanha
longe o branco
nada me diz
estrangeiro
sou por inteiro
o barulho
do condicionador
de ar
a montanha
longe
vaga lembrança
infeliz.
(Pedro Du Bois, em A INCERTEZA DA VIDA)
diante da montanha
longe o branco
nada me diz
estrangeiro
sou por inteiro
o barulho
do condicionador
de ar
a montanha
longe
vaga lembrança
infeliz.
(Pedro Du Bois, em A INCERTEZA DA VIDA)
quinta-feira, 9 de julho de 2009
COISAS
Continuo acordado
enquanto a casa dorme
e o sono
injusto dos instantes
se transforma no desencanto
de olhar as paredes
e a cidade imersa
em silêncio
os cães que latem
são as diferentes coisas
que me fazem perceber
a necessidade do sono
na restauração das imagens
diurnas das tragédias
não há tragédia na noite igual
ao silêncio elencado pelo corpo
na substituição do não repetido.
(Pedro Du Bois, em OS CÃES QUE LADRAM)
enquanto a casa dorme
e o sono
injusto dos instantes
se transforma no desencanto
de olhar as paredes
e a cidade imersa
em silêncio
os cães que latem
são as diferentes coisas
que me fazem perceber
a necessidade do sono
na restauração das imagens
diurnas das tragédias
não há tragédia na noite igual
ao silêncio elencado pelo corpo
na substituição do não repetido.
(Pedro Du Bois, em OS CÃES QUE LADRAM)
quarta-feira, 8 de julho de 2009
PROMESSAS
...
o quarto desfeito
em camas desarrumadas
a luz acesa e a mala junto à porta:
promessas de infelizes maneiras de ir embora
o pássaro entra pela janela e se apavora:
se debate no que entende ser seu trajeto
sangra a ave: sangram corações infelicitados
que não podem cobrar as promessas
sangram corpos atingidos pela arma
cruel
e sanguinária
necessária ao alcance dos cumprimentos.
(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, vol. VII, fragmento)
o quarto desfeito
em camas desarrumadas
a luz acesa e a mala junto à porta:
promessas de infelizes maneiras de ir embora
o pássaro entra pela janela e se apavora:
se debate no que entende ser seu trajeto
sangra a ave: sangram corações infelicitados
que não podem cobrar as promessas
sangram corpos atingidos pela arma
cruel
e sanguinária
necessária ao alcance dos cumprimentos.
(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, vol. VII, fragmento)
terça-feira, 7 de julho de 2009
PASSOS
Escuto o som
decifrada rua
nua a pedra
onde trafego
tropeço
sério
seco passo
o som traz a lembrança
antecipa a desconfiança
com que se mostra ao novo
indecifrável a rua muda o passo
de quem passa
escolhendo a pisada
trôpega séria empertigada
o som completa o quadro
onde o medo esconde
o sentido e o fracasso.
(Pedro Du Bois, em A ILUSÃO DOS FATOS)
decifrada rua
nua a pedra
onde trafego
tropeço
sério
seco passo
o som traz a lembrança
antecipa a desconfiança
com que se mostra ao novo
indecifrável a rua muda o passo
de quem passa
escolhendo a pisada
trôpega séria empertigada
o som completa o quadro
onde o medo esconde
o sentido e o fracasso.
(Pedro Du Bois, em A ILUSÃO DOS FATOS)
segunda-feira, 6 de julho de 2009
O POETA E AS PALAVRAS
Poesias
transcendem
as palavras:
amizade
realização
amor
esperança
perdão.
Polir a pedra:
primeiro poema.
(Pedro Du Bois, em O POETA E AS PALAVRAS)
transcendem
as palavras:
amizade
realização
amor
esperança
perdão.
Polir a pedra:
primeiro poema.
(Pedro Du Bois, em O POETA E AS PALAVRAS)
domingo, 5 de julho de 2009
DEFENDER
Do metal, a têmpera
com que forja a arma
alma irresolúvel
onde a montanha
desbastada, destruída
mostra das entranhas
a terra restante
sua alma
arma inviolada
das defesas.
(Pedro Du Bois, em DESENREDOS)
com que forja a arma
alma irresolúvel
onde a montanha
desbastada, destruída
mostra das entranhas
a terra restante
sua alma
arma inviolada
das defesas.
(Pedro Du Bois, em DESENREDOS)
sexta-feira, 3 de julho de 2009
A LUZ DESPOSSUÍDA
A luz solar
o luar
o lume
o vaga-lume
a lamparina
as sombras do acontecido
na urgência da emergência
a lâmpada utilitária
acesa na noite
insone.
(Pedro Du Bois, em A LUZ DESPOSSUÍDA)
o luar
o lume
o vaga-lume
a lamparina
as sombras do acontecido
na urgência da emergência
a lâmpada utilitária
acesa na noite
insone.
(Pedro Du Bois, em A LUZ DESPOSSUÍDA)